por António Canavarro, em 19.06.17

A morte chega cedo,
Pois breve é toda vida
O instante é o arremedo
De uma coisa perdida.
O amor foi começado,
O ideal não acabou,
E quem tenha alcançado
Não sabe o que alcançou.
E tudo isto a morte
Risca por não estar certo
No caderno da sorte
Que Deus deixou aberto.
Fernando Pessoa, in 'Cancioneiro'
Como não sabia como expressar o meu sentimento por estes concidadãos que morreram ceifados pelo incêndio deste sábado, encontrei neste poema, de Fernando Pessoa, uma forma de o fazer. Outra, que já o fiz, é orar. Orar muito: pelos mortos e, principalmente, pelos vivos que tem que viver, dia após dia, com a ausência de quem partiu.