Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Eu gostava que os prémios de cinema premiassem apenas cinema. Mas o mediatismo do evento torna impossível erradicar as agendas políticas. Os Óscares tornaram-se irremediavelmente numa forma de expressão das convicções políticas dos artistas e a Academia segue à risca a agenda política.
Vejamos a lista dos vencedores da 91ª edição dos Óscares – a gala organizada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Tudo começa bem nas categorias técnicas. Melhor cenografia
Black Panther; Melhores efeitos visuais O Primeiro Homem na Lua; Melhor montagem de som e Melhor mistura de som Bohemian Rhapsody; Melhor banda-sonora original Black Panther; Melhor canção original Shallow, de Lady Gaga, Mark Ronson, Anthony Rossomando, Andrew Wyatt e Benjamin Rice (Assim Nasce Uma Estrela); Melhor montagem Bohemian Rhapsody; Melhor guarda-roupa Black Panther; Melhor caracterização Vice.
Também nas curtas-metragens é o cinema que dita o prémio. Melhor curta-metragem documental Period. End of Sentence., de Rayka Zehtabchi; Melhor curta-metragem de animação Bao, de Domee Shi; Melhor curta-metragem Skin, de Guy Nattiv; Melhor documentário
Free Solo, de Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi; e Melhor filme de animação Homem-Aranha: No Universo Aranha, de Peter Ramsey, Rodney Rothman e Bob Persichetti.
Chegamos à melhor fotografia e começa a entrar a política na escolha. Vejamos ganhou o Roma, filme da Netflix, do realizador mexicano Alfonso Cuarón, deixando para trás o magnífico Cold War – Guerra Fria do realizador polaco Pawel Pawlikowski.
À medida que o mediatismo sobe aumenta a carga política na escolha.
O Melhor Argumento Adaptado foi para o filme do Spike Lee, que subiu ao palco para pedir para votarem "bem" em 2020. BlacKkKlansman: O Infiltrado, passa-se no Colorado dos anos 70, e é a história de um detective afro-americano que parte para se infiltrar e expor a Ku Klux Klan, falando ao telefone com os líderes, ganhando o respeito deles e mandando ir às reuniões em seu lugar um colega que é branco e judeu.
Spike Lee fez um longo discurso sobre os seus antepassados escravos e acabou a dizer que "as eleições de 2020 estão aí ao virar da esquina, vamos mobilizar-nos e ficar no lado certo da história. Fazer a escolha moral entre o amor contra o ódio.”
O Melhor Argumento Original também foi para um filme cuja causa política estava em evidência, apesar do mérito inegável de Green Book - Um Guia para a Vida. O filme de Peter Farrelly que acaba também por ganhar o maior óscar da noite o de Melhor Filme, conta a história de Don Shirley (Mahershala Ali), um famoso pianista negro que, em 1962, procura alguém que, durante a digressão de oito semanas que está prestes a fazer pelo Sul do país, ocupe simultaneamente os cargos de motorista e de segurança e sai-lhe na rifa um branco Tony Lip (Viggo Mortensen), um branco loiro e viril que o guia pelos EUA numa época que não deixava os pretos sentarem-se nos mesmos restaurantes dos brancos. O motorista branco de um cantor preto (ou negro, se preferirem) é um quadro demasiado tentador para uma Academia politizada.
O Melhor filme de língua estrangeira foi para Roma de mexicano Alfonso Cuarón, aqui a política não é tão visível.
Chegamos ao óscar de Melhor actriz secundária e mais uma vez a política volta à escolha a afro-americana Regina King, do filme Se Esta Rua Falasse, leva a estatueta deixando para trás Emma Stone, por A Favorita; Rachel Weisz, por A Favorita; Amy Adams, por Vice e Marina de Tavira, por Roma.
Foi também um afro-americano o vendedor do óscar de Melhor actor secundário. Mahershala Ali, por Green Book – Um Guia para a Vida
Curiosamente o óscar de Melhor actriz foi para a inglesa Olivia Colman, por A Favorita deixando a setagenária Glenn Close (no filme A Mulher) mais uma vez sem estatueta. Será Glenn Close Republicana? Ainda vamos ver a próxima causa democrata ser a ... terceira idade.
O óscar de Melhor actor foi (injustamente, quando comparado com o actor do Vice) para Rami Malek, por Bohemian Rhapsody, deixando para trás o fantástico Christian Bale, no filmeVice. Mas a Academia ia lá resistir a um actor egípcio imigrante a representar o icónico cantor gay que morreu de SIDA nos anos 80? O que é isto comparado com o retrato de um Dick Cheney que se tornou o homem mais poderoso do mundo, quando se tornou vice-presidente de George W. Bush?
Chegámos ao Melhor Realizador e zás, em tempo de muro, um mexicano. Alfonso Cuarón, por Roma.
Mas se a escolha em si não era sinal suficiente de recado a Donald Trump, o ator Bardem tornou-o claro: “Não há muros nem fronteiras que consigam conter a genialidade e o talento”.
O filme do realizador mexicano é um excerto semi-autobiográfico na Cidade do México, que discorre a vida de uma empregada doméstica numa família de classe média. O seu título é uma referência à Colonia Roma, um distrito localizado em Cuauhtémoc, no México.
Um bom realizador devia ser acompanhado de eleição para melhor filme. Mas a Academia quer eleger porta-vozes de várias causas, para subir ao palco.
Por isso o Melhor Filme, foi, como já referido, para Green Book – Um Guia para a Vida, de Peter Farrelly. O filme foi pretexto para o congressista John Lewis, que apresentou o pequeno trailer, vir dizer "posso testemunhar que o retrato pintado [por este filme] desse tempo e espaço na nossa história é bem real. Está gravado na minha memória: homens e mulheres negros, nossos irmãos e irmãs, tratados como cidadãos de segunda. A nossa nação ainda carrega as cicatrizes desse tempo, e eu também”, um discurso que resume tudo. A culpa dos norte-americanos é o leit-motiv das opções políticas.
Foi assim que Imigração, muros e raça foram temas que regeram a 91ª cerimónia dos Óscares.
Eu sei que é pedir muito, mas será que seria possível eleger o cinema pelo cinema? É possível fazer uma selecção pela qualidade da arte, cega a causas políticas? Ou isso é demasiado "republicano"?
P.S. Eu da minha parte só tive olhos para o Bradley Cooper... :)
Não está nas manchetes dos jornais, mas é um partido que merece ser olhado com atenção. Desde logo porque tem o economista Ricardo Arroja como cabeça de lista às eleições europeias.
O que defende o partido Iniciativa Liberal?
Os portugueses vivem sob o jugo de um Estado paternalista. Um Estado que cresce sem limite, sufoca a nossa liberdade e impõe custos para os quais não corresponde com serviços. Por isso o partido que se assume sem medo como liberal, defende que é preciso menos Estado e mais liberdade.
"Deixamos de ser Cidadãos livres para sermos apenas contribuintes involuntários. Este caminho de servidão impede-nos de prosseguir a nossa realização, os nossos sonhos, a nossa felicidade", refere o programa.
"Ciclicamente somos confrontados com um aumento do Estado, diminuindo a liberdade, ou com o peso de novos impostos, para pagar esse Estado despesista. Com a desculpa de maior assistência de um Estado prestador, retiram-nos a liberdade de escolha. Com a desculpa de maior austeridade, diminuem os nossos rendimentos sem diminuir a despesa do Estad", diz o programa ainda.
"Uma rede de dependências que não nos representa, mas condiciona", aponta o Iniciativa Liberal.
"Precisamos de um Estado mais pequeno e mais eficaz, um Estado cada vez mais fora do bolso e do quarto dos portugueses. Precisamos de descomplicar Portugal e torná-lo: mais transparente, mais simples e mais sustentável", defende o partido.
A Iniciativa Liberal é inspirada pelos princípios e valores do manifesto colaborativo Portugal Mais Liberal, pelo movimento Liberal Europeu e ambiciona ser o movimento da sociedade civil agregador das distintas visões liberais.
O que quer o Iniciativa Liberal?
Hoje morreu o Arnaldo de Matos. Faço a referência ao seu desaparecimento porque "o grande educador da classe operária", mesmo que não gostando do seu estilo e muito menos do que defendia, ele sempre foi o que foi. De de certa forma foi um político vertical. Faço a referência porque, à luz do tempo que passa, este “menino rabino que pinta paredes” é uma Avis Rara. Ele não tinha medo em defender os seus ideais! Ou seja, no inverso do que acontece com certas pessoas que dão a cara por partidos de direita. Porque razão veio Paulo Rangel, candidato às eleições do PSD ao Parlamento Europeu, em entrevista ao Expresso, afirmar “que nunca disse que era de direita, e, sobre questões fundamentais, pensa o mesmo que a esquerda.”? Se calhar, e tal como avança João Miguel Tavares, ser de direita ainda é um trauma português!
Era evidente que uma auditoria à CGD que abrangesse 15 anos ia apanhar praticamente todos os gestores de bancos (banqueiros) do país. Portugal é um bidé. Todos se conhecem e se não se conhecem já "ouviram falar", toda a gente é parente mais próxima ou mais distante de alguém, toda a gente é amiga ou amiga de um amigo de alguém.
No caso concreto da Caixa Geral de Depósitos, há meia dúzia de bancos que dão emprego a uma geração de administradores, ou mesmo duas, e a probabilidade de ter no currículo a passagem pela CGD (a mais recente liability do sistema financeiro português) é enorme. Só a idade e uma carreira estável de largas décadas (o que já não existe) num qualquer banco evitariam estar agora na quadratura do círculo dos administradores da Caixa Geral de Depósitos de 2000 a 2015.
É fácil ver incompatibilidades na outra banda.
O governador do Banco de Portugal, diz-se que, tem um conflito de interesses porque esteve na administração da CGD naqueles 15 anos abrangidos pela auditoria da EY. Também já se tinha posto a questão das "suspeitas de falta de independência" quando se descobriu que tinha sido o responsável pelas offshores quando era quadro do BCP.
A vice-Governadora Elisa Ferreira tem o marido que foi vice-presidente da La Seda, uma das empresas com o maior incumprimento de crédito à CGD. Mais uma acha para a fogueira das incompatibilidades.
Gabriela Figueiredo Dias, presidente da CMVM, é filha de um administrador do BPI (pediu escusa para assuntos relacionados com o banco).
Mas a questão das "suspeitas de incompatibilidades" é uma espiral sem fim. Paulo Macedo esteve no BCP ao lado de Armando Vara na administração liderada por Carlos Santos Ferreira. Armando Vara que por sua vez está preso.
Também se pode olhar de soslaio para o facto de Carlos Tavares, que foi durante anos presidente da CMVM, e agora estar no Montepio.
Não acabam os exemplos de "potenciais incompatibilidades".
Portugal é um país pequeno, de poucos empregos e baixos salários, como escapar a este circulo fechado e limitado de empresas e de relações? Será que a independência implica ausência de qualquer contacto? É um caso a pensar nesta caça às bruxas.
Por exemplo Berardo pediu dinheiro emprestado à CGD e deu ações como garantia. Ora isso era o pão nosso de cada dia nos bancos até 2007. Todos os bancos davam crédito assim. Todos emprestaram para comprar ações (talvez se exceptue aqui o BPI). Desde o insuspeito Santander Totta até à suspeitíssima CGD. Talvez a diferença que é importante salientar é quem, ou que banco, é que executou os colaterais quando as ações que serviam de garantia começaram a cair a pique, e quem é que o não fez e porquê?
Por falar em incompatibilidades. Mais um exemplo de que este país é um bidé. Como é possível que em 46 operações de crédito e mais umas operações de mercado, identificadas pela EY na auditoria à CGD não tenha havido pelo menos um dos escritórios de advogados de referência a trabalhar com alguma destas empresas. Incompatibilidades? Não há escritório de advogados, que se preze, sem elas. Os advogados são caros e difíceis de contratar em Portugal. A CGD revelou que teve de contratar três escritórios (e pode não ficar por aqui) para analisar os atos de gestão daquele período para, eventualmente, colocar ações de responsabilidade civil sobre ex-gestores. Isto é o que acontece a um país com as caraterísticas do nosso.
Depois há outro tipo de "incompatibilidades", menos formais, chamemos-lhe assim. Mário Centeno é "independente de espírito" face ao Governador do Banco de Portugal que o seu ministério tutela? Pode levantar-se sempre a questão da histórica má relação entre ambos quando trabalharam juntos no Banco de Portugal.
Pode-se questionar tudo e vamos acabar a não chegar a conclusão nenhuma.
Somos um país de incompatibilidades, conflitos de interesses ... e de salários baixos.