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É isto...

por António Canavarro, em 22.08.19

 

publicado às 16:22

A propósito do incêndio na Amazónia

por António Canavarro, em 22.08.19

Quando leio que parte da nossa dita floresta está a arder, o que não é mais do que um conjunto de árvores, e não uma floresta na verdadeira acepção do termo, fico triste. Fico irritado quando estes incêndios, como já aconteceu destroem casas e ceifam vida humanas.

A maioria dos casos, seja por loucura pirómana ou por interesse estratégico de alguns, são fogos postos.

Porém acontece, e num contexto a todos níveis mais grave, que Amazónia – isso sim é uma floresta – está a arder há mais de meio mês a questão é bem mais grave. E o pior é que não se trata de um problema dos brasileiros e demais estados sul-americanos. O efeito é tão grave, como grave foi a ideia populista e propagandista de Donald Trump, em querer rasgar os Acordos de Paris, anunciando ao mundo a reabertura das minas de carvão nos Estados Unidos.

Vivemos em tempos diferentes, em tempos diferentemente perigosos, onde a noção de futuro parece estar fora da equação: este é o verdadeiro perigo do populismo. Pensar o presente como um absoluto em detrimento do futuro dos seus concidadãos, e o nosso também!

P.S. - Coloco aqui o comentário, e com o qual concordo em absoluto, de um amigo do facebook.

"Quando a cúpula da Catedral de Notre Dame se incendiou, foram aberturas de telejornais, horas de directos nos vários canais de informação, manifestações (justas) de pesar e lamento pela destruição de património histórico-cultural, foram angariados centenas de milhões de euros para a respectiva reconstrução...
Agora temos a Amazónia a arder há 17 dias, e não vejo aberturas de telejornais, horas de directos nos canais de informação, debates sobre o tema, etc, etc...
Um dos pulmões do planeta arde de forma dantesca e parece que é algo de normal...
Os poderes instituídos assobiam para o lado e deixam que uma catástrofe desta dimensão decorra "alegremente"...
Espero que não, mas se calhar irá chegar o dia em que perceberemos que o dinheiro não serve para comer e beber..."

publicado às 16:13

Não posso deixar de elogiar o título de um artigo publicado no site da Comunidade da Cultura e Arte sobre o último (9º) filme de Tarantino: “Era Uma Vez em… Hollywood”, de Quentin Tarantino: para acabar de vez com a verdade. Isto porque resume numa ideia o argumento do realizador. Tarantino aproveita a sétima arte para reescrever a história macabra do célebre assassinato em série da então mulher de Roman Polanski, Sharon Tate, e de todas as pessoas que estavam na casa da atriz em Cielo Drive, Los Angeles, quando esta estava à espera de bebé a menos de um mês de dar à luz, praticado pelos hippies liderados pelo louco do Charles Manson, em agosto de 1969, como todos gostavam que tivesse sido.

Tarantino sabe que a verdade não tem qualquer papel na arte. A arte é do domínio das ideias, do desejo, da profundidade, da maturidade. 

O filme de Tarantino é uma espécie de evocação aos clássicos westerns. Há um cowboy bom, o herói (Cliff Booth) e um cowboy mau (Tex Watson, um dos assassinos de Sharon Tate), que no filme aparece mesmo a cavalo no rancho ocupado pela comunidade hippie de Manson. Mas já lá vamos.

Quentin Tarantino não está  minimamente interessado na “verdade” da história do macabro Caso Tate-LaBianca, e junta no seu filme, história e ficção, dando mais destaque à ficção. Há factos históricos sabiamente misturados com factos e personagens fictícias. Dessa mistura surge uma nova imagem, bela e potente com a assinatura Tarantino. 

A personagem principal é um duplo (Brad Pitt, mais sexy que nunca) do ator Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), antiga estrela de filmes e séries de ação e figura de proa em westerns. Rick Dalton era um astro de westerns, cujo auge televisivo aconteceu durante a década de 1950 e que com a época do flower power (hippies) passam à condição de filmes ignorados e malditos. Os spaghetti western são, aliás, apontados como solução para reabilitar a carreira decadente do ator que já virara alcoólico em resposta à crise de autoconfiança.

Rick conta com o apoio moral do seu duplo de cinema, Cliff Booth (Brad Pitt), sem dúvida o melhor personagem do filme, e que é a representação da calma e tranquilidade, o elemento que nos diz que tudo vai ficar bem, pois é quem dá o final feliz típico de uma Once Upon a Time story.

Tarantino corrige a história verdadeira de 9 de agosto de 1969 e põe os três hippies seguidores de Charles Mason a entrar na casa errada (do ator e duplo fictício) e a cruzarem-se com Cliff Booth (que estava igualmente drogado como os loucos hippies), e que, bem à medida dos heróis de Tarantino, é uma arma letal tenuemente disfarçada de ser humano, como já li algures.

Cliff Booth é o típico homem viril, misterioso, sobre quem paira a ambiguidade de ter matado (ou não) a sua mulher, tal e qual os clássicos heróis dos westerns dos anos 50. Paralelamente há aqui uma ténue alusão ao caso Natalie Wood o marido Robert Wagner. Natalie Wood, então com 43 anos, foi encontrada afogada em 29 de novembro de 1981, quando navegava perto da Ilha Catalina, na Baía de Los Angeles, com seu segundo marido, o ator Robert Wagner, o ator Christopher Walken, amigo do casal, e o capitão do iate “The Splendor”. O marido é o principal suspeito.

Cliff, tal e qual os heróis dos velhos westerns, é humano. Faz pequenas reparações na mansão de Rick, é o seu melhor amigo, confidente e também motorista. Guiar despreocupadamente pelas ruas de Los Angeles onde o realizador cresceu dá origem a cenas de verdadeira nostalgia e invoca a estética sublime de Tarantino. A música também volta a ser protagonista do filme de Tarantino, tal  como já estamos habituados.

Mas à parte da arte pura e dura é possível ler algumas críticas nas entrelinhas.

O filme é uma crítica ao movimento hippie (que era a esquerda ideológica da época). Movimento esse que acaba precisamente com  a carnificina levada a cabo pela seita de Charles Manson no número 10050 de Cielo Drive, em Los Angeles. Reza a história que a seita hippie queria provocar uma guerra racial para acabar com a classe alta. Paradoxalmente (para não usar a palavra hipocritamente) esses hippies eram os mesmos que condenavam o envolvimento dos EUA na guerra do Vietname, por causa das elevadas mortes de soldados norte-americanos. 

Mas há também críticas à superficialidade de Hollywood. Leonardo DiCaprio (Rick Dalton) é a face da solidão da fama, é face do esforço e do falhanço, mas também do egocentrismo e procura de atenção como condição de existência.

 Claro que está também presente o típico humor que se vê nas obras de Tarantino juntamente com a clássica violência sanguinária que, desta vez, tem a particularidade de imitar a vida real, pois os crimes praticados pelos hippies do Manson não ficaram atrás dos representados por Tarantino, pelo contrário.

Existem vários storylines ao longo do filme. São retratados momentos particulares do dia-a-dia de cada personagem como forma de os dar a conhecer melhor e de os desenvolver no meio do ambiente onde se encontram, mas tudo caminha para aquele desfecho da tentativa de assassinato de Rick, Cliff e Francesca (a italiana de Rick, agora estrela dos Western Spaghetti), mas que o verdadeiro herói cowboy, com o seu cão, trata de virar o feitiço contra o feiticeiro. Vitória, acabou-se a história e os assassinos históricos são assassinados no cinema por Tarantino. Sharon Tate (Margot Robbie) retrata no filme a inocência, a felicidade, a juventude e a loucura em L.A nos anos 60. Tarantino dá-lhe apenas o papel de referência histórica. Assim como a Polanski que aparece fugazmente.

Há ainda lugar ao aparecimento de um Bruce Lee convencido (estavam na moda os seus filmes na época) e um Steve McQueen um dos atores mais populares da época por filmes como “A Grande Evasão”. O curioso é que Steve MacQueen estava convidado para jantar em casa da Sharon Tate naquela fatídica noite, mas por sorte não foi, por causa de uma namorada nova. Talvez por isso apareça no filme.

O 9º filme de Tarantino é um desfile de estrelas do cinema. Mesmo com papéis pequenos vemos várias estrelas de Hollywood neste filme (Luke Perry, Al Pacino, Kurt Russel, entre outros).

publicado às 13:32

Dizem que é de Fernando Pessoa

por Maria Teixeira Alves, em 15.08.19

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publicado às 10:04

Frases banais

por Maria Teixeira Alves, em 12.08.19

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publicado às 17:48

Viajar...

por António Canavarro, em 12.08.19

"O viajante necessita não tanto de uma visão teórica mas antes da aptidão da Visão"

Michel Onfray, filósofo normando, fundador da  Universidade Popular de Caen, de ensino gratuito, através da Quetzal, na colecção oferecenos  "Terra Incógnita" oderece-nos "Teoria da Viagem - Uma Poética da Geografia". Um livro que li este fim-de-semana, fechado entre as paredes do meu mundo.

É um obra deliciosa, obrigatória para quem gosta de ler, de pensar o que lê, e, claro, de viajar.

Arrebatador!

 

publicado às 15:04

Isso mesmo Woody

por António Canavarro, em 12.08.19

Eu estou com Woody Allen e com Miguel Esteves Cardoso quando este escreveu que o "Amor é fodido".

"Amar é sofrer. Para evitares sofrer, não deves amar. Mas, dessa forma vais sofrer por não amar. Então, amar é sofrer, não amar é sofrer, sofrer é sofrer. Ser feliz é amar, ser feliz, então, é sofrer, mas sofrer torna-nos infelizes, então, para ser infeliz temos que amar, ou amar para sofrer, ou sofrer de demasiada felicidade - espero que estejas a perceber"

 

publicado às 14:53
editado por Maria Teixeira Alves às 17:47

À procura de Proust (e não dar o tempo por perdido)

por António Canavarro, em 07.08.19

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Há Pessoa. E amo-o profundamente! Pudera - e mesmo num curso de relações internacionais -  foi graças a ele, e as diversas conjugações do seu universo, que tive o maior sucesso universitário. Um saboroso 18!

A cadeira era “História e Cultura portuguesa”, o que convenhamos tem sentido, se pensarmos que as relações internacionais é, ou deveria ser, um ninho de futuros diplomatas. E um representante no estrangeiro que desconheça as suas raízes não é – mesmo que seja bom em jogadas diplomáticas – lá grande coisa!

Não sei se um diplomata americano ou russo conheça grande coisa, não obstante as suas dimensões pretéritas, do seu passado. Também, convenhamos, pouco importa! O realismo diplomático, muitas vezes, para não dizer (quase) sempre está nas tintas para o passado. Por outras palavras: se conhecessem os horrores de uma guerra, talvez elas desaparecessem!

Acontece que não quero falar de guerras, nem tampouco da natureza “avariada” da natureza humana, condicionada invariavelmente pela relação espácio-temporal, que salpica os meios de informação de sangue.

O objetivo é outro: a memória, mesmo que esta seja uma pergunta para milhares de euros em qualquer concurso televisivo. Pois é! Todos ouvimos falar de Proust ou da (sua) incansável “procura do tempo perdido”, mas ninguém (ou muitos poucos) o leu! - O mesmo digo eu: aplica-se a Pessoa!

Quantos portugueses – e eu incluo-me nesta (natural) estatística – leram as suas obras ou (inclusive) ouviram falar da sua existência: poucos. Muitos poucos. É o mesmo o que esta realidade nos oferece, ou seja: a cultura chega cada vez mais de um modo indireto, até porque as pessoas, nas suas diversas impossibilidades, e graças ao tempo conhecem a realidade não a conhecendo. Isto é: quantos não foram a Veneza ou dizem conhecer Proust sem saírem dos seus cosmos? Uma wikipedia não vale tudo!

Da minha parte há uma decisão, e depois de ter lido uma edição comemorativa do "Le Poin" a respeito do centenário do célebre escritor francês, procurar o tempo perdido!

Talvez ainda o consiga apanhar!

publicado às 01:22

Escrito na pedra

por António Canavarro, em 05.08.19
«A arte necessita da filosofia, que a interpreta para

dizer o que não é capaz de dizer, ao passo que isso

só pela arte pode ser dito, ao não dizê-lo.»

Adorno

publicado às 16:12


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