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Agatha Christie: “Enough and not too much. You must never love a man too much”.
"To care passionately for another human creature brings always more sorrow than joy; but at the same time, Elinor, one would not be without experience. Anyone who has never really loved has never really lived"
Sad Cypress
P.S. Agatha Christie sempre foi muito mais do que uma escritora de policiais
Nunca se ama como nas histórias. Onde andas tu? Meu Peter Pan, meu Huckleberry friend, meu amor improvável. Onde andas meu amor impossível, condenado desde sempre à abnegação e ao altruísmo?
Como dizer-te que cem memórias em mim te procuram, que cem ideias em mim te procuram? Como dizer-te que me lembro de ti em cada espaço desta cidade? Como explicar-te que nos cruzámos num contexto inesperadado que parecia provisório e se foi tornando tragicamente definitivo?
Já tenho saudades dessa tua alegria contagiante. Das ideias saídas do nada. Das perguntas sem sentido. Dos teus gestos exuberantes.Quando tu falavas eu acreditava. Porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos só nossos.
Nós esgotámos a felicidade possível. O tempo não pára, mesmo quando parece que sim, e parecia que sim.
Tenho de te deixar partir, mesmo que isso seja irreparável. Mesmo que parte de mim se esfume. Não te zangues. Tenho de te deixar partir. Vou dizê-lo até me convencer.
Já foi. Partiste de mim. Já só restam sombras do que fomos. É melhor assim. Não estou feliz, mas quando não me assola aquele sentimento agridoce da saudade, algo "between the pain and the pleasure", sinto que estou em paz.
Parece cada vez mais evidente que a saída de Mário Centeno do Ministério das Finanças não se deve a um "fim do ciclo", deve-se sim à necessidade de tomar medidas caras às contas públicas.
Mário Centeno sai das Finanças, mais de um mês antes de acabar o seu mandato no Eurogrupo. Porquê? Estava tudo combinado e de repente, nesse dia ia ao Parlamento uma lei sobre a sua ida para o Banco de Portugal. Teve que antecipar o anúncio de saída, pois era conveniente demitir-se do Governo antes que a lei fosse pública, para que não se dissesse que se demitiu do Governo em reação à lei.
Repare-se Mário Centeno anuncia que vai sair do Ministério das Finanças, no dia 6 de junho, horas antes da votação da generalidade da proposta de lei do PAN, que impõe um período de nojo de 5 anos para um Ministro das Finanças passar diretamente para o cargo de Governador do Banco de Portugal.
Se tivesse sido lei, e já se sabe que não vai ser, o ministro das Finanças cessante, Mário Centeno, teria de esperar cinco anos para transitar para o Banco de Portugal. Esta proposta não podia passar a lei.
Mário Centeno há muito que tinha combinado com António Costa sair das Finanças, apresentou o Orçamento Suplementar e já nem o defendeu, saiu, tal como combinado. É que António Costa tinha uma nova coqueluche no Governo, Pedro Siza Vieira, menos político que Centeno, mais gestor.
De repente começaram a aparecer os "bancos" do Governo PS: a TAP e a Efacec. Sim, porque estas duas empresas estão para o Governo de Costa, como o BES e o Banif estiveram para o Governo de Pedro Passos Coelho. Pela boca morre o peixe e Centeno não quis levar com essa chapada.
Então saiu para que nacionalizassem como bem lhe aprouvessem, mas sem o seu consentimento. Saiu e pediu o lugar do seu arqui-inimigo Carlos Costa em troca, e teve-o.
Carlos Costa acabou o mandato no dia 8 de julho. Diz-se que quando Mário Centeno pediu um gabinete provisório na Almirante Reis, para regressar como quadro que sempre foi do banco central, nem se dignou a ir ter com o Governador que tutelou desde 2015 (muito contra a sua vontade) para se apresentar ao serviço.
A passagem de pastas entre Governadores vai ter de ser feita por meios digitais provavelmente, para evitar a distância social que já se impunha entre ambos, muito antes da Covid-19.
Tudo se cumpriu como combinado. Os dados lançados. O xadrez jogado. A lei anti-Centeno morreu nos primeiros dias de vida, com os partidos da oposição combinados com o Governo para a matar.
Centeno vai para o Banco de Portugal. Pedro Nuno Santos engole a TAP (são todos muito favoráveis às nacionalizações até que elas lhe caem no colo, aí começam a queixar-se da falta de capitalismo).
Pedro Siza Vieira salva a Efacec que fabrica baterias e transformadores. Pode ser que se possa usar a Efacec para dinamizar o tal carro eléctrico de que o Ministro do Ambiente é apologista.
Vais custar caro? Vai. Mais caro que o Novo Banco e talvez mais caro que o Banif, ambos tão criticados pelo atual Governo, sobretudo por António Costa, Centeno e Pedro Nuno Santos.
Lembro que a nacionalização do BPN (uma banqueta) em 2008, durante outro governo socialista, custou mais de 6 mil milhões ao Estado.
Os tempos antevêm-se difíceis.
Nacionalizar é bom como utopia do Bloco de Esquerda e do PCP, quando a realidade a isso obriga ninguém quer. O Governo atual também não a queria. Mas tal como Passos teve de levar com a resolução do BES e com a situação insolúvel do Banif, também o Governo de Costa leva agora com a inevitabilidade de ter de injetar biliões na TAP e de nacionalizar uma Efacec que promete arrastar-se na barra dos tribunais.