Não está em causa o mérito inegável do Vice-Almirante Gouveia e Melo para coordenar a vacinação. Louvo a sua organização e método. Mas as pessoas exaltam um saudosismo do poder militar ao elogiarem o Vice-Almirante de uma maneira quase obsessiva. No fundo há nos portugueses um saudosismo do poder militar que pode ser justificado pela preguiça de pensar pela própria cabeça.
Depois eu gostava de lembrar que as vacinas não são obrigatórias, no entanto institui-se o obrigatório pela via da censura moral e social. Não faltam policias morais de boas práticas nas redes sociais e meios de comunicação social. Isto não é só em Portugal, também nos EUA pululam os policias morais dos outros. Era mais honesto exigirem a vacinação obrigatória do que andarem em caça às bruxas às pessoas que não se vacinaram, quando a lei não o obriga.
Em Portugal censura-se nos bastidores, queimam-se os nomes de quem não pensa pela bitola da moda. Não é muito diferente dos que mandavam para a fogueira quem pensava de maneira diferente, com a acusação de "bruxa", ou dos que crucificaram Cristo porque quis difundir uma nova ordem. É até mais hipócrita porque a coberto de uma política de tolerância praticam-se as maiores intolerâncias.
3) Sobre as relações humanas e nesse roteiro de amigos perdidos que coleciono, cito a escritora que melhor retratou a alma humana, Agustina: "o mundo é sublime de tentação, de insignificâncias mercadejáveis, de silêncio ruidoso, atroador".
Um dia Agustina escreveu a Ferreira de Castro e disse-lhe "pense coisas belas dos Homens ainda que eles não as mereçam".
Depois dos factos os argumentos são necessários. "Não há factos. Só interpretações", dizia Nietzsche.