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Portugal é lindo, é um país de pouco dinheiro e bom gosto. Mas esconde alguns perigos. É o único país que conheço onde as qualidades podem ser uma maldição. Ser melhor nalguma coisa é o princípio do martírio social. Ser melhor nalguma coisa é entrar no mapa da inveja.
Vive-se a maior parte da vida numa cruzada contra os invejosos, os maldispostos, os irritados, os falsos, os traidores. Um país que se sente ameaçado pela qualidade é um país pouco independente. Pouco livre. Isto faz de Portugal um país socialmente terrível. Razão pela qual, apesar desta luz e deste sol, o país é campeão dos Prozacs.
Nascer em Portugal é saber que só nos resta umas escassas décadas para sonhar com um futuro melhor. Essa expectativa acaba mais ao menos aos 30. Ser trintinha em Portugal é o começo de um caminho de resignação. Quarentas então é a antecâmara da ostracização ou do esquecimento. A partir daí só resta viver sem esperar uma vida melhor.
Um país que não dá oportunidade à evolução pessoal é um país que não tem futuro.
Repare-se que hoje nem comprar casa se consegue. Até isso os portugueses perderam. Hoje quem tiver 30 anos, ou herdou ou não consegue comprar casa.
É uma questão de tempo até ser impossível comprar carro, comprar carne, viajar de avião, ter saúde, entre outras coisas que caminham para se tornarem um luxo.
Taxas, taxinhas, a perseguição ao enriquecimento pessoal, a perseguição à qualidade, tudo coisas que estrangulam Portugal que irá aos poucos deixar as suas zonas boas, as suas belas praias, os bons bairros, as sua bela luz, o seu luxo para os estrangeiros endinheirados.