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O título, confesso, é retirado do livro da Agustina, "Pessoas Felizes", mas adoptei-o (é fácil adoptar ideias da Agustina).
Serve isto de pretexto para um post algo confessionista sobre o poder da inocência na dinâmica das relações humanas.
Inocência que fiz sempre questão de perservar.
Um dia disseram-me que havia uma menina de 15 anos dentro de mim e que emergia facilmente. Achei que havia algo de sábio nessa observação. Às vezes as coisas mais importantes saem da cabeça das pessoas mais triviais.
A inocência é a porta para tudo o que é importante, sem inocência tudo é calculista e perverso. Eu penso que o ter conseguido manter uma certa dose de inocência me tornou mais importante do que todo o meu conhecimento e estética. Ter um bom boneco (sei que tenho) não chega e ter uma perspicácia fora do comum também não. Já a inocência permanente pôs-me no mapa (há quem lhe chame bondade). Para o bem e para o mal. A inocência atrai o melhor e o pior dos outros.
A inocência e a sua importância na humanidade devia ser alvo de um qualquer tratado sobre a natureza humana.
Agustina escreveu um dia que a inocência é a mais excepcional e a mais temível das estruturas humanas, penso que a lucidez de Agustina não desilude também aqui.
Eu sempre procurei conservar um lado inocente, o que me dá uma distância saudável face a tudo o que é calculista e material e nessa medida dá-me uma certa liberdade, mesmo que o fascinio que essa inocência exerce possa acabar por redundar numa prisão.
A importância da inocência no amor, por exemplo, é algo subestimado nas análises sobre a humanidade.
Eu acredito que devo à minha inocência e à minha sinceridade, e à consequente postura direta e destemida, tudo o que conquistei.
Pedras no caminho? Se tiver que deixar pessoas pelo caminho, mesmo que com enorme dor e desgosto, deixo, porque sou fiel a essa inocência e a essa sinceridade que me põe noutra dimensão.
Já deixei pelo caminho muitas pessoas importantes. Já rasguei a alma imensas vezes para me manter fiel a mim mesma, fiel a essa sinceridade e à inocência do amor puro. Se tiver de arrastar comigo a tortura da perda, que seja. Desde que me mantenha fiel a uma sinceridade que a sociedade tende a considerar inocente.
O Português, sempre que consegue um feito de registo regozija de alegria, como se tivesse regressado aos tempos áureos: mas a História não se repete.
Depois do 25 de Abril, e com uma mão à frente e outra atrás, regressamos à casa de partida e a história foi-se, como o vento a tivesse levado.
Estamos, desde meados da década de 80 na Europa: mais por uma questão de barriga, do que de cabeça, pese embora – e nem devo ser o único a pensar assim – reconheça que o único caminho é mesmo uma rota para o federalismo, desde que este seja um sentimento generalizado. Também defendo – já foi defendido no século XIX – uma União Ibérica. Não com a Espanha, tal qual a conhecemos mas com todos os povos que compõe a Península; era bom para nós, e um “rastilho” para as demais nações europeias – e não “Estados Nação” que compõe o que é hoje a União Europeia, i.e., em que cada um tenho o direito de escolher o caminho a seguir.
Isto vem a propósito de um ensaio, comprado entre 1 quilo de carne picada, 1 litro de azeite e um par pães: chama-se “ Pode Portugal ter uma estratégia?”, escrito por Bruno Cardoso Reis. Só espero que seja suculento: Portugal precisa de uma estratégia, de uma estratégia (ainda não li o livro, que farei numa viagem ao norte) que passa invariavelmente por Bruxelas e os eurocratas.
O ensaio naturalmente tem a chancela da Fundação Francisco Manuel dos Santos
Isto até poderia ser uma comédia de costumes ou lá o que seja. Mas, convém (tem graça) saber que nos exames nacionais o tuga já se safa (e 10, valendo pouco, é sempre 10) em português e em matemática. O que é bem bom? Em tempos de globalização, onde a escrita é a mais abreviada possível, do tipo – e isto é mesmo literal - meter “o Rossio na Betesga, tipo: “pq” em vez de porque, etc! Assusta-me, porém, o insucesso nas provas de filosofia. Ou seja, eles até sabem escrever… mas não tem um pensamento próprio, isto para não falar – o que naturalmente vinha nesses exames, do conhecimento do pensamento dos grandes filósofos.
Em resumo: Eu penso, até sei escrever, mas (logo) vou ter uma má nota! E que falta faz a filosofia - bem mais que a nossa língua ou a linguagem universal dos números - para sabermos viver! Aliás, o que conhecerão os nossos jovens de ética? Se calhar, o mesmo que os seus pais: patavina!
E convém recordar, à boleia de um livro do Luc Ferry, que a filosofia ajuda “Saber viver”! Enfim… nem todos
Este gelado, e os galados sejam negros ou de frutas, caiem sempre bem. É o caso deste "Helado Negro", seguramente uma das boas "iguarias" musicais do ano.
Deliciem-se!
"Cada pessoa é um fenómeno que nunca mais se vai repetir em lugar algum"
Lido algures no cyberespaço: "Os excessos emocionais geram sempre a desarmonia."
Mas a memória está aqui, dentro de mim!
Tenho sempre uma necessidade, porque a rotina aborrece, de encontrar coisas novas, que me surpreendam. Seja um livro, um filme de preferência independente ou um disco de alguém ou de uma banda para mim completamente desconhecida.
É o caso dos britânicos Far Caspian, que os deixo aqui para o deleite e porque, se tudo correr bem, irão bem longe: foi uma bela escavação sonora.
Poderá o amor ser um caminho para o bem ou será um mau caminho? Poderá o amor cultivar a generosidade ou ao invés cultivar a rivalidade? Poderá o amor verdadeiro nascer do sofrimento ou pelo contrário da facilidade e da superficialidade? Poderá o amor ser um pilar de força ou uma vulnerabilidade?
Na resposta a estas perguntas talvez resida a resposta a toda a natureza humana.