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O mundo mudou em três semanas - e de que forma! Disse José Sócrates, ensaiando uma preocupação concentrada e inteligente. Oh!!!!
Os ataques especulativos dos investidores institucionais, são agora os maus da fita. Como antes foi o subprime, para justificar o aumento desenfreado da dívida, a mesma dívida que agora encurrala Portugal numa situação de potencial crashde crédito. Sócrates e seus ministros já tiveram vários culpados. As agências de rating, os banqueiros malditos, os anteriores Governos. O Primeiro Ministro volta agora a justificar as suas políticas desastrosas com o facto de ninguém emprestar dinheiro a Portugal nem aos bancos portugueses. Mudou em três semanas? Há cerca de um mês que escrevi que Portugal ia passar por uma crise de crédito, e uma crise de liquidez estava para bater à porta dos bancos. Escrevi, que enquanto Sócrates continuava a citar Keynes, estava a ignorar que esta é uma crise de crédito e não uma crise da procura. Os bancos portugueses vão sofrer os desvarios de um governo de um homem pouco culto, pouco sábio, obstinado pela imagem e pelos conceitos bacocos de modernidade.
Portugal tem uma dívida pública declarada de quase 80% do PIB, mas se juntarmos a dívida dos privados ao exterior, passa para 110%. Como é que
Portugal vai resolver isto? As medidas de austeridade não vão chegar. Porque vão retrair a economia. Vão travar o consumo, ancora dos últimos crescimentos do PIB português.
Os bancos não vão dar crédito à economia, porque não conseguem financiar-se para isso. Os bancos não podem dar crédito com margens neutras, ou mesmo negativas, porque vão à falência. Alguém acorde. A economia não vai crescer. Não havendo crédito, as empresas vão deixar de investir e até de pagar as suas dívidas, e os salários. O desemprego brutal é uma certeza. As medidas de austeridade, vão ainda provocar um aumento da pobreza e da criminalidade.
Portugal está arrumado, porque o Sócrates investiu mais no poder, na imagem e na aparência (e nas falsas questões sociais) do que na gestão do país. Sócrates investiu mais no polvo (nome dado à teia de relações entre empresários, gestores, jornais e o Governo,) do que numa política de gestão de um país já de si fraco em produtividade.
O mundo não mudou em três semanas, mudou em 2007... ano que foi o último suspiro de um velho mundo que vivia alienado no crédito. O mundo mudou porque a alavancagem explodiu. Todos vamos ter de engolir a vaidade que nos permitiu o consumismo exacerbado.
Tristes aqueles que não têm idade para que haja vida para lá do défice.