De Robson Bertezini a 11.09.2013 às 16:52
O tema Chile sempre gera polêmicas,principalmente quando se compara os governos Alhende e a ditadura sangunária Pinochet.O govenro Alhende foi eleito com uma proposta de socialismos democrático em 1970.No entanto, o temor que o Chile se tornasse uma nova Cuba,outra ditadura sanguinária, só que de esquerda, fez os EUA provocarem um bloqueio econômico ao país e uma clara campanha golpista desde de o início do governo Alhende.O erro que o governo Alhende cometeu foi radicalizar o processo econômico e político,a partir disso, o que levou a uma crise econômica sem precedentes com desabastecimento,inflação desemprego,além de promovera quebra da hierarquia militar,criando o pretexto perfeito para o golpe militar.
Ao tomar o poder o Governo Pinochet fez reformas econômicas liberais,reprivatizando empresas de telecomunicações,reformandoa previdência e reduzindo o tamanho do estado.No entanto, não foi um modelo liberal puro,como não existe em nenhum lugar do mundo.Outra coisa, o atual "sucesso econômico" do Chile não é por causa dessas reformas.Há umtexto interessante sobre esse assunto de 2007, que transcrevo partes dele abaixo,inclusive com comparações com o Brasil:
"O primeiro caso que quero avaliar é o do Chile. Este país é muito mencionado na mídia, já há vários anos, como o país latino-americano que “deu certo”. Deve-se ler este tipo de declaração com algum cuidado, pois, afinal, os mesmos veículos de imprensa que apresentam o Chile, hoje, como um sucesso total, são os mesmos que endeusavam a Argentina do câmbio fixo pré-colapso de 2002 e que defendem claramente o modelo neo-liberal. Há, pois, interesses consistentes levando a um bombardeio da mídia sobre este tópico e é conveniente um pouco de cautela.
Mas, mesmo se colocarmos os exageros de lado, a experiência chilena merece ser examinada. Afinal, é este um país que tem apresentado alguns resultados consistentes em termos de crescimento sustentado, redução de pobreza, etc. Basta, a propósito, recordar como a renda per capita chilena, que era igual a brasileira em 1990, agora nos supera em 60%. Enfim, vale a pena verificar o que ocorreu lá e como eles conseguiram chegar a isto.
O primeiro ponto a avaliar é a conjuntura em que o modelo econômico predominante no Chile hoje foi implantado. Para tanto, torna-se necessário avaliar a história econômica do Chile durante o governo Pinochet (1973-1990).
A partir de 1974, o regime de Pinochet iniciou uma profunda transformação da economia, seguindo vários modelos de políticas neo-liberais ou de livre mercado, como se queira chamar. Os primeiros passos foram a liberação de preços, abertura econômica, liberalização financeira, redução de impostos a empresas e devolução de terras estatizadas pelo governo de Salvador Allende.
O ajuste provocou, num primeiro momento, inflação, desemprego, queda da massa salarial e outros problemas sociais, abafados por forte repressão. À crise, o regime respondeu com ainda mais ajustes, liberação cambial e tarifária. A especulação financeira floresceu e a bolha estourou em 1982. Seguiu-se uma nova crise e um novo aprofundamento do modelo, com mais privatização e abertura comercial, reforma da Previdência e rigor fiscal.
É questionável, de qualquer modo, se, pensando apenas em termos de crescimento econômico, a ditadura valeu a pena no Chile. Nos seus dezessete anos (1973-1990), o PIB cresceu menos, na média, do que nos dezessete anteriores ao golpe.
Outro tópico a observar é que, seja na época de Pinochet, seja hoje, o liberalismo não é completo no Chile, como, aliás, nunca foi em lugar nenhum do mundo. O cobre continua estatizado, os gastos militares são ainda altos e foi adotado, em anos recentes, um sistema de “superávit estrutural”, pelo qual o Estado economiza recursos quando a economia vai bem para gastá-los quando houver possibilidade de recessão e alivia-la.
Assim, seria errôneo afirmar que o Chile seguiu e segue um modelo liberal “puro” e que isto o levou ao sucesso. Sua inserção no mercado mundial só foi possível graças ao apoio do Estado e a sua principal fonte de divisas, o cobre, ainda é estatal. E foram os governos de esquerda pós-Pinochet que investiram de forma mais consistente em termos de habitação, saúde e educação, o que permitiu ao país ver melhoras nos seus índices sociais ."