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No debate para as eleições presidenciais que pôs frente a frente Marcelo Rebelo de Sousa e André Ventura, ambos de partidos de direita, o atual presidente frisou "somos de direitas diferentes, eu sou da direita social", tendo depois citado o Papa Francisco e Francisco Sá Carneiro.
É interessante pensar no que é isso de direita social, versus a direita do Chega. O Papa Francisco, por exemplo, que ambos citam como exemplo, preocupa-se com os "descamisados", mas também com todos os outros. Incluindo os ricos, os privilegiados, as forças de segurança, os conservadores, os liberais, os socialistas, os comunistas, etc. Preocupa-se tanto com os republicanos, como com os democratas dos EUA, de forma igual e sem qualquer juízo de valor. O Papa Francisco preocupa-se com todos. Mas não cede às ideologias que tentam impôr que não há dois sexos (homem e mulher) que defendem não se pode "dizer Amen, sem dizer Awomen", nem às ideologias que vêem nas minorias "os fracos e oprimidos" e nas maiorias "os carrascos". Nem se preocupa em manter quotas disto ou daquilo. A direita social não discrima ninguém mas também não nega as diferenças que a natureza impôs (diferença é diferente de superior ou inferior).
Direita social é defender tanto os moradores dos bairros degradados, como os moradores da Quinta da Marinha. É defender os pobres, mas também é defender os donos de restaurantes e de outros negócios que ficam sem poder operar de cada vez que se fecha a economia. Porque Marcelo não defende que se estude uma solução para impedir o desastre económico que o lockdown acarreta? Os testes rápidos; a imposição de testes obrigatórios à chegada ao aeroporto; os teste em massa; o encerramento de concelhos, porque não?
Porquê fechar lojas, restaurantes, cafés, livrarias. Porquê? Não está já demonstrado que o contágio se faz em ambiente familiar muito mais do que nos espaços públicos? Basta ver que se fechou a Passagem de Ano e se deixou o Natal livre (que é em casa e em família) e está à vista o resultado.
Marcelo Rebelo de Sousa defende os mais necessitados. Muito bem. Moralmente é irrepreensível. Mas como não há milagres, estamos a ponto de esse conceito se generalizar aos "privilegiados" de antigamente, e Marcelo contribuiu para isso ao fazer o encerramento cego da economia. Isto demonstra que boas intenções temos todos, mas nem sempre isso é garantia de grande beneficiência.
Sobre André Ventura o que eu acho é que é um utópico. Tem boa presença, autoconfiança, mas o que defende é absolutamente irrealista.