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A propósito do que se tem escrito sobre o incêndio de Pedrogão Grande, e sobretudo o número abismal de vitimas - se não fossem as mortes não seria "mais um outro incêndio" a lamentar - recordo a leitura de uma obra de Roberto Calasso, ensaísta e ficcionista florentino, que em “Os quarenta e nove degraus” (Livros Cotovia, 1996), escrevia sobre a opinião.
Dizia ele:“a história da opinião é a história mais obscura. Não há nada mais óbvio do que a opinião”. “Os vastos pastos da opinião são o orgulho da civilização” e (sobretudo) “porque a opinião é acima de tudo um poder formal, um virtuosismo que aumenta constantemente, que ataca todos os materiais”.
O maior detractor da opinião foi o vianense Karl Kraus [1874-1936], para quem “a opinião pode falar de tudo, mas não pode dizer tudo.”
Num estado como o nosso, em que a liberdade de expressão passou, pelo menos legalmente, a estar garantida, as opiniões elas valem o que valem. Kraus dizia mesmo que “as boas opiniões não têm valor. Depende de quem as tem.” E, de facto, o elitismo opinador é uma realidade incontornável, uma profissão! E o pior é que eles, tal como os operários, tem que assinar o ponto, nem que seja para “encherem chouriços”!
A calamidade do passado fim-de-semana, que teve o condão de unir os portugueses - somo excelentes a celebrar e a chorar em uníssono - foi sobretudo um dia de muito azar. Um dia em que as circunstancias, ambientais e outras, fazem-me recordar a célebre Lei de Murphy: "qualquer coisa que possa ocorrer mal, ocorrerá mal, no pior momento possível”! E foi o que precisamente aconteceu!