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O que se está a passar no BPI é o retrato do país. Nada se faz sem o apoio tácito do Governo, que mesmo assim, com medo de violar o políticamento correcto, fez uma lei que fica a meio caminho.
Eu já tinha escrito que uma lei em que só quando a proposta de desblindagem vem do conselho de administração é que caem os limites na votação, estava-se mesmo a ver que ia dar nisto.
Então faz-se uma lei com regras de votação diferente consoante o autor da deliberação que é levada à Assembleia Geral de accionistas? E nem o Presidente da República pensou nisto?
Claro que o accionista minoritário adiantou-se e leva uma proposta antes da administração do BPI, o que leva a que os votos nessa votação continuem blindados e seja preciso uma maioria acima da legal (75%) para que a desblindagem passe.
Cria-se uma lei para desbloquear o impasse accionista e consegue criar-se as condições na nova lei para um novo impasse accionista?
Por outro lado só neste país é que os accionistas minoritários querem chumbar operações que têm como resultado a queda dos títulos. Mas Tiago Violas quer medir forças com o Caixabank para no fim do dia ter as acções a valer menos de 1 euro por acção? Vejam lá as acções após a OPA do Caixabank estar em risco de ser retirada. Acham pouco 1,113 euros por acção? Então o melhor é criar condições para as acções caírem a pique. O BCP estava muito sozinho na sua condição de penny stock, o BPI prepara-se para lhe fazer companhia.
Um accionista com 2,6% consegue impedir uma OPA como? Porque, outra característica portuguesa, os tribunais têm os seus ritmos. Uma falha formal que foi corrigida, não merece uma resposta do juiz em tempo útil, sabendo que está uma empresa essencial para o país em risco?
A quem pedir responsabilidades se mais um banco definhar em Portugal? Como pode a burocracia pôr em causa a definição accionista do BPI, a resolução do problema da elevada exposição do BPI ao risco Angola, e eventualmente a venda do Novo Banco ao BPI, que pode salvar o país de mais uma liquidação de um banco?
Não me digam que é ao anterior governo que vão atribuir culpas do BPI, porque eu já não aguento esta campanha anti-Passos/Maria Luís como se não tivessem sido eles que tiraram com a ajuda da troika Portugal da bancarrota.
Ainda vão acabar por dizer que o BCE podia ter evitado a lei que retirou Angola de equiparado em termos de supervisão a bancos europeus, que desencadeou todo este "caso BPI", se o anterior Governo tivesse convencido Mário Draghi.
Já faltou mais.