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Portugal é um dos países da Europa com mais preconceitos sociais. É o último reduto ocidental de uma sociedade estratificada (e isto, curiosamente atravessa mesmo todas as "classes" - chamemos-lhe assim - todas são preconceituosas). Os portugueses não admitem e preferem chamar racismo aos preconceitos sociais. Portugal é um país que transveste os preconceitos sociais (de classe) em preconceitos raciais (e outros aos quais os arautos da indignação são mais sensíveis). Pois já se sabe que há as vítimas fixas da indignação, categorizadas como tal e socialmente aceites.
No outro dia num jantar de amigos a discussão era sobre o correspondente da BBC na Coreia do Sul que era interrompido pelos filhos e depois aparecia uma senhora coreana de gatas a tentar salvar a situação a puxar as crianças para fora da sala.
Nessa discussão, eu, comme d'habitude, em contra-mão com o resto da mesa, dizia que era a mulher do inglês a ir buscar as crianças, perante uma mesa que me desmentia a dizer "vê-se logo que é a empregada". Eu esperneava a dizer, mas vocês não vêem que os filhos do britânico com bom ar são asiáticos?! Isso são preconceitos sociais, típicos dos portugueses, dizia eu. Na Europa já ninguém é assim.
Mas os preconceitos têm muita força e ninguém ficou convencido com os meus argumentos. Ainda terão pensado "lá está ela sempre a dizer o contrário de toda a gente".
Ora vejamos a verdade dos factos. Obviamente que eu tinha razão. Aquela é a mulher e aqueles são os filhos do inglês.
É obvio que foram os preconceitos sociais que levaram as pessoas a dizer que era a empregada e não a raça. Porque se fosse uma coreana de Chanel e saltos altos toda a gente acharia que era a mulher. Aliás, ninguém duvidou que os miúdos (claramente coreanos) fossem filhos do britânico com ar tweed.
Mas a imprensa como retratou o tema?
"Como o divertido vídeo viral da BBC evoluiu para uma discussão séria sobre racismo"
"Marido e mulher ou patrão e empregada? A maioria das pessoas que viu o vídeo viral das crianças que interromperam um comentário em directo para a BBC achou que uma mulher asiática não podia ser a mãe das crianças de um homem branco".