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Repito até à exaustão: não gostava do Mário Soares e seria hipócrita vir para aqui dizer que gostava dele pelo facto de ter morrido! No entanto, e como jovem num país democrático, numa democracia que se iniciou aqui, em Santarém, numa madrugada de Abril, estou-lhe grato.
Mário Soares poderia ter muitos defeitos, mas não era parvo. Ele sabia que nunca ficaria na história se fosse na lengalenga proletária, que os comunistas pretendiam para Portugal. O cenário, ele sabia-o na perfeição, seria demasiadamente dantesco e por isso decidiu-se por opor ao modelo comunista o ideal liberal, solicitando a adesão à Comunidade Económica Europeia, afastando Portugal do "terceiro-mundismo" a que estaria condenado.
Este foi, a par da sua “batalha” anti-comunista – que catapultou o Partido Socialista para a referência da esquerda em Portugal – o seu maior legado, e por isto merece o meu respeito e agradecimento.
No entanto, porque ele nunca se esqueceu das suas bases ideológicas, Mário Soares, em particular nos últimos anos da sua vida, sempre foi um lutador contra os perigos da globalização, cerrando o dentes, escrevendo amiúde contra os perigos neoliberais, onde tudo parece não ter rosto. E esta atitude, mesmo vista por alguém como eu, é digna de registo!
Obrigado, Mário Soares!