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É preciso fazer o elogio dos jornais que são geridos por pessoas "de bem". Vem isto a propósito do Jornal Oje que comemorou ontem os seus nove anos. Um projecto sério e limpo, que não pretende ser trampolim para nada, gerido por um jornalista bem intencionado, o Vítor Norinha, (uma pessoa de bem). Um jornal comprado por um empresário de coragem, o Luís Figueiredo.
É preciso fazer o elogio das pessoas de bem. Pessoas que premiam o mérito em vez de o temerem. Pessoas que puxam pelos outros, que gerem motivando, em vez do estilo vilão com a vara na mão que por aí pulula muitas vezes para esconder fraquezas. Pessoas que querem fazer o melhor, sem que isso passe por agendas pessoais e políticas.
O jornalismo precisa de uma alteração de paradigma, e ao contrário do que muitos poderiam pensar, não é apenas o modelo de negócio que faliu, é o modelo de gestão dentro das redacções que está ultrapassado. É um modelo provinciano. Os jornalistas são muitas vezes justiceiros add-hoc, criam leis fora da lei, (na maior parte dos casos desconhecem em absoluto a lei que rege a sua profissão) criam sistemas preversos de promoção de "camaradas" e de "despromoção" (implícita e não declarada, porque a despromoção é ilegal) dos que representam linhas ideológicas "inimigas". Não há uma gestão de recursos humanos profissional. Há leis e estatutos que estão sempre a ser violados.
O jornalismo é em muitos casos uma actividade artesã.
O que fazem as autoridades?
Há profissionais que têm carteira a dar entrevistas a falar de assessorias a empresas, e não há nenhuma iniciativa da Comissão da Carteira para pedir explicações. Mas se um jornalista mal pago, alguns ganham o ordenado mínimo já incluído o subsidio de almoço, o que é ilegal, se atrasar a pagar os 50 euros para renovar a carteira arrisca-se logo a levar com uma contra-ordenação de milhares.
Falta um regulador a sério, como existe para as outras entidades, que esteja sempre a assegurar que as leis da imprensa, o estatuto dos jornalistas, o código dos direitos de autor, etc, estão ser cumpridas dentro das redacções. Com gabinete de reclamações e com direito à aplicação de coimas. Mas a ERC só parece interessar-se pelo cumprimento das leis na relação dos jornais com terceiros. Mas também é preciso garantir o cumprimento das leis dentro das quatro paredes de um jornal.
Viva o jornalismo "de bem".