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1| Falar de pessoas que nos são próximas, como sejam os nossos pais, é sempre difícil. Há um conjunto de factores, de proximidade e, também, psicológicos que tornam este exercício numa quase inutilidade. Mas, pai é pai!
Não querendo, todavia, tornar isto num exercício bacoco de snobismo - atitude pelo qual demonstro desdém – reconheço que nem todos os pais são iguais, nem todos tiveram as mesmas circunstâncias, mesmos que todos, enquanto Homens que foram, marcaram, de qualquer forma o devir dos seus descendentes.
Quando um pai, e falo do meu, teve o percurso de vida que teve, então estou com um problema sério e idêntico ao de muitos filhos que tiveram como eu “ um grande pai”. Estamos sempre na sombra. Somos sempre os filhos deste ou daquele. Esta deve ser mesmo a única coisa em que sou solidário com João Soares. Ou seja, as pessoas vêem-nos com um reflexo, e nunca por aquilo que somos. Se ele foi aquilo deve-se ao facto de ter tido um pai marcante!
2| Há coisa de uma década, mais ano menos ano, decidi começar a pintar. Porque o faço. Porque gosto, porque me faz bem – é uma lavagem pertinaz ao cérebro, e, sobretudo, me diferencio. Ou seja, não procuro com as minhas telas ser mais do que o filho de Pedro Canavarro, procurando através da arte a minha “outra” existência?
É provável que sim. Porém se não fosse ele, em tenra idade a levar-me visitar o que de belo existia no nosso país, e, até, fora de portas, uma alavanca para esta minha “libertação”? É claro que sim! E isto é ser um verdadeiro pai, pelo que lhe estou infinitamente agradecido!
3|Assim, e aos interessado, convido-vos a estarem, amanhã, no Museu Nacional de Arte Antiga, pelas 18 horas, no lançamento do livro / entrevista do historiador Yann Araújo: “Um diálogo do Pedro Canavarro – “A única coisa que fiz foi viver”, das Edições Cosmos!