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Notas sobre uma boa decisão!

por António Canavarro, em 28.11.17

 

1| As principais instâncias da União Europeia, o Conselho e o Parlamento Europeu, designaram o ano de 2018 de Ano Europeu do Património Cultural. A Decisão (UE) n.º 2017/864 não é inocente, pois reflecte os tempos que se vivem no “velho continente”: “Os ideais, os princípios e os valores integrados no património cultural da Europa constituem uma fonte comum da memória, da compreensão, da identidade, do diálogo, da coesão e da criatividade para a Europa. O património cultural desempenha um papel importante na União Europeia e o preâmbulo do Tratado da União Europeia (TUE) estabelece que os seus signatários se inspiraram «no património cultural, religioso e humanista da Europa».

Esta é claramente uma opção política que tem diversos destinatários: internos e externos, e pode a meu ver ser vista como um convite ao federalismo. Não há nenhum federalismo possível que não tenha uma base cultural e patrimonial. No entanto, este ideal, e eu sou pró-federalismo, tem as suas falências se entendermos que a Europa é assimétrica, i.e., com culturas distintas e desde sempre em constante confronto. Por outro lado, é uma clara mensagem contra os atentados terroristas que o continente tem sido alvo, e cujos receptores “vivem cá dentro”! Porque, se é verdade que fruto do progresso e das ideias que por aqui fortificaram somos um continente laico, as referências ao «património cultural, religioso e humanista da Europa» não são inusitadas. O tempo passava e nós teimávamos em não reagir!

Com efeito este ano celebramos o património cultural europeu, o que quer dizer a nossa identidade, primeiramente como portugueses e, numa maior escala, enquanto europeus. Se a primeira é historicamente condicionada, a “identidade europeia futura” só existe enquanto acréscimo – ou como diríamos hoje – como “upgrade” das nossas identidades locais. E este “salto” só será possível quando os povos tiverem consciência de si mesmo – de se conhecerem a si mesmo”, e que, portanto, tenham memória. Sem memória não há património que resista!

2| Tradicionalmente, desde Roma Antiga”, o termo património confunde-se com o vocábulo latino “patrimonium” que, então, tinha quase exclusivamente uma interpretação jurídica, pois tinha o objectivo de regular os bens susceptíveis de serem legados por um cidadão a outro e a outros. Ora, tratava-se de uma visão limitada, e “fora da história”, de se entender uma realidade que os tempos tornaram evolutiva. Actualmente, o conceito de património não é algo de exclusivamente materialista. Hoje é corrente referir e defender a sua “imaterialidade” por muito que este exercício se tenha banalizado!

Durante muitos anos criticou-se a construção europeia por ter ignorado as suas bases: os cidadãos e as diversas culturas europeias. Para o filósofo Xavier Tilliette sem “um espírito europeu que, por enquanto, sopra quase sem se ouvir, é impensável uma política comum”. (1999; p.33). Muitas vezes, património é sinónimo de história. Ora, como é possível que exista paz neste continente, quando ele era visto como “sinónimo de morte”? E se traduzia, nas palavras de  Paul Valéry, na “luta de morte da alma europeia”? É preciso recordar, neste contexto fúnebre, a genialidade de Dostoiévski, quando, em “Os Irmãos Karamazov”, põe Ivan a dizer: “Sei que me desloco para um cemitério, mas é o mais agradável de todos os cemitérios”!

A história europeia não é fácil, e assemelha-se mesmo a um disco riscado. Esta propensão para o horror está nos nossos genes. Foi precisamente isto que André Malraux disse, na Sorbonne, nos escombros da II Grande Guerra: “… de século para século o mesmo destino mortal vem constantemente dobrando os homens; todavia igualmente se século para século, nesse mesmo lugar que se chama Europa e só nesse lugar, esses homens dobrados pelo destino ergueram-se de novo, para incansavelmente avançarem pela noite dentro...”!

Ao fazermos este retracto do nosso continente, e por arrasto da nossa memória colectiva, estamos a falar em crise, já que “a consciência europeia é uma consciência em situação crítica (…). Falar da Europa é praticamente falar de crise e da urgência em invoca-la”!

Ao fazermos este retracto do nosso continente, e por arrasto da nossa memória colectiva, estamos a falar em crise, já que “a consciência europeia é uma consciência em situação crítica (…). Falar da Europa é praticamente falar de crise e da urgência em invoca-la”! Porém, nem todas as crises são por princípio más. Não somos chineses, porque se fossemos a situação até seria fácil de ser resolvida, porque esse vocábulo é composto por dois caracteres, em que um representa perigo e o outro representa oportunidade. Ou seja, não há nesta pertinente decisão um convite à crise, como representação de uma oportunidade para Europa voltar a ser grande?

E concluo citando George Duhamel, quando em 1930 escreveu: "tenho a certeza que a Europa será feita ou desfeita por grandes perigos. Não terá escolha, ou se revela ou morre"!

publicado às 18:45

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Mariana Mortágua acusou esta semana o Ministro das Finanças de "retórica de direita, perigosa e moralista"  por causa de uma frase que o ministro socialista disse no Parlamento, a propósito das reivindicações dos professores. A frase era "Todos temos de saber merecer as coisas que ganhamos". Esta ideia de o mérito ser uma bandeira do pensamento de direita, que eu tenho defendido em vários posts, confirmou-se na reacção da bloquista às palavras de Mário Centeno. É evidente que todos temos de saber merecer o que ganhamos. Mas para Mortágua a ideia de premiar o mérito é em si mesma um atentado à ideia de igualdade da esquerda.

Ao ouvir o Governo Sombra, não pude deixar de aplaudir a participação de João Miguel Tavares, que se deu conta (com muita inteligência) de que se deu finalmente a grande reversão do Governo de António Costa. "A reversão da retórica estúpida de que chegámos ao fim da austeridade". Tem sido uma grande hipocrisia a deste Governo ao longo dos últimos dois anos. Enxotaram Passos Coelho (tenho pena tal como João Miguel Tavares) porque as pessoas se convenceram que a austeridade tinha acabado, e no entanto a austeridade não acabou. Pedro Passos Coelho ainda vai ser muito lembrado.

Esta semana António Costa veio dizer que "a ilusão de que é possível tudo para todos já não existe", e é a confirmação de que Pedro Passos Coelho sempre teve razão.

O discurso duro de Passos foi um tampão contra um país das reivindicações permanentes das corporações, disse João Miguel Tavares e eu subscrevo.

publicado às 23:04

No país das maravilhas

por António Canavarro, em 24.11.17

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Esta imagem merece muitos comentários mas como estou em vias de me deslocalizar para parte incerta não me apetece escrever mais nada!

 

publicado às 14:28

Até quando irá durar esta primavera angolana?

por António Canavarro, em 21.11.17

Aquando da eleição de João Lourenço, como terceiro presidente da república angolano, pensei que seria mais do mesmo, mas devo reconhecer, pelo menos por agora, que estava enganado. Assim, só me resta saber até quando irá durar esta primavera angolana?

Pelo menos os seus primeiro actos tem sido uma golfada de ar fresco num país minado por uma oligarquia familiar. Em Angola, os presos políticos, e demais cidadãos já respiram, e a "Belinha" que se lixe

publicado às 10:49
editado por Maria Teixeira Alves a 26/11/17 às 11:46

Foto de Manuel Maria Barros.

O dia foi marcado por mais uma polémica mediática que mais uma vez desembocou numa medida drástica e imediata do Governo (ultimamente é assim que é governado o país). Na sexta-feira houve um jantar da Web Summit no Panteão Nacional, onde estão os túmulos de personalidades históricas de Portugal. O jantar com o CEO Paddy Cosgrave, com os fundadores de startups e outras empresas que participaram na Web Summit, chama-se Founders Summit e nele participaram cerca de 200 CEO (presidentes-executivos) fundadores de empresas e startups, investidores de alto nível, com o objectivo de estabelecer ligações entre eles (networking). 

Bastou ter-se levantado uma onda de indignação pública, com eco nas redes sociais, para o Governo mostrar mais uma vez como é eficaz. O Governo de António Costa reagiu. Culpou o Governo anterior (as usually). Mostrou-se muito indignado em solidariedade com a indignação geral, e zás, proibiu os jantares no Panteão. Tal como já tinha feito no Urban Beach (que se apressou a mandar fechar - by the way, pôs 200 pessoas no desemprego com essa precipitação. Podia ter multado, ter estabelecido regras duras, mas não, a solução foi: desemprego para toda aquela gente) - e tal como fez com os incêndios e armas de Tancos roubadas.Toma decisões muito radicais. Mas sempre, sempre à posteriori. 

Mas, mais uma vez, um paradoxo. É que o próprio Paddy admitiu ter falado com o "ministro". Paddy (que não deve estar a acreditar no que está a acontecer, conheceu finalmente o lado lunar de Portugal) viu-se obrigado a pedir desculpa mas deixou o recado que isto na Irlanda nunca se passaria (esta indignação). Não estranhem se o Web Summit rumar a outra capital.

O que veio dizer o primeiro-ministro António Costa (que se mostrou indignado, mais uma vez em coro com o Presidente da República)? Considerou este sábado, em comunicado, "absolutamente indigna" a utilização do Panteão Nacional para um jantar inserido na Web Summit.

"É absolutamente indigna do respeito devido à memória dos que aí honramos. Apesar de enquadrado legalmente, através de despacho proferido pelo anterior Governo, é ofensivo utilizar deste modo um monumento nacional com as características e particularidades do Panteão Nacional", declarou o chefe de Governo (e Marcelo disse o mesmo).

"Tal como já foi divulgado pelo Ministério da Cultura, o Governo procederá à alteração do referido despacho, para que situações semelhantes não voltem a repetir-se, violando a história, a memória colectiva e os símbolos nacionais", prometeu o governante.

A prova que o Governo anda ao sabor da indignação mediática, é que afinal o jantar da Web Summit no Panteão Nacional, não foi caso único. Também uma empresa pública, a NAV Portugal, realizou um jantar, em outubro, e até publicou as fotografias no Facebook.  Para além do jantar de gala para homenagear trabalhadores, o evento do dia 16 de outubro teve direito a um welcome drink no terraço do Panteão.

Ora, para quem não sabe, a NAV Portugal tem como missão garantir a prestação de serviços de navegação aérea e é tutelada pelo ministério do Planeamento.

O mundo chama populista a quem governa contra a corrente mediática, mas populismo é precisamente o oposto. Populismo é isto de governar em função da indignação popular.

Esta dupla de populistas que representam e lideram o país, estão a transformar Portugal num cartoon.

publicado às 00:33

Olha a robot...

por António Canavarro, em 08.11.17

Ser mulher hoje, e tendo conta os estereótipos que desde a queda do paraíso foi alvo, deve ser um alivio: foram e de forma merecida ganhando direitos, não havendo actualmente, no mundo ocidental, pelo menos no papel, diferenças perante a lei. Eles e elas são iguais para o estado de direito. E assim deveria ser.

 Acontece que o mundo ocidental é uma fracção do planeta. Há pois, povos, geografias, religiões, etc., em que elas ainda vivem na mais profunda das trevas, onde a sua diferenciação com os demais animais é estreita. Muito estreita.

 Assim é com grande estranheza, ou talvez não, que o Web Summit, a ter lugar em Lisboa, recebeu ontem Sophia. Uma mulher robot, nascida em Hong Kong, que no ano passado, em Riad, tornou-se numa cidadã saudita.

Então a robot, muito bem programada, disse estar “orgulhosa e honrada desta tão única distinção”. Disse e muitíssimo bem: “tão única distinção”! Só falta mesmo saber o que pensarão as demais femininas criaturas sauditas a tamanha honra!

 

P.S. - Sempre fui um apreciador das música dos Titãs, um marco do rock brasileiro. Não conhecia, ou pelo menos não me recordava deste tema e pelo visto tão actual. Sem o saber, Arnaldo Antunes  e seus pares estavam com os olhos no século XXI.

publicado às 11:34

A queda

por António Canavarro, em 06.11.17

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publicado às 23:36

Uma bela capa

por António Canavarro, em 06.11.17

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Que bela capa:

a) O livro não foi escrito por ele, o que não deve ser novidade.

b) O governo não quer que Marcelo se torne num Cavaco. Não sei o que isso quer dizer.

c) A Rainha Isabel II foi apanhada em novo escândalo offshore. Mas será que a Betty não sabe se uma vez é mau duas é muito pior? e

d)  Dossier sobre a Revolução de Outubro... Tem três entrevistas. Sim três. Ora, como os obreiros desta revolução ao que parece já morreram todos, pergunto se entre os jornalistas deste jornal existem médiuns ... já que lendo a capa é o que parece, andaram a entrevistar fantasmas!

 

P.S. - Se o Tomaz estivesse entre nós, esta capa não escapava ao seu olhar crítico e divertido que sempre me habituou. 

publicado às 21:54

O Tomaz parecia que era eterno e partiu

por Maria Teixeira Alves, em 03.11.17

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O Tomaz Bairros já não está cá para ler isto; já não está cá para vibrar com os jogos do Sporting; já não está cá para comentar a atualidade com os seus comentários contundentes, sem meias tintas, sem hesitações e inseguranças. Se há coisa que Tomaz amava era a praia. Penso mesmo que o Verão se demorou até ao fim de Outubro para que o Tomaz fosse à praia até ao último dia de vida.

Lembro-me que uma vez criou uma página nas redes sociais para que se pudesse ter acesso a informações sobre as praias do país todo. Aquilo foi um sucesso. Um dia o Tomaz ligou-me (eu ainda não tinha o número dele nessa altura) e apresentou-se assim: "Olá. É o Tomaz!", eu fiquei calada a pensar, "que Tomaz?" e ele apressou-se a situar-me: "É o rapaz do Faixa Costeira". Como é que se pode esquecer uma pessoa que se entregava aos outros nas pequenas coisas, mesmo mantendo aquela muralha da liberdade a separá-lo da demasiada exposição aos outros? O Tomaz entregava-se nas coisas que fazia, na forma como cozinhava para os amigos, na forma como nos levava a passear pelos bairros populares de Lisboa, na forma como nos fazia rir desconcertadamente.

O Tomaz passava pela vida das pessoas e demorava-se lá, mesmo quando parecia que passava de raspão. 

Tinha uma maneira única de ser, talvez por ter uma segurança que não está no ADN dos portugueses, o que se poderá explicar pelo seu lado norueguês. Não se detinha em aparências, nem hesitava em seguir o que sentia e pensava. Não tinha manhas inteletuais. Mesmo na doença nunca deu parte fraca, nunca mostrou qualquer insegurança, nunca demonstrou fraquejar. Quando descobriu que estava doente anunciou-o com uma naturalidade tal que eu, quando ele me disse, achei que não era verdade, que estava mais uma vez a brincar. Ninguém anuncia uma doença que pode ser mortal como quem diz que vai ao cinema. Ninguém, excepto o Tomaz.

O Tomaz estava nos antípodas do pretensioso, nos antípodas da vaidade, nos antípodas da basófia; no antípodas dos vigários deste mundo; nos antípodas da mentira. Fazia gala no contrário.

Mas desenganem-se aqueles que pensassem que por escolher, por exemplo, a tasca em vez do restaurante trendy o Tomaz não tinha um gosto de elite. Tinha um óptimo gosto em pessoas, um óptimo gosto em música, um óptimo gosto em arte. 

O Tomaz prezava a liberdade, dizia-o muitas vezes. Eu sempre pensei, que no fundo a liberdade era o que lhe restava (ele talvez não concordasse comigo). O sol, o mar, o Sporting, os amigos, os sobrinhos e a irmã eram tudo o que tinha. O que lhe sobrava era o sentido de humor. Dizia as coisas mais desconcertantes sem se rir. Um dia uma amiga minha estava a contar que assim que comprou uma casa com jardim lhe começou a aparecer um gato e que à força de lhe dar comida se afeiçoou à gata (era uma gata) e acabou por ficar com um animal de estimação (coisas que acontecem a quem tem a vicissitude de viver sozinho). O Tomaz ouviu muito atentamente e responde-lhe: "A mim também me aconteceu o mesmo, com duas traças. Vieram com o arroz. Mas eram muito meigas!". Disse isto sem se rir. Quem não conseguia parar de rir era eu e o resto da sala.

Se a morte apanhou tão cedo o Tomaz, com aquela segurança e um estilo de vida tão de costas voltadas ao stress, pode apanhar qualquer um.

 

publicado às 13:48


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