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Ontem Teodora Cardoso tocou ao de leve nas preocupações com o sector financeiro. O conselho de finanças públicas alerta que Portugal pode regressar a uma crise financeira.
Por outro lado, nas perguntas à coligação, o PS pediu ao Governo que contabilizasse os "riscos" orçamentais de operações no sector financeiro (caso do Novo Banco).
O que vem aí?
As novas exigências de capital do BCE (tendo em conta que o common equity tier I vai ser em função da exposição aos riscos de crédito de cada banco). Isto poderá levar a aumentos de capital nos bancos, o que afectará todos, nomeadamente a CGD que é do Estado.
Os testes de stress ao Novo Banco (em Novembro) que levarão à necessidade de um aumento de capital no banco de transição. O Novo Banco terá de reforçar o capital, através da venda de activos (e da diminuição da carteira de crédito), para não sobrecarregar os bancos do Fundo de Resolução.
O Novo Banco tem de se conseguir vender até ao Verão de 2016, mas perante um cenário de instabilidade política quem quererá investir num banco em Portugal? Por isso o cenário mais provável será o adiamento da venda do Novo Banco, com um pedido prévio a Bruxelas.
O BCE irá fazer exigências de capital aos bancos já acomodando a perspectiva de perdas na venda do Novo Banco. Quem põe o capital?
Há a possibilidade de uma Medida de Resolução ser aplicada ao Banif? Sem dinheiro e com Bruxelas a pressionar para resolver o peso da excessiva ajuda estatal, o Banif terá de adoptar um destes caminhos: ou há investidores privados que se substituam ao Estado (o que num cenário de instabilidade política é pouco provável); ou é aplicada uma medida de Resolução ao Banif (e ficam mais uma vez os bancos do sistema com a menina nos braços); ou o Banif é resgatado ao abrigo da nova legislação de bail-in, onde os credores (incluindo obrigacionistas subordinados e depositantes) juntamente com os investidores serão chamados a participar no resgate (ver o caso dos três bancos italianos que foram resgatados através do Fundo de Garantia de Depósitos - que passa a ser dono temporário do banco intervencionado); ou o Estado nacionaliza com uma intervenção à la Bankia (em Espanha), com a ajuda da troika; ou o Estado nacionaliza e integra na CGD (pouco provável); ou simplesmente fecha. Esperemos para ver.
A Rentipar não tem dinheiro para investir no Banif e terá de vender a seguradora Açoreana entretanto.
Os bancos BCP e BPI têm de resolver a exposição aos grandes riscos de Angola. Mas enquanto a solução parece fácil para o BCP e não terá impacto significativo nos resultados do banco, no caso do BPI é mais complicado. A braços com uma guerra fria entre accionistas (Caixabank e Santoro) não há nenhuma operação anunciada pelo BPI que não seja acompanhada por uma alternativa de Isabel dos Santos. Qualquer que seja o caminho, o BPI perde a maioria do capital do BFA para não consolidar integralmente e assim baixar a exposição aos grandes riscos de Angola. Mas uma boa fatia dos seus resultados vem de Angola. Os lucros do BPI têm uma predominante contribuição dos lucros do BFA, que assim, em parte, se perdem.
No caso do BCP a Moody´s acaba de dizer que classificou hoje a operação de fusão do Millennium Angola com Banco Privado Atlântico como "crédito positivo" para o BCP "porque fortalece a capitalização" do maior banco privado português. Mas o BCP tem outro problema: Polónia e a conversão dos créditos, denominados na origem em francos suíços, em créditos em zlotys, com a forte probabilidade de essa conversão ser maioritariamente imputada aos bancos.