Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




Pinochet e os anos 80

por Maria Teixeira Alves, em 06.05.13

O filme é feito pelo chileno Pablo Larraín, chama-se NO e é a versão da oposição a Pinochet, mas isso não o impede de ser um belíssimo filme.

Obviamente é ligeiramente tendencioso, dá muita atenção à ditadura militar e mitiga bastante o crescimento económico do Chile que os chilenos devem ao Pinochet e que foi o grande trunfo da campanha do SÍ. Mas deixa perceber o civismo de Pinochet na transição para a democracia. O filme segue os passos da construção da campanha do NO, que saiu vitoriosa no plebiscito de 1988 (com 54% a 55% dos votos) e levou a eleições no Chile.  Hoje o Chile volta a estar liderado pela direita, o que é o reconhecimento de que a direita faz mais pelo crescimento economico do país que a esquerda. Aliás um dos pequenos pecados do filme do Larraín é ocultar a parte do vídeo da campanha do SÍ que demonstra o que era o Chile antes de 1973 quando se dá golpe militar de Pinochet. Foi o governo de Pinochet que salvou o país da guerra civil, do colapso económico e de um PREC pior que o português.

 

publicado às 02:10


29 comentários

Sem imagem de perfil

De António a 28.05.2013 às 01:17

Bom, eu que não insultei ninguém, gostava de saber se vai seguir o meu conselho e ver o documentário A Batalha do Chile.
Nesse filme aprendemos como Pinochet chegou ao poder, que meios utilizou - e também que métodos utilizou Salvador Allende - e o que ele e os seus homens fizeram ao povo chileno.

Porque pessoas mais cultas são pessoas com melhores opiniões. E a qualidade e informação das opiniões constroem o crédito destes sítios de opinião virtual.

Cumprimentos.
Imagem de perfil

De Maria Teixeira Alves a 28.05.2013 às 03:11

Bem António, assim que puder vou ver o documentário. Mas o que eu defendi foram as reformas económicas que Pinochet introduziu no Chile, não foi o golpe militar e os desaparecimentos. O que eu digo é que apesar disso, e isso não foi exclusivo do Chile (há ditaduras de esquerda e de direita, há desaparecimentos e mortes políticas em todos os quadrantes políticos), Pinochet conseguiu transformar o Chile na maior economia da América Latina.
Sem imagem de perfil

De Robson Bertezini a 11.09.2013 às 16:52

O tema Chile sempre gera polêmicas,principalmente quando se compara os governos Alhende e a ditadura sangunária Pinochet.O govenro Alhende foi eleito com uma proposta de socialismos democrático em 1970.No entanto, o temor que o Chile se tornasse uma nova Cuba,outra ditadura sanguinária, só que de esquerda, fez os EUA provocarem um bloqueio econômico ao país e uma clara campanha golpista desde de o início do governo Alhende.O erro que o governo Alhende cometeu foi radicalizar o processo econômico e político,a partir disso, o que levou a uma crise econômica sem precedentes com desabastecimento,inflação desemprego,além de promovera quebra da hierarquia militar,criando o pretexto perfeito para o golpe militar.
Ao tomar o poder o Governo Pinochet fez reformas econômicas liberais,reprivatizando empresas de telecomunicações,reformandoa previdência e reduzindo o tamanho do estado.No entanto, não foi um modelo liberal puro,como não existe em nenhum lugar do mundo.Outra coisa, o atual "sucesso econômico" do Chile não é por causa dessas reformas.Há umtexto interessante sobre esse assunto de 2007, que transcrevo partes dele abaixo,inclusive com comparações com o Brasil:

"O primeiro caso que quero avaliar é o do Chile. Este país é muito mencionado na mídia, já há vários anos, como o país latino-americano que “deu certo”. Deve-se ler este tipo de declaração com algum cuidado, pois, afinal, os mesmos veículos de imprensa que apresentam o Chile, hoje, como um sucesso total, são os mesmos que endeusavam a Argentina do câmbio fixo pré-colapso de 2002 e que defendem claramente o modelo neo-liberal. Há, pois, interesses consistentes levando a um bombardeio da mídia sobre este tópico e é conveniente um pouco de cautela.
Mas, mesmo se colocarmos os exageros de lado, a experiência chilena merece ser examinada. Afinal, é este um país que tem apresentado alguns resultados consistentes em termos de crescimento sustentado, redução de pobreza, etc. Basta, a propósito, recordar como a renda per capita chilena, que era igual a brasileira em 1990, agora nos supera em 60%. Enfim, vale a pena verificar o que ocorreu lá e como eles conseguiram chegar a isto.
O primeiro ponto a avaliar é a conjuntura em que o modelo econômico predominante no Chile hoje foi implantado. Para tanto, torna-se necessário avaliar a história econômica do Chile durante o governo Pinochet (1973-1990).
A partir de 1974, o regime de Pinochet iniciou uma profunda transformação da economia, seguindo vários modelos de políticas neo-liberais ou de livre mercado, como se queira chamar. Os primeiros passos foram a liberação de preços, abertura econômica, liberalização financeira, redução de impostos a empresas e devolução de terras estatizadas pelo governo de Salvador Allende.
O ajuste provocou, num primeiro momento, inflação, desemprego, queda da massa salarial e outros problemas sociais, abafados por forte repressão. À crise, o regime respondeu com ainda mais ajustes, liberação cambial e tarifária. A especulação financeira floresceu e a bolha estourou em 1982. Seguiu-se uma nova crise e um novo aprofundamento do modelo, com mais privatização e abertura comercial, reforma da Previdência e rigor fiscal.

É questionável, de qualquer modo, se, pensando apenas em termos de crescimento econômico, a ditadura valeu a pena no Chile. Nos seus dezessete anos (1973-1990), o PIB cresceu menos, na média, do que nos dezessete anteriores ao golpe.
Outro tópico a observar é que, seja na época de Pinochet, seja hoje, o liberalismo não é completo no Chile, como, aliás, nunca foi em lugar nenhum do mundo. O cobre continua estatizado, os gastos militares são ainda altos e foi adotado, em anos recentes, um sistema de “superávit estrutural”, pelo qual o Estado economiza recursos quando a economia vai bem para gastá-los quando houver possibilidade de recessão e alivia-la.
Assim, seria errôneo afirmar que o Chile seguiu e segue um modelo liberal “puro” e que isto o levou ao sucesso. Sua inserção no mercado mundial só foi possível graças ao apoio do Estado e a sua principal fonte de divisas, o cobre, ainda é estatal. E foram os governos de esquerda pós-Pinochet que investiram de forma mais consistente em termos de habitação, saúde e educação, o que permitiu ao país ver melhoras nos seus índices sociais ."

Comentar post


Pág. 2/2




Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D




Links

Blogs e Jornais que sigo

  •