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Ontem a Coreia do Norte lançou um míssil que sobrevoou o Japão. Trata-se de uma situação altamente complexa, e uma clara afronta não só ao direito internacional mas à paz mundial.
Somos de um tempo em que, como descrevia Raymond Aron, a Guerra Fria, tornava o confronto e a paz impossíveis, pelo que esse tempo, cada vez mais saudoso, já que sabíamos como que contávamos - Europa Ocidental nunca cresceu tanto, seja a nível económico e cultural - torna a segurança mundial numa miragem.
Durante a Guerra Fria os actores internacionais, e em particular as potências nucleares, que incluíam também a França, a Inglaterra e a China, eram racionais. As armas nucleares tinham, antes de tudo, uma natureza diplomática, i.e., serviam mais para garantir a paz do que para fazer a guerra, recordando o velho provérbio latino: “Si vis pacem, para bellum” que traduzido quer dizer: "se quer paz, prepare-se para a guerra".
Com a nuclearização da Coreia do Norte entramos num beco sem saída, i.e., não consigo – creio que ninguém o conseguirá – fazer uma leitura das reais intenções do regime. Será um mero instrumento político de dissuasão, como aconteceu durante a Guerra Fria ou será que tem como objectivo atingir “alvos reais”? Por outro lado, e pelo que temos lido, não serão estas armas um brinquedo na mão de um psicopata?
Não sei. Na realidade não sei mesmo. Os soviéticos eram comunistas, mas tinham, como referi, bom senso. Tanto eles, como os ocidentais, sabiam que a guerra nuclear impossibilita, pelos seus efeitos, resultados de “soma zero”, levando à destruição total. Espero, acho que todos esperamos, que isto não seja um mero “fait divers”, tão-somente uma questão de musculatura norte-coreana, como que a dizer à Comunidade Internacional, em particular aos EUA e aos seus países vizinhos, que são também actores na cena internacional, e que como tal devem ser respeitados.
Se as eleições norte-americanas tivessem sido ganhas por uma pessoa moderada, e não Donald Trump, mas trata-se de uma mera conjuntura, será que a situação seria diferente? Não irei responder porque a história é o que é, e Trump é quem governa a maior potência no mundo. No entanto, devo reconhecer que a postura da actual administração norte-americana não é de todo a mais eficaz, porque , e não mais do que uma vez, excede os limites do razoável, tal como aconteceu na sua estupidez em relação ao Tratado de Paris sobre as alterações climatéricas!