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Somam 23,8 mil milhões de euros.
Por outro lado, como se pode ver, os bancos do Estado foram os que mais absorveram capital público. A CGD está à cabeça nos que mais custaram ao Estado e o BPN, que foi nacionalizado em 2008, é o segundo. Um banco muito mais pequeno que o BES custou mais caro aos contribuintes que a resolução do banco da família Espírito Santo. É só para calar a esquerda quando atiram com a carta da nacionalização.
Só não votei uma vez. Estava ausente no estrangeiro, e para uma eleição sem grande peso político. Foi quando da primeira vitória de Jorge Sampaio. Não gostei nada dessa situação. De permitir que os outros escolham por mim. Calei-me! Logo consenti!
Porém, o problema é bem mais grave: o português que ralha a torto e a direito, no tempo em que tem oportunidade de expressar o seu descontentamento, assobia para o lado! Uma situação que, embora sem fundamentos científicos, castiga - pelo menos nesta castigou - os partidos do centro-direita e a direita em geral!
Nota final: O mau resultado do Basta é, para mim, um alivio. Este país não é de populismos!
A propósito da notícia "Fundação obrigada a sustentar Berardo e família para sempre", lembrei-me deste tempo (da fotografia), em que Berardo era "amado" pelos media sempre que acusava Jardim de fazer "aldrabices" no BCP.
O mesmo Joe Berardo, que assumiu “respeitabilidade mediática” em 2007/2008 por fazer uma campanha contra a pensão de Jorge Jardim Gonçalves, o autor e fundador do BCP; e por se indignar com as regalias vitalícias do fundador do BCP, fez exatamente o mesmo na sua Fundação Berardo.
Isto só prova uma tese secular. Cuidado com os moralistas. Fujam deles. São sempre os maiores carrascos e críticos do comportamento dos outros e nas costas fazem exatamente o mesmo ou pior. São sempre os piores pecadores. São fariseus.
A propósito de um teste publicado pela TSF que ajuda a situar no espectro partidário para as eleições europeias, verifiquei que eu, que sempre me situei na direita moderada, sem ter mexido um milímetro na minha ideologia, estava hoje no partido mais à direita (CDS). Isto porque as bandeiras políticas mudaram tanto que me encostaram mais à direita.
De que falamos?
Sempre defendi que o Estado devia ser para os que precisam e não igual para todos. Sou contra um Estado paternalista, que impõe custos para os quais não corresponde com serviços. Sou por isso a favor de menos despesa pública e melhor gestão.
Sou a favor da vida, e consequentemente da promoção da família, com valorização social da paternidade e maternidade. Sou por isso contra o casamento gay e contra o aborto livre.
Mas já não sou contra a procriação medicamente assistida, precisamente porque ajuda a gerar vida quando, por vezes, a natureza não facilita.
Ora isto era coisa para me colocarem já na extrema direita.
Mas não sei como lidam depois com o facto de eu ser absolutamente europeísta e de não ser mesmo nada nacionalista. Por mim até podíamos ser espanhóis, que eu acho que até ficávamos a ganhar.
Sou a favor da imigração inteligente, da imigração que precisamos, pois só assim ajuda a economia (que se vê a braços com uma crise demográfica).
Não sou a favor do Estado Social à custa de pesados impostos para todos. O Estado Social tem de ser selectivo.
De facto deve-se apoiar os desempregados de longa duração e que não têm integração no mercado de trabalho mas, paralelamente, deve-se criar incentivos às empresas, para a contratação dessa classe de pessoas.
Sou a favor do mercado. Sou a favor das privatizações, por mim a CGD devida ser privada, pelo menos parcialmente (ou mesmo toda).
Sou a favor de uma Europa que investe em defesa.
Sou a favor de um mercado de capitais pan-europeu e por isso uma supervisão europeia. Sou a favor da União Bancária.
Enfim, mais europeísta não posso ser, mas pelo andar da carruagem corro o risco de ser considerada de "extrema direita". Lá chegará o dia em que até o Papa será visto como fascista, ou um extremista de direita.
Gostava também de lembrar que o nazismo começou com uma proletarização do poder, e por isso tem raízes socialistas. Hitler correu com a nobreza alemã do poder, provocando o seu exílio. Mais tarde torna-se racista e imperialista, mas começa como um regime dos trabalhadores, contra a elite de sangue azul e o seu poder na Alemanha.
Isto para dizer que as categorias são muito redutoras.
A sociedade portuguesa indignou-se em uníssono com as declarações de Joe Berardo na Comissão Parlamentar de Inquérito à CGD. Mas Joe Berardo, mais não fez do que blindar a sua Coleção Berardo à voracidade da banca a quem as suas empresas (não ele, pelos vistos) ficaram a dever 960 milhões de euros a três bancos - CGD, BCP e ex-BES, hoje Novo Banco (o Santander Totta também era credor, mas ameaçou executar e se o fizesse os outros bancos teriam de registar imparidades a 100% e para não registarem essas perdas o BCP prestou uma garantia ao Santander Totta que a executou, o que permitiu recuperar o dinheiro).
Sim, choca. Mas Berardo está a salvar uma coleção de arte, que está protegida por um contrato em regime de comodato com o Estado, em que as obras foram cedidas gratuitamente pela Associação Coleção Berardo à Fundação de Arte Moderna e Contemporânea — Coleção Berardo, onde o Estado tem presença.
Portanto parece-me elementar que, como parte da solução, o Estado devia comprar a Coleção Berardo e assim a associação, que tem Berardo como presidente vitalício, já teria dinheiro para pagar aos bancos.
O Estado ficou com poder de adquirir a Coleção Berardo?
Em 2016, o acordo foi renovado até 2022, quase à última da hora. Berardo diz que desta vez não foi incluído o direito de o Estado comprar dos quadros, ao contrário do que aconteceu em 2006 quando é atribuído ao Estado o direito de opção de aquisição da Coleção Berardo, a exercer entre 1 de Janeiro de 2007 e 31 de Dezembro de 2016, de modo que a mesma possa integrar de forma definitiva o património da Fundação.
Em 2006 a opção de compra da coleção tinha o valor estipulado de 316 milhões de euros.
A prestação de Berardo, bastante inconveniente, tem, nalgum ponto, razão, é que quem emprestou dinheiro a Berardo sem que houvesse colaterais para mitigar o risco tem mais responsabilidade do que o mutuário.
A CGD é que decidiu emprestar todo aquele dinheiro a Berardo para comprar ações do BCP (no caso da Metalgest, era uma empresa com 50 mil euros de volume de negócios, um EBITDA negativo e recebeu um financiamento de 50 milhões).
A CGD é que não executou a cláusula de stop loss, que impunha a venda das ações quando estas começassem a descer a um ponto que o colateral do empréstimo ficasse em risco de cair abaixo do valor do empréstimo.
A CGD é que incorporou o papel de salvadora dos interesses nacionais. Isso serviu para financiar investidores para comprar ações do BCP. Primeiro para criar um núcleo de acionistas nacionais que servisse de tampão a qualquer investida hostil de bancos estrangeiros, depois, com o aval dos supervisores, para resgatar o BCP das mãos dos fundadores.
A CGD é que não quis exercer cláusulas de stop loss, hipotecando a sua rentabilidade em nome da estabilidade financeira, em nome de não arrastar a cotação do BCP.
Esta foi a mesma CGD que aceitou as ações da Investifino na Cimpor e que depois tentou usar para salvaguardar o interesse nacional, participando numa estratégia de criação de um nucleo de acionistas portugueses na cimenteira, que fracassou.
O BCP e o Novo Banco também estão expostos a Berardo. O BCP emprestou porque estava em causa o próprio futuro do banco nos anos 2007/2008, quando Paulo Teixeira Pinto entra em braço de ferro com Jardim Gonçalves. O BES emprestou porque Ricardo Salgado também via o BES como um salvador dos interesses nacionais.
No caso da CGD, a lógica de um banco público, que está disposto a perder em nome de um bem "maior", no caso o interesse nacional, tem de ser posta em causa. Faz mesmo sentido ter um banco público. Para quê?
Comprei e li a última edição do Expresso, e destaco a entrevista ao Cardeal Giofranco Ravasi, o Presidente do Conselho Pontifício, onde discorre sobre tudo e sem filtros.
Há muito tempo que li este livro do (para mim) maior filósofo espanhol do século XX, José Ortega y Gasset, e muito bem prefaciado por Maria Filomena Molder.
Como sou um artista, porque creio que à boleia de Wild a "vida imita a arte", deixo-vos esta frase lapidar de Gasset: