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A homenagem a Jorge Jesus no Brasil acompanhada ao minuto em Portugal, só vem reforçar o quanto os portugueses estão condenados à sua taquenha insegurança. Somos os mesmo que o Eça caricaturava nos seus romances no século XIX.

Desde que o treinador português, que foi do Benfica e depois do Sporting, pôs o clube do Rio de Janeiro, o Flamengo, a sagrar-se campeão do Brasil quando festejava a conquista da Taça Libertadores, que em Portugal se excedem em elogios rasgados a Jorge Jesus. São horas de diretos televisivos, páginas dos jornais, elogios nas redes sociais, exaltações de toda a ordem, comentários nas notícias online. Nem parecem os mesmos que quase o escorraçaram do Sporting, nem os mesmos que o criticavam no Benfica. 

Ainda me lembro de eu (sportinguista) ter ficado sozinha numa sala onde homens sportinguistas criticavam fortemente o então recém contratado treinador do Sporting. Não conseguia perceber, eu estava contente com a contração e fiquei mesmo com pena quando o Sporting perdeu Jorge Jesus. Mas os sportinguistas, cegos como sempre, criticaram-no à entrada e à saída. Ainda que os benfiquistas o criticassem eu percebo, foi sentido como uma traição o treinador trocar o Benfica pelo Sporting. 

Antes disso, quando se destaca enquanto treinador do Benfica, nem por isso os elogios abundavam. Nessa altura os portugueses nas redes sociais, os humoristas, os jornais, os opinion makers troçavam dos seus pontapés na gramática, do seu inglês de ZéZé Camarinha, da sua vaidade atabalhoada, do seu pensamento genuinamente pouco elaborado, da sua pastilha mascada violenta e grosseiramente. 

Quando Jorge Jesus foi para o Sporting, passei a reparar nele, e quando ouvia os seus discursos atabalhoados nas conferências de imprensa pensei, este homem é muito inteligente, e mesmo na sua forma rústica de falar, há ali alguma encenação estratégica. 

Jorge Jesus foi rei noutro país, e zás... Portugal passa a estender o tapete encarnado ao treinador. De autor do "peaners" passa a génio, a herói, a orgulho nacional. 

Os portugueses vêem mal ao perto e só enxergam bem ao longe.

Assim, ainda bem que alguém reconheceu Jorge Jesus. O técnico português, treinador do Flamengo, foi condecorado esta segunda-feira com o título de cidadão honorário da cidade brasileira do Rio de Janeiro. Jesus tornou-se o primeiro português a vencer um campeonato nacional na América do Sul, ao arrebatar, sem jogar, o título brasileiro pelo Flamengo.

Mas mais uma vez foi preciso o estrangeiro dar o certificado de qualidade para que os portugueses reconheçam o mérito no seu conterrâneo e isso não abona nada em favor do país. Portugal é um país que tem falta de auto-estima e por isso não consegue ser o primeiro a reconhecer o mérito. Os portugueses, como têm medo de arriscar e se comprometerem com um elogio, preferem a crítica e a sátira fáceis. Assim não se comprometem e (pior) não se sentem diminuídos. 

Este episódio só reforça a tese que se alguém tenta fazer alguma coisa melhor em Portugal, só encontra críticas, obstáculos, alianças negativas, invejas, adversidades. 

Portugueses, libertem-se dessas amarras antigas e não tenham medo de reconhecer genuinamente o mérito no vizinho ou, caso contrário, estarão sempre condenados a chegar sempre tarde aos acontecimentos, tarde à inovação, ao progresso e à mudança. 

 

publicado às 18:24

 

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Friedrich Hayek, economista austríaco, venceu o Prémio Nobel de Economia em 1974 e desenvolveu a sua vida académica em instituições de prestígio como London School of Economics, Universidade de Chicago (onde estudou o atual Ministro da Economia, Paulo Guedes) e a Universidade de Freiburg.

Foi um importante teórico social e filósofo político do século XX, e o seu pensamento sobre como a mudança dos preços comunica conhecimento, o que permite aos indivíduos coordenarem os seus planos, é amplamente considerada como uma das grandes proezas da ciência económica.

A ideia principal do economista era de que a economia deveria funcionar livremente e sem intervenções estatais. De acordo com Hayek, uma direção central (Estado), mesmo que bem intencionado, estaria destinado ao fracasso. Isto porque, como uma economia é muito dinâmica, o Estado nunca poderia tomar as melhores decisões para todos os indivíduos. Dessa forma, as pessoas deveriam ser responsáveis pelas decisões económicas. Sendo que cada pessoa se especializaria onde tivesse maior grau de conhecimento. Assim, segundo o economista, a economia caminharia para o desenvolvimento de longo prazo. A economia se ajustaria, principalmente, de acordo com variáveis, sendo a principal delas o preço.

Segundo Hayek, a principal causa dos ciclos económicos começa a partir de uma sinalização de taxa de juros enganosa (geralmente, juros muito baixos). Por não se constituir a taxa que se formaria em um livre mercado, ela não transmite informações cruciais que deveriam orientar as ações dos agentes económicos. Investimentos que, nesse momento, parecem corretos, serão vistos como má-alocações de recursos no futuro, sendo a recessão a fase de recuperação desses erros alocativos.

Essas questões geraram intensos debates com John Maynard Keynes, o que fez com que Hayek publicasse, posteriormente, o livro The Pure Theory of Capital (1941), e John Maynard Keynes The General Theory of Employment, Interest and Money.

Enquanto Keynes defendia a atuação estatal para conter crises na economia, Hayek defendia o ajuste automático dos mercados. Keynes, por outro lado, defendeu que o aumento de gastos públicos é necessário para elevar o emprego e assim fazer com que a economia retome o crescimento.Na psicologia, Hayek propôs uma teoria da mente humana segundo a qual a mente é um sistema adaptativo. Em Economia, defendeu os méritos da ordem espontânea. Fez trabalhos importantes sobre a evolução social, sobre os fenómenos complexos e a metodologia das ciências sociais.

Fundou a Mont Pèlerim Society com outros liberais para propagar o liberalismo no pós-guerra, entre os quais estavam Michael Polanyi, Ludwig von Mises, Bertrand de Jouvenel, Wilhelm Röpke, Milton Friedman, Frank Knight, Lionel Robbins, Karl Popper e outros pensadores de relevo.

Na América Latina, as juntas militares de Augusto Pinochet no Chile e Jorge Videla na Argentina foram pioneiras na aplicação das teorias económicas de Friedrich Hayek.

O neoliberalismo ganhou importância nas décadas de 70 a 90. A Inglaterra adotou a política  neo-liberal a partir da década de 1980 (Margaret Thatcher), com base em estabilidade de preços por meio do controle rigoroso da oferta de moeda; reduzida participação do Estado na economia; mudança nas leis trabalhistas; e amplo programa de privatizações.

Já nos Estados Unidos, o governo de Ronald Reagan promoveu um programa neoliberal bastante extenso, conhecido como Reaganomics, cujas premissas eram: Corte de impostos; Redução dos benefícios sociais; Aumento de gastos com a defesa; e desregulamentação. Muito parecido às ideias de Trump.

No mundo, uma vez que o neoliberalismo já tinha sido implementado nas grandes economias, surgiu a ideia de se recomendar as suas práticas para os países em desenvolvimento como contraparte da ajuda financeira do FMI (Consenso de Washington). Entre as medidas que os países precisavam tomar estavam liberalização financeira; liberalização do comércio exterior;
privatizações; controle nos gastos do governo (disciplina fiscal); desregulamentação; e controle da inflação.

Mas Hayek não era cego aos problemas sociais. Foi o autor de um conceito de renda básica universal. A grosso modo, todos os cidadãos teriam direito a essa renda, mas, pessoas com mais recursos a devolveriam por meio de um simples mecanismo de arrecadação: o imposto de renda.

Com uma renda básica universal, os menos favorecidos teriam acesso à uma vida digna, minimizando os problemas de desigualdade. Apesar de não ter sido implementada em nenhum lugar do mundo, alguns académicos ainda acreditam que será adotada no futuro, quando a sociedade se der conta que o crescimento, sozinho, não elimina totalmente o desemprego ou o trabalho precário.

Fonte: Wikipédia e outros blogs sobre o assunto (Suno Research e Mais Retorno)

publicado às 22:28

Milton Friedman: o que é o neo-liberalismo.

por Maria Teixeira Alves, em 18.11.19

Há outra lição a tirar desta explicação de Friedman. É que a condição para o entendimento das fações, dos povos, dos partidos: é o “impessoal”. É isso que faz o free-market, retira a pessoa e as suas emoções (geralmente más) da equação.

 

 

publicado às 22:25

É o que temos!

por António Canavarro, em 12.11.19

Para que serve votar em alguns partidos se o direito a terem uma voz na Assembleia da República é limitada ao máximo?

É uma situação caricata e no máximo perigosa para uma “mediana democracia” como é a nossa!

Tenho a sensação de que os políticos portugueses vivem numa lógica de “favas contadas”, i.e., limitando-se aos resultados, esquecendo-se, desde logo, do elevado número de eleitores que se absteve e, principalmente, dos portugueses que escolheram outros projetos políticos, quer gostemos ou não deles.

Durante muito tempo as pessoas (mais ligadas à política) ficaram preocupadas com a emergência de uma força dita de extrema-direita e populista no Parlamento, o Chega. Esquecendo-se de que, com atitudes destas - regimentais – estão a dar pasto para que estas forças cresçam em futuros atos eleitorais. Mas é o que temos!

publicado às 22:05

Montepio: Mais um banco vítima das lutas de poder

por Maria Teixeira Alves, em 10.11.19

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Decorria o ano 2007 quando uma luta interna pelo comando BCP moveu as forças mais subterrâneas da sociedade portuguesa para a, então chamada, "renovação" da liderança do banco. O resultado da luta de poder que pôs os administradores próximos de Jardim Gonçalves (e o próprio fundador do BCP) fora do banco – depois de suspeitas criadas por denúncias internas junto dos supervisores, relacionadas com offshores que tinham crédito do banco e não tinham beneficial owner – foi o que se viu. O BCP perdeu milhões de valor em bolsa. Arruinou acionistas (incluindo o contestatário Berardo).  Chegou ao ponto de ter prejuízos. O crédito malparado ainda hoje é dos mais elevados do setor. Passou por um período de ajuda estatal de 3 mil milhões. O Banco passou o cabo das tormentas. Tudo em nome de uma renovação geracional, de uma luta de poder, de um movimento de massas que se juntou num ódio colectivo a Jardim Gonçalves e aos históricos administradores do BCP. 

É preciso que se diga que hoje, com a legislação do fit & proper em vigor, dificilmente aquilo que se passou no BCP se teria passado assim. Para começar Paulo Teixeira Pinto nem tinha passado no crivo do Banco de Portugal para CEO, por falta de experiência no retalho. Mas adiante.

Serve este recuo aos tempos idos da guerra do BCP, para dizer que o Banco Montepio insiste em repetir o mesmo erro e persiste em ir pelo mesmo caminho.

As lutas de poder dominam o grupo Montepio com o mesmo eco na sociedade que teve em tempos o BCP de Jardim Gonçalves. No caso do Montepio as lutas de poder são em dose dupla: na Associação Mutualista e no Banco Montepio.  Mas tal como no BCP, corremos o risco de os arquitetos da disputa do poder, à força de "quererem matar a mosca, partirem a lâmpada".

Desde que saiu José Félix Morgado, o CEO do Banco que se degladiou com Tomás Correia (presidente da Associação Mutualista) e que acabou por sair antes do fim do mandato, que o banco anda em bolandas no que toca à Governance da instituição financeira. Os pedidos de registo de CEO ao Banco de Portugal sucedem-se e até hoje (e esta administração do Banco Montepio tomou posse no dia 19 Março de 2018) o Conselho de Administração, a Comissão Executiva, a Comissão de Auditoria e o Comité de risco ainda não estão completos.

No dia 14 de Dezembro de 2017 tinha sido conhecido (por uma notícia do Jornal Económico depois confirmada pela Associação Mutualista) que Nuno Mota Pinto fora o escolhido pela Associação liderada por Tomás Correia para CEO da Caixa Económica Montepio Geral, substituindo José Félix Morgado. Mas no dia 21 de fevereiro o Público divulgava que “dois membros do conselho geral da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) afirmam que nas listas para os órgãos sociais da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), em análise no Banco de Portugal, há quem tenha tido, até Dezembro do ano passado, créditos em atraso, razão pela qual questionam as condições para gerir a instituição financeira”. Nuno Mota Pinto teria no antigo BES um crédito no valor de cerca de 80 mil euros que esteve em incumprimento, situação que levou o Novo Banco a colocar o seu nome na lista dos devedores do Banco de Portugal (BdP), noticiou depois o Expresso que diz que “a situação foi regularizada em meados de Dezembro de 2017". 

Estava passada a certidão de óbito à avaliação e adequação de Nuno Mota Pinto para a liderança executiva da então Caixa Económica Montepio Geral.

Nuno Mota Pinto acabou recusado pelo supervisor por não ter currículo na banca de retalho que lhe permitisse assumir a presidência executiva do Montepio.

Na mesma lista Francisco Fonseca da Silva, dono da Food4Kings, foi indicado para chairman do Banco Montepio, mas acabou por não ter luz verde do Banco de Portugal para ocupar o lugar. Em causa estava o facto de as empresas do gestor acumularem empréstimos no valor de 2,2 milhões de euros junto do banco. Isto em Fevereiro de 2018.

No dia 9 de Março de 2018, Carlos Tavares, ex-presidente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), é convidado para presidir ao conselho de administração da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG). O convite estendeu-se também à presidência da comissão executiva. No Banco de Portugal o pedido do registo de Carlos Tavares admite que o gestor acumulará funções enquanto não for indicado um nome para uma das funções. Carlos Tavares entra inicialmente para a função de CEO, mas depois com a conversão do Montepio Investimento a BEM (Banco de Empresas Montepio), decide ser chairman do Montepio.

O ex-diretor do Banco Mundial, Mota Pinto, continuou a fazer parte da lista para os órgãos sociais do banco mas apenas como administrador executivo. Com o chumbo de Nuno Mota Pinto para CEO, a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), liderada por Tomás Correia, que já havia enviado ao Banco de Portugal uma lista com os nomes para os órgãos sociais do banco, teve de os alterar. 

A 15 de Março de 2018, Banco de Portugal dá luz verde a Carlos Tavares no Montepio. Da nova administração fazem parte ainda Nuno Mota Pinto (vindo do Banco Mundial e inicialmente indicado para presidente do banco), Carlos Leiria Pinto, José Mateus, Pedro Alves, Helena Costa Pina e Pedro Ventaneira. Já como administradores não executivos foram nomeados Amadeu Paiva, Rui Heitor, Luís Guimarães, Vítor Martins e Manuel Teixeira, isto depois de Félix Morgado, ter estado quase três meses à espera de ser substituído, deixando o banco em gestão corrente.

Leandro Silva iniciou, no dia 9 de Novembro de 2018, funções de administrador executivo do conselho de administração da CEMG. Trata-se do ex-chefe de gabinete de Carlos Tavares no Ministério da Economia. Com Leandro Silva chega também outro administrador da confiança de Carlos Tavares: Carlos Alves que tinha trabalhado na CMVM com o ex-presidente dessa comissão.

Em fim de Novembro de 2018 Dulce Mota, então à frente do ActivoBank, foi convidada por Carlos Tavares e aprovada internamente para administradora executiva da Caixa Económica Montepio Geral. Dulce Mota é aprovada pelo Banco de Portugal e assume a função de administradora executiva para a rede de retalho.

O Jornal Económico já tinha avançado que Carlos Tavares seria chairman do banco, em substituição do primeiro nome proposto, o de Francisco Fonseca da Silva, chumbado pelo Banco de Portugal por ter relações comerciais com o próprio banco. Com este novo modelo de governação, a Associação Mutualista, dona do banco, cria uma solução temporária que permite ganhar tempo até encontrar um novo CEO com um perfil diferente do de Nuno Mota Pinto: isto é, com maior experiência na banca de retalho.

Álvaro Nascimento (que tinha sido chairman da CGD) é o nome proposto pela Associação Mutualista Montepio Geral para o cargo de chairman do Banco Montepio, função que era então ocupada por Carlos Tavares em acumulação com a de presidente executivo. Estamos em Agosto de 2018. Mas no final desse mês de Agosto, o nome do chairman para o Montepio foi discutido em conselho geral, mas sem obter consenso. Em causa está um artigo de opinião que escreveu no Negócios conta uma medida de Tomás Correia: Duvida da "seriedade" com que se aplicaram créditos fiscais de 800 milhões à Associação Mutualista para reverter real "situação insustentável".

Mas Carlos Tavares não pode acumular as duas função de Chairman e CEO indefinidamente. Tem de escolher uma delas. A 16 de Dezembro de 2018 Carlos Tavares quer João Ermida chairman do Montepio.

Embora inicialmente João Ermida tenha sido sugerido pelo ex-presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários para CEO do banco, foi recusado pelo regulador para executivo. Face à recusa, Carlos Tavares optou por inverter as funções e manter-se como presidente do banco e tentar nomear João Ermida chairman. 

A 3 de Janeiro de 2019 é noticiado que o presidente da Associação Mutualista e o presidente do Montepio apoiam o nome de João Ermida para ocupar o lugar de "chairman" do banco. 

João Ermida foi assim o nome proposto por Carlos Tavares para chairman do banco Montepio no fim de 2018, mas também não foi aprovado no processo de fit & proper pelo Banco de Portugal por não ter experiência recente na atividade bancária e não cumprir, assim, as condições para o registo de idoneidade. A proposta de João Ermida para ocupar o cargo de "chairman" foi então sido substituída por uma outra para que seja administrador não executivo.

A resposta positiva do supervisor chegou a 16 de Maio, sendo que a Associação Mutualista tinha um prazo de 60 dias para eleger João Ermida para a administração, o que acabou por não acontecer dentro do prazo que terminou a 16 de Julho. O nome de Ermida é assim novamente afastado da administração do banco, que conta com uma equipa de 15 elementos.

Entretanto nasce o BEM - Banco de Empresas Montepio, que era o Montepio Investimento. Carlos Tavares quer liderar este projeto e equaciona a possibilidade ser chairman do Banco Montepio e CEO do BEM, mas o Banco de Portugal (BdP) não autoriza que Carlos Tavares seja ao mesmo tempo Presidente do Conselho de Administração do Banco Montepio (chairman) e CEO (presidente executivo) do recém rebaptizado BEM -Banco de Empresas Montepio. Este modelo acabou por não ser remetido para o BdP, pelo que a solução que está prevista é Carlos Tavares manter-se como chairman dos dois bancos.

Carlos Tavares passou assim a "chairman" do Montepio e deixou de acumular os dois cargos - de presidente e presidente executivo - algo que acontecia desde que entrou no banco. Isto é, acumulou as duas funções durante quase um ano, quando o Banco de Portugal impõe a separação de funções.

No dia 12 de Fevereiro de 2019, Dulce Mota, vice-presidente da comissão executiva, assume a presidência executiva do Banco Montepio e Carlos Tavares passa a exercer o cargo de chairman, depois do nome de João Ermida não ter passado nos testes do Banco de Portugal. 

Dulce Mota foi convidada por Carlos Tavares para a comissão executiva do Banco Montepio para o cargo de vice-presidente da instituição financeira. No entanto, em Fevereiro foi apresentada como uma solução interna e temporária para resolver o problema de acumulação de cargos, uma vez que o ex-presidente da CMVM passou para chairman do banco. 

Em Julho, enquanto se esperava que Carlos Tavares pudesse assumir  a função de CEO do BEM e de Chairman do Banco Montepio, o nome de Dulce Mota para CEO era visto como a solução natural.

Mas em Novembro de 2019 o nome de Dulce Mota, atual CEO do banco, continua a não ser confirmado no Banco de Portugal. O seu nome foi apresentado como uma solução interna e temporária para resolver o problema de acumulação de cargos, uma vez que o ex-presidente da CMVM assumia as funções de CEO e de chairman.

Pelo meio, a Associação Mutualista exigiu que o Conselho de Administração do banco levasse o perfil de Dulce Mota para CEO à Comissão de Remunerações, Nomeações e Avaliações (um órgão do Conselho de Administração) para que este produzisse um relatório para enviar para o Banco de Portugal a pedir uma alteração de funções para Dulce Mota assumir em pleno a função de CEO. Mas em meados de Agosto, Carlos Tavares já em ruptura com a CEO interina, limitou-se a requerer à Comissão que definisse o perfil que se exige a um presidente de executivo (CEO) de uma instituição com as características da que é detida pela Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG). Foi um marcar passo.

No início de Agosto, Luís Guimarães comunicou a Carlos Tavares que se demitia do cargo de presidente da Comissão de Auditoria do Banco Montepio (BM) e, por inerência, ao cargo de administrador não executivo, alegando, entre outros aspectos, falta de condições para exercer a função de forma independente.

A 6 de Setembro, a renúncia de Luís Guimarães aos dois cargos, de vogal não executivo do conselho de administração do Banco Montepio e presidente da comissão de auditoria da instituição financeira, foi anunciada formalmente ao mercado.

Depois da saída de Luís Guimarães, em meados de Setembro, o Banco de Portugal enviou uma carta à Associação Mutualista Montepio Geral e ao Banco Montepio a pedir que fossem encontradas soluções de estabilidade governativa do banco, entre as quais, a questão da CEO do banco. Na carta, enviada na sequência da demissão, em Agosto, de Luís Guimarães da administração do banco e da presidência da comissão de auditoria, o regulador chamou à atenção para a Associação Mutualista, dona do banco, resolver as questões da definição do CEO, da comissão de auditoria e da composição dos órgãos sociais, noticiou o Jornal Económico.

Com o tempo a passar, aproximava-se a decisão do regulador dos seguros, ASF, sobre a avaliação da idoneidade do conselho de administração da Associação Mutualista, mais precisamente de Tomás Correia, que tinha sido reaberta na sequência dos processos de contra-ordenação movidos pelo Banco de Portugal ao ex-presidente do banco. Tomás Correia, com a ajuda desta carta de pressão do BdP, exige que Dulce Mota seja confirmada como CEO. 

Mas em 18 de Outubro é noticiado pelo Económico que Pedro Gouveia Alves é o escolhido para CEO do Banco Montepio pela Associação Mutualista Montepio Geral e pelo Presidente do Conselho de Administração do Banco Montepio, Carlos Tavares.

O nome de Pedro Gouveia Alves já fora comunicado ao Banco de Portugal para a função que hoje está a ser desempenhada temporariamente por Dulce Mota. A idoneidade do gestor já foi certificada pelo regulador para o cargo de administrador não executivo do Banco Montepio e para a função de presidente da IFIC (instituição financeira de crédito) Montepio Crédito. Por isso tratava-se de um registo de mudança de funções. Uma carta do Banco de Portugal com data de 31 de Outubro revela que o Banco de Portugal encerra o processo de autorização para o exercício de funções de presidente da comissão executiva, por não estar completo todo o elenco do órgãos de administração do banco, que era uma condição do banco.

Até 31 de Outubro Tomás Correia e Carlos Tavares não se entenderam nos nomes em falta para administradores não executivos, presidente da comissão de auditoria e comité de risco.

A informação que a ASF vai ‘chumbar’ registo de Tomás Correia na Mutualista Montepio Geral muda o decurso das nomeações e a guerra das cadeiras assume novos contornos.

No final de Outubro deste ano, na reunião da saída de Tomás Correia, o presidente da Mutualista fez elogios rasgados à CEO interina e foi criticou Carlos Tavares, por não ter dado espaço e autonomia a Dulce Mota.  O chairman do Banco Montepio tinha acabado de explicar aos conselheiros qual é a situação e quais são as perspetivas da instituição bancária. Ao seu lado, apesar de há muito estarem frontalmente incompatibilizados, estava Dulce Mota, presidente-executiva interina do banco, cuja apresentação se focou no negócio de banca de retalho do Montepio 

No dia 31 de Outubro, no mesmo dia em que chegara a carta do Banco de Portugal, a revelar que não havia problema com Pedro Gouveia Alves, mas sim com a composição do Conselho de Administração como um todo, o Observador noticia um relatório da Deloitte que pode matar a avaliação de Pedro Gouveia Alves para CEO. Uma denúncia anónima a reportar factos de 2009 ao Banco de Portugal põe Pedro Gouveia Alves mais longe do registo de CEO do Banco Montepio. 

O Observador noticiou que Pedro Alves liderou em 2009 a equipa que criou uma estratégia que mitigou os rácios de crédito vencido no início da crise económica, especificamente no crédito à habitação concedido a particulares. A campanha passava por criar soluções que permitissem passar o crédito de vencido a vivo. A Deloitte, na auditoria especial feita ao Montepio em 2015, disse que esta campanha foi “prioritariamente dirigida ao melhoramento de rácios financeiros e não à recuperação de montantes correspondentes a crédito concedido e não recuperado”. Era “o não reconhecimento como estando em dívida de montantes que se deveriam considerar vencidos, com o tratamento contabilístico adequado, nomeadamente no que se refere à constituição das provisões impostas pelas regras”.

Esta auditoria da Deloitte chegou ao supervisor e o processo entrou em análise imediatamente, quer pelo BdP, quer pela Comissão de Remunerações do Banco Montepio. 

O nome de Pedro Gouveia Alves para CEO é até alvo de um comentário de Marques Mendes no programa de domingo seguinte, tecendo fortes criticas. 

Lá cai mais um CEO do Montepio antes de o chegar a ser. O banco central continua a avaliar Pedro Alves, mas o presidente do Montepio Crédito retira-se do processo. Aliás, Carlos Tavares já está à procura de um novo CEO, para o qual Tomás Correia tem de estar de acordo, uma vez que só sai da Associação Mutualista em 15 de Dezembro. A não ser que o processo se atrase até lá... o que não é nada que não possa acontecer.

Entretanto na Associação Mutualista abre-se outra frente de guerra de poder com a saída anunciada de Tomás Correia. O  nome de Virgílio Lima para o substituir é dado como certo. Desde então que se movem forças subterrâneas para o impedir. Começa com a contestação à aprovação do projeto dos novos estatutos, depois surge a notícia que Virgílio Lima , atual administrador da associação, está a ser contestado internamente e que Idália Serrão e Luís Almeida poderão ser ponderados.

O sucessor de Tomás Correia, Virgílio Lima, está longe de criar um consenso dentro da Associação Mutualista Montepio Geral. O jornal Sol noticia que o gestor indicado para futuro líder da entidade é criticado por «não tomar decisões».

Também a proposta de alteração parcial dos estatutos, aprovada esta semana por 98% dos votos, poderá não receber luz verde por parte do Ministério do Trabalho e da Solidariedade, que regula a Mutualista, tal como foi definida, noticiam os jornais. 

A guerra continua. Esperemos que o final não seja mais um banco resolvido.

publicado às 20:57

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por Maria Teixeira Alves, em 10.11.19

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Tejo e chuva

por António Canavarro, em 06.11.19

Isto é uma espécie de provocação. Chove e irá chover nos próximos dias. Matos Fernandes, deste ponto de vista, com a minha janela para o mundo, até poderá ter razão quando afirmou que o Tejo não está seco. Para o Senhor Ministro esta afirmação faz lembrar um velho jogo de palavras, ou seja:  "um copo meio cheio" é o mesmo que "um copo meio vazio"? Na realidade isto nem importa muito porque para nós, com vista para o Tejo, (ou melhor dizendo o "meio Tejo"), i.e., bem longe do Tejo visto da Praça do Comércio, está seco. Ponto final.

Portanto, e como não queremos "que chova mo molhado", já que não nos leva a lugar nenhum, ouvimos este clássico "Why does it always rain on me?", dos Travis.

Soa a molhado, mas soa, não obstante o tempo em que foi escrito, 1999, muito bem!

 

 

publicado às 11:11

Mas tu não

por Maria Teixeira Alves, em 06.11.19

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Porque

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen

publicado às 11:02

Política na era do ressentimento

por Maria Teixeira Alves, em 03.11.19

Carlos Guimarães Pinto

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Vou confessar que a ideia, que subscrevo completamente, não é minha, é do Carlos Guimarães Pinto, o líder do novo partido Iniciativa Liberal, que recentemente acabou de dar por cumprida a sua missão e abandonou a liderança do partido (pensei que a missão dele era mudar o país, mas isso são outros 500) .

Carlos Guimarães Pinto diz (num artigo de opinião do Público) que o país está estagnado há 20 anos e que se o país tivesse crescido economicamente havia empreendedorismo e meritocracia e que isso teria posto fim à inveja que tanto nos paralisa.

O Carlos diz que como o país estagnou, o bolo não chega para todos e por isso reina a inveja. O sucesso dos outros incomoda, pois como o crescimento "parco" da economia não beneficia todos, «as pessoas começam a desenvolver o sentimento oposto ao da cooperação: a inveja», diz o ex-líder da IL. Concordo.

Aí começa a saga, «os pobres culpam os mais ricos, as minorias culpam as maiorias, a que acusam de discriminação. Instala-se a política do ressentimento, do foco nas lutas pela redistribuição em vez da produção, abrindo a mais socialismo e a mais identitarismo. O socialismo cria a miséria que depois alimenta ainda mais socialismo num ciclo vicioso difícil de romper. A cultura do mérito é ultrapassada pela cultura da inveja. O foco no crescimento é substituído pelo foco no ressentimento». 

«Os socialistas nunca esconderam a sua aposta política no ressentimento. A luta de classes é isso mesmo: a aposta no ressentimento de uma classe contra a outra», escreveu o fundador da IL.

Ao longo do tempo, defende, às classes juntaram-se subgrupos: raças, etnias, sexo, situação profissional, que seguem a mesma cartilha do ressentimento em relação à "maioria".

Logo, esta coisa das minorias (sexuais e outras que tais) não passa de uma extensão da política de ressentimento tão cara à esquerda (digo eu, não o Carlos, cujo partido defende as questões fracturantes em nome da liberdade individual).

Diz ainda o Carlos que vinte anos de estagnação tornaram o país susceptível à política do ressentimento.

Por fim Carlos Guimarães Pinto diz que o Chega e o Livre, em pólos opostos, são partidos que apostaram no ressentimento como arma eleitoral.

Tudo isto para dizer que a alternativa à política do ressentimento é a política do crescimento. É a valorização do trabalho, do mérito, do risco e da iniciativa privada. 

Não posso concordar mais com a IL na parte que se refere à economia e ao liberalismo económico. Concordo 100% com a ideia que o socialismo se suporta da política do ressentimento. 

O problema é saber como que se quebra este circulo vicioso, quando a política do ressentimento das minorias afectou todo o mundo ocidental, mesmo os países ricos, e aí a tese de Carlos está incompleta. O que é o ódio ao Trump e o rótulo de racismo e outros ismos que se lhe colam senão a expressão máxima dessa política do ressentimento? (só para dar um exemplo).

Estou absolutamente de acordo que a aposta no ressentimento é um dos maiores vírus do fim do século XX e do início do século XXI. Mas será que se consegue travar esta praga? Como? É que ela alastrou aos países ricos, aos povos aburguesados e como tal culpados pelos dados lhes serem favoráveis.

Na minha modesta opinião o longo período de bem-estar da Europa e dos Estados Unidos criou um sentido de culpa que alimenta esta política do ressentimento. 

A culpa, sempre a culpa, esse motor da história. Não nos podemos esquecer que a culpa dos homens imortalizou (e bem) Jesus Cristo. 

Aproveito para dizer que o Parlamento precisa de partidos novos com pessoas novas e o Iniciativa Liberal, o Chega e o Livre são bem vindos, ainda que para já sejam apenas partidos de protesto. 

By the way, André Ventura mostrou ser um bom parlamentar. A tropa do politicamente correcto ainda vai ter de engolir um grande sapo no futuro. Veremos.

publicado às 22:09

Padrões ingleses

por Maria Teixeira Alves, em 01.11.19

Vamos lá a saber distinguir os padrões ingleses:

LQMT0210.JPG

Depois há o Tweed:

tweed.jpg

e o Country Gun Club Tweed:

Country club tweed.jpg

publicado às 23:07


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