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Sai Centeno e engole-se a TAP e a Efacec

por Maria Teixeira Alves, em 09.07.20

Centeno rejeita conflito de interesses. “Não conseguia emprego em ...

Parece cada vez mais evidente que a saída de Mário Centeno do Ministério das Finanças não se deve a um "fim do ciclo", deve-se sim à necessidade de tomar medidas caras às contas públicas. 

Mário Centeno sai das Finanças, mais de um mês antes de acabar o seu mandato no Eurogrupo. Porquê? Estava tudo combinado e de repente, nesse dia ia ao Parlamento uma lei sobre a sua ida para o Banco de Portugal. Teve que antecipar o anúncio de saída, pois era conveniente demitir-se do Governo antes que a lei fosse pública, para que não se dissesse que se demitiu do Governo em reação à lei.

Repare-se Mário Centeno anuncia que vai sair do Ministério das Finanças, no dia 6 de junho, horas antes da votação da generalidade da proposta de lei do PAN, que impõe um período de nojo de 5 anos para um Ministro das Finanças passar diretamente para o cargo de Governador do Banco de Portugal.

Se tivesse sido lei, e já se sabe que não vai ser, o ministro das Finanças cessante, Mário Centeno, teria de esperar cinco anos para transitar para o Banco de Portugal. Esta proposta não podia passar a lei.

Mário Centeno há muito que tinha combinado com António Costa sair das Finanças, apresentou o Orçamento Suplementar e já nem o defendeu, saiu, tal como combinado.  É que António Costa tinha uma nova coqueluche no Governo, Pedro Siza Vieira, menos político que Centeno, mais gestor.

De repente começaram a aparecer os "bancos" do Governo PS: a TAP e a Efacec. Sim, porque estas duas empresas estão para o Governo de Costa, como o BES e o Banif estiveram para o Governo de Pedro Passos Coelho. Pela boca morre o peixe e Centeno não quis levar com essa chapada. 

Então saiu para que nacionalizassem como bem lhe aprouvessem, mas sem o seu consentimento. Saiu e pediu o lugar do seu arqui-inimigo Carlos Costa em troca, e teve-o. 

Carlos Costa acabou o mandato no dia 8 de julho. Diz-se que quando Mário Centeno pediu um gabinete provisório na Almirante Reis, para regressar como quadro que sempre foi do banco central, nem se dignou a ir ter com o Governador que tutelou desde 2015 (muito contra a sua vontade) para se apresentar ao serviço.

A passagem de pastas entre Governadores vai ter de ser feita por meios digitais provavelmente, para evitar a distância social que já se impunha entre ambos, muito antes da Covid-19.

Tudo se cumpriu como combinado. Os dados lançados. O xadrez jogado. A lei anti-Centeno morreu nos primeiros dias de vida, com os partidos da oposição combinados com o Governo para a matar.  

Centeno vai para o Banco de Portugal. Pedro Nuno Santos engole a TAP (são todos muito favoráveis às nacionalizações até que elas lhe caem no colo, aí começam a queixar-se da falta de capitalismo).

Pedro Siza Vieira salva a Efacec que fabrica baterias e transformadores. Pode ser que se possa usar a Efacec para dinamizar o tal carro eléctrico de que o Ministro do Ambiente é apologista. 

Vais custar caro? Vai. Mais caro que o Novo Banco e talvez mais caro que o Banif, ambos tão criticados pelo atual Governo, sobretudo por António Costa, Centeno e Pedro Nuno Santos.

Lembro que a nacionalização do BPN (uma banqueta) em 2008, durante outro governo socialista, custou mais de 6 mil milhões ao Estado.

Os tempos antevêm-se difíceis.

Nacionalizar é bom como utopia do Bloco de Esquerda e do PCP, quando a realidade a isso obriga ninguém quer. O Governo atual também não a queria. Mas tal como Passos teve de levar com a resolução do BES e com a situação insolúvel do Banif, também o Governo de Costa leva agora com a inevitabilidade de ter de injetar biliões na TAP e de nacionalizar uma Efacec que promete arrastar-se na barra dos tribunais.

publicado às 22:19




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