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Percebo os méritos de uma proposta de flexibilização do emprego. Despedir mais facilmente para contratar mais facilmente. Tudo isto funciona lindamente em países cultos, em que o mérito é o critério de selecção e de manutenção do emprego. Mas temo que num país como Portugal, onde não há uma cultura do mérito, mas antes uma cultura da "cunha", do clubismo, da corrupçãozinha que leva os amigos/aliados para os lugares, esta medida seja um desastre. Num país onde as qualidades e as qualificações são vistas mais como ameaças do que como virtudes, temo que isso possa levar ao despedimento arbitrário.
Aquilo que se anuncia de substituir a proibição do despedimento sem justa causa por uma expressão do tipo despedimento por razão atendível, pode muito bem transformar-se no instrumento fundamental dos job for the boys. Pois que «Razão atendível permite tudo», como diz Jorge Miranda.
Antes da flexibilização total do emprego (ou do desemprego, como lhe quiserem chamar) tem que se investir na elevação cultural do país. Ensinar as chefias a reconhecer e a premiar o mérito. Infelizmente, nem sempre é o que se passa.