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"O destino não é uma fatalidade, é um conflito breve com um sonho".
A primeira coisa que faria de maneira diferente tem a ver com a escolha da primeira casa. Compraria uma casa maior e sobretudo um casa com uma sala maior. Com o tempo percebemos que nossa a casa ganha um importância maior na nossa vida.
A segunda coisa que faria diferente é que teria poupado mais. Teria criado uma poupança de longo prazo. Foi um erro da minha geração achar que Portugal ia sempre melhorar economicamente. Mais. Continua a ser um erro de cálculo achar que o mundo caminha sempre para melhor. Não é verdade, como o demonstra a série consecutiva de crises de que somos alvo desde 2008.
Outra coisa que recomendo é que não comprem nada em prata. Livrem-se de todas as pratas, porque ficam pretas e o preço de venda (caso queiram livrar-se delas) é uma décima do preço da compra. Só se compra ou se mantém pratas por "amor", porque de resto é pior do que comprar um carro que começa a desvalorizar no dia que sai do stand, com a diferença que o carro compensa em utilidade e conforto, ao contrário das pratas. Estão a ver os fios de prata, brincos de prata? Esqueçam, ficam pretos. Mais vale o ouro.
Nunca, mas nunca, comprem cadeiras de palhinha para a casa de jantar. É um erro que eu cometi. As cadeiras de palhinha, de tempos a tempos, precisam de ser empalhadas e é tão caro que é o mesmo que passar a vida a comprar as mesmas cadeiras.
Também recomendo que nunca peçam a reavaliação das vossas casas para efeitos de IMI. Eu, que sempre sigo a minha intuição, decidi um dia seguir um conselho de um amigo que me recomendou a reavaliação para efeitos de IMI, porque, disse-me ele, "ia pagar menos". Erro total, pedi a reavaliação e estou a pagar mais.
Nunca contrariem a vossa intuição, é nela que reside a sabedoria.
Outra coisa que faria diferente é que ter-me-ia esforçado para investir numa experiência profissional fora de Portugal, para além de que teria investido mais em formação, por exemplo num mestrado em economia e gestão.
Concluo dizendo que recomendo que nunca devemos fazer planos para a vida, para não estragar os planos que a vida tem para nós. Por exemplo, nunca tomar decisões a pensar que a vida vai mudar quando casarmos porque pode nunca chegar a acontecer (love is a losing game most of the time).
Outra coisa que eu teria mudado tem a ver com os circuitos de amigos. Teria evitado muitos dos que se cruzaram comigo na adolescência e idade adulta. Ou seja, teria escolhido melhor os amigos e os grupos. Já chega aquelas pessoas, que por força das circunstâncias, entram na nossa vida contra a nossa vontade.
Bom, há, de certeza, muitas mais, mas por agora é o que me ocorre.
“A mulher forte da Bíblia, austera, paciente, que faz do amor um contraveneno das próprias desilusões. Qualquer ficção a diminui e não a retrata”. Agustina, claro
A Rússia liderada por Putin entrou na Ucrânia no dia 24 de fevereiro e isso mudou o mundo para pior.
Não sou especialista em geopolítica e o que conheço de Putin resulta das notícias e sobretudo das entrevistas que deu a Oliver Stone e que revelam muito sobre o pensamento do presidente da Rússia. Era óbvio, pelo discurso de Putin e pelas ‘demárches‘ subtis movidas pelos EUA, que a guerra fria, que oficialmente acabou com a queda do muro de Berlim, esteve sempre latente e por isso viva.
Parece-me óbvio que não se pode olhar para a Rússia como um país europeu que se rege por valores ditos democratas do Ocidente.
A Rússia continuou a ser a potência nuclear que motivou a guerra fria e os EUA continuaram a ser o inimigo político dos russos que nas costas tentam sempre a supremacia militar.
A Ucrânia tem o azar de estar no meio. A situação geográfica e histórica da Ucrânia não a ajuda e claro que não se pode olhar para a Ucrânia como quem olha para a França ou para Espanha. Claro que a situação da Ucrânia a deixa numa situação difícil e por isso, acho eu, a neutralidade a libertaria. Ser neutral não é uma maldição. Não consta que a neutralidade Suíça tenha beliscado o país dos relógios, da banca de fortunas e de chocolates.
Dito isto, este conflito (ou invasão) teria sido evitável, na minha opinião. Para isso era preciso que todos os agentes desta história tivessem presente o papel e vicissitudes de cada um, isso levaria a que todos fossem respeitados.
Não se afronta Putin, nem se tenta converter a Rússia numa sociedade ocidental com valores "moderninhos". Há que ter isso presente.
A saída de Trump da Casa Branca e de Merkel da Alemanha pode ter tido um papel na escalada deste conflito. O futuro o dirá.
Putin não é nenhum louco e tem as suas razões e elas estão ligadas à defesa da Rússia, mas claro que esta intervenção militar é altamente condenável pelo impacto que tem em inocentes. O melhor que o Ocidente pode fazer é acolher os ucranianos que fogem da Guerra.
Também as sanções europeias e dos EUA contra os russos são condenáveis pelas mesma razões, por causa do impacto que têm em inocentes.
Posto isto, teria sido fácil evitar este conflito. Bastaria que a Ucrânia reconhecesse que nunca poderá entrar na NATO e que a NATO, liderada pelos EUA, se comprometessem em nunca integrar a Ucrânia na NATO. Um compromisso escrito tinha bastado para evitar isto.
Agora, acho as sanções económicas à Rússia injustas e ineficazes porque Putin não saiu da Ucrânia por causa delas e só vieram criar um fosso entre dois blocos Rússia/China e EUA/UE.
Acho perigoso o precedente que se abriu para a liberdade de imprensa (vetar o acesso a jornais russos deixa a Comissão Europeia ao mesmo nível das ditaduras). Acho perigoso o precedente que se abriu para o congelamento da propriedade privada. Acho perigoso o precedente de congelar as reservas de um banco central. Acho injusto castigar a cultura e o desporto russos. E faz me pensar que não gosto desta Europa, preferia que estivesse a ser uma moderadora do conflito para tentar um acordo que salve a Ucrânia e não ameace a Rússia.
As sanções provocam condições económicas devastadoras também para os europeus e resto do mundo ocidental.
O presidente da Ucrânia tem de se entender com a Rússia de Putin para seu próprio bem e para o bem do seu povo. Isso sim é que é coragem. Chegar à paz.
Em "Licorice Pizza", Paul Thomas Anderson conta uma história de amor etariamente desemparelhada e alegremente destrambelhada, passada em 1973, na Califórnia. Eurico de Barros (Observador) dá-lhe quatro estrelas.
Desde que me lembro de prestar atenção a estes temas que me dizem que a entrada na União Europeia era uma porta de entrada na Europa e por isso uma porta de entrada para o mundo de oportunidades. O passaporte para o sucesso e para a meritocracia. Um sonho que nunca se concretizou. A promessa do El-Dorado foi um flop. Porquê? Porque na verdade as fronteiras físicas como barreiras entre Portugal e a Europa nunca desapareceram. O dinheiro, a dificuldade de acesso a preços acessíveis, as políticas nacionais, tudo serviu para perpetuar a grande distância entre Portugal e a Europa (entre Portugal e Espanha, desde logo). Até o crescimento económico português mostra o flop que tem sido a integração europeia. Os países de leste vão ganhar a dianteira no que toca ao crescimento económico.
A primeira coisa que devia ter sido implementada com a integração europeia era a proximidade geográfica. Os transportes deviam ter sido prioritários. Mas em 2021 ainda não há um TGV Lisboa-Madrid. Ir a Madrid continua a ser um luxo (avião), e a viagem de comboio ou de autocarro está ao nível dos anos 80/90.
Décadas depois de termos integrado a Comissão Europeia a nossa ligação permanente à Europa está confinada à internet. A União Europeia é um fracasso em si mesma.
Parafraseando Oscar Wilde, tenho gostos simples, o melhor basta-me. A mim bastava-me poder ir de comboio passar o dia a Madrid e voltar, assim como quem vai a Cascais. Mas a Europa anda a passo de caracol. Quando isto for possível, se calhar, já não terei condições de o usufruir.
Ricardo Arroja e Ricardo Pais Mamede estiveram na RTP3 a falar sobre a subida dos preços dos combustíveis fósseis. Vale pena ouvi-los. O que disseram?
Em resumo, a regulamentação vai obrigar alguns setores a uma forte redução das taxas emissões de CO2, nomeadamente a indústria. A ambição do Governo, disse Ricardo Arroja, é reduzir a intensidade energética da indústria até 2050 em 50%. O que vai obrigar a investimentos anuais equivalentes a 1,2% do PIB.
O próprio modo de financiamento das indústrias está ameaçado porque há já uma pressão internacional sobre a banca para que deixe de financiar indústrias e fontes de energias poluentes. Os bancos estão a ser obrigados, pela regulamentação, a seguir a pegada carbónica dos seus clientes e a penalizar os seus clientes que têm uma elevada pegada carbónica.
Há também uma pressão para que os intermediários financeiros deixem de apoiar a angariação de fundos através dos mercados, quando são empresas de energias poluentes.
Os combustíveis fósseis vão encarecer e não vão desaparecer de um dia para o outro, disse Ricardo Pais Mamede, portanto durante a longa fase de transição a menor produção de combustíveis fósseis e com mais custos sem que a procura acompanhe essa redução ao mesmo ritmo vai originar uma subida dos preços. Se a oferta baixa e a procura não... inflação.
A custo do carbono vai ainda ser alargado à generalidade dos setores económicos. Vêm aí tempos difíceis.
A transição energética exige solidariedade e planeamento por parte dos Estados, o que nos levará a mais subidas de impostos.
A agenda das alterações climáticas domina a atualidade. À beira de começar a Cimeira do Clima em Glasgow, não há quem não defenda uma alteração dos hábitos do consumo, mobilidade e até de alimentação. Mas o que é isto de mudar esses hábitos? É um regresso ao passado? Ao transporte através de cavalos e carroças? Ou é uma evolução no sentido do melhorar as emissões dos aviões, carros, barcos, comboios, etc?
A política ESG (environmental, social and corporate governance) está imparável. Os fundos já não investem em quem usa combustíveis fósseis. Os bancos vão deixar de financiar empresas cujos produtos poluem. Só para terem uma ideia, estão a ver o café em cápsulas de alumínio da Nespresso? Ou as cápsulas de plástico doutras marcas? Pois, têm os dias contados. O futuro são as máquinas que moem o café em grão antes de fazerem o café. Até que a sociedade se aperceba que a electricidade também polui.
E as máscaras do Covid que inundam a terra e o mar? Alguém se preocupou mundialmente em criar uma solução para as reciclar?
Centremo-nos na alimentação. O que é isto de mudar hábitos de alimentação? É acabar com a gordura hidrogenada (margarina e óleos refinados)? É acabar com a desinformação sobre o risco das tóxinas no peixe, ou sobre a qualidade das farinhas que alimentam a aquacultura? Ou é acabar com o consumo de carne por causa dos puns das vacas?
Eu penso que a alimentação tem de melhorar para salvar a humanidade. Mas talvez estejamos a falar de coisas diferentes, porque melhorar a alimentação não é acabar com a carne de vaca, é sim acabar com a margarina, com os cereais processados, com os óleos refinados, com as comidas pré-feitas, com os enchidos e fumados que têm glutamato monossódico (cancerígeno), é acabar com os alimentos processados, com o açúcar refinado. É avisar que o amendoim, apesar de ser natural é altamente tóxico para o ser humano. Mas isto não parece estar na agenda da EGS. O que está na agenda dos ambientalistas é acabar com o consumo de carne e substituição por sucedâneos (que são potencialmente cancerígenos). Não se pode levar esta ideologia a sério se o ser humano não estiver no centro das preocupações.
Morte à gordura trans, porque a humanidade é importante.