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William Paff, jornalista americano radicado em Bruxelas, um dia escreveu: "O passado faz estar onde estamos". Por mais básico que seja, ele tinha razão e aplica-se claramente à situação catalã... e com a portuguesa, também!
Em 1640, após alguns anos sob domínio espanhol, ganhamos "de volta" a nossa independência. Bem sei que Portugal não é a Catalunha, nem Barcelona é Lisboa.
Imaginemos que a restauração não tinha acontecido e que agora os portugueses votavam favoravelmente a favor da sua independência, como é que seria?
Também os meus amigos portugueses apelavam ao respeito pelo Direito Constitucional espanhol e pela evocação do artigo 155º?
Sabem... é pela boca que morrem os peixes!
Ontem o Presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, colocou a independência da Catalunha em banho-maria, na expectativa de um diálogo com Madrid...Carles Puigdemont é catalão. Deveria conhecer a mentalidade centrifugadora de Madrid que só dialoga quando lhe convém. Foi isso o que precisamente aconteceu esta manhã, quando o governo central admitiu invocar a "bomba atómica", ou seja, o artigo 155, que permite a Madrid suspender a autonomia de uma região, passando o governo central a assumir os poderes autonómicos.
É uma atitude insensata que irá criar uma instabilidade desnecessária! De um lado está el gato e do outro el ratón. Creio que não havia necessidade!
Carles Puigdemont apelou ao diálogo com Madrid através dos mediadores internacionais e pede ao Parlamento catalão para que suspenda a declaração de independência.
Muito barulho...para quê? Se calhar nada!
Esta questão filosófica é bem retratada no quadro "Escola de Atenas" de Raphael. Onde se destacam duas figuras, Platão e Aristóteles. Platão aponta com o dedo para cima, o que é visto como símbolo do primado das ideias. O mundo das ideias é que é o verdadeiro e o mundo que vivemos é um mero reflexo imperfeito. Aristóteles, ao contrário, tem a mão virada para baixo, como símbolo da importância da realidade empírica.
Estas duas figuras filosóficas são a base de duas visões, a estética e a empírica.
O ícone da defesa da supremacia da arte sobre a vida é Oscar Wilde. Numa análise de Manuel S. Fonseca de comparação entre os contos Banqueiro Anarquista, de Fernando Pessoa, e A Alma do Homem sob a Égide do Socialismo, de Oscar Wilde, o editor relata que Bernardo Soares (heterónimo de Fernando Pessoa) roubou esta anedota exemplar do encontro de uma admiradora com o pintor James Whistler. «Escreveu Bernardo Soares no seu livro desassossegado e decadentista: "uma senhora disse um dia a Whistler [pintor]: Vi ontem uma paisagem que me lembrou um quadro seu. Sim, a natureza tem feito progressos, respondeu o pintor"«, escreve Manuel S. Fonseca.
António Lobo Xavier a criticar o "acantonamento à direita" do PSD de Passos Coelho. A idade trouxe a António um "acantonamento à esquerda"
O discurso de saída de liderança do PSD foi mais uma demonstração do seu profissionalismo. Eis algumas das passagens desse discurso:
"Estes quase oito anos que levo de liderança do PSD foram anos sempre intensos. Anos duros, quer quando no inicio tivémos de acompanhar uma situação que conduziu à intervenção externa e ao resgate do país, quer depois a lidar com o resgate do país, e a sua recuperação da situação económica, financeira e reputacional, mas estes dois últimos anos também não foram fáceis com o PSD, apesar de não estar no Governo, a ser apontado no debate mediático como a causa de todos os males e o impedimento da felicidade do país. Não quero nesta altura senão dizer nesta altura que a todos devo com muita gratidão o apoio que me deram, que foi um apoio que sempre senti fantástico, mesmo o apoio crítico e o apoio condicional que me foi sendo conferido. Que não saio com qualquer ressentimento, ou recriminação, seja com quem for, repito, seja com quem for. Não posso dizer que o PSD não tenha nada que precise de mudar e de melhorar nas suas estruturas, na sua vida interna, mas quero dizer que encontrei sempre no PSD uma militância generosa e um partido que soube resistir aos tempos e ser deste tempo por mais que alguns não gostem de o reconhecer".
"Espero também que compreendam não desisti de nenhuma das minhas ideias sobre o país e talvez fosse absolutamente desprepositado estar aqui a insistir no que representou a estratégia que defini e que o partido vem seguindo e aquilo que tem sido os seus eixos fundamentais de afirmação".
"Mas não levam a mal que nesta ocasião eu possa só recordar o essencial daquilo por que lutei. Lutei sempre por uma sociedade cívil forte e aberta, cá dentro entre si e ao exterior; suficientemente autónoma do Estado e dos pequenos e grandes poderes que neste último se exercem. Lutei sempre por um poder político responsável e transparente, que saiba separar devidamente aquilo que é a esfera do interesse público da esfera do interesse privado, mesmo quando esse interesse é totalmente legitimo. Lutei sempre para que Portugal tivesse sempre uma economia competitiva, aberta, autónoma, socialmente responsável. Lutei muito para que as finanças públicas fossem também responsáveis, livrando as novas gerações e aliviando as atuais de ditaduras financeiras trazidas por desregramento público e por irresponsabilidade dos políticos. Lutei sempre por um sentido de justiça e equidade mesmo nas circunstâncias mais adversas. Procurei sempre pedir a quem tinha mais um esforço significativamente maior e poupar tanto quanto possível os que têm menos. Lutei sempre por uma sociedade com grande sentido de exigência, de disciplina e de rigor, que não inimigos, antes pelo contrário, de um espírito solidário que busca a justiça social".
"Poderão contar com a minha lealdade".
Pedro Passos Coelho é um inato líder, e este discurso demonstra mais uma vez que tem mais perfil de primeiro-ministro, do que de líder da oposição. É um estadista.
As facas estavam de tal maneira afiadas contra Pedro Passos Coelho, que ninguém realizou que afinal a esmagadora vitória do PS nas eleições autárquicas de 1 de outubro foram menos três mandatos face a 2013, foi passar de 11 mandatos para 8. Já o CDS e o PSD tiveram 4 mandatos em 2013 e agora têm 6, e que afinal Fernando Medina não ganhou a maioria absoluta em Lisboa que tinha sido conquistada em 2013. O PS só elegeu 8 vereadores em vez dos 11 em 2013.
Total nacional: PS 39,1% dos votos; PSD 27,9%; CDU 9,5%; Independentes 6,8%; CDS 6,6% e BE 3,3%. Face a 2013 o PS aumenta 2,3 pontos percentuais, o PSD desce 1,2 pontos percentuais, a CDU desce 1,6 pontos percentuais, os Independentes baixam 0,1 pontos percentuais, o CDS sobe 0,9 pontos percentuais e o Bloco sobe 0,9 pontos percentuais. Resultado a tirar: o PCP/CDU perde em estar na geringonça enquanto o Bloco ganha.
Só quem vive a política como se fosse um derby de futebol pode estar hoje a pedir a cabeça de Pedro Passos Coelho, o homem que tirou Portugal do resgate financeiro e conseguiu reduzir o défice de 11% para 3%.
Assim como num jogo de futebol, quando o treinador não ganha querem despedi-lo. Assim estão alguns sociais-democratas a alinhar pelo diapasão da esquerda e dos opinion-makers, onde correr com Passos é uma missão. Interessa pouco as ideias que o líder do partido defende, interessa pouco que seja sério e coerente, que diga a verdade em vez de demagogia, que veja o país como uma missão. Isso até atrapalha os que estão sempre com os vencedores e que os abandonam quando deixam de o ser. Porque preferiam que o condenado lhes desse argumentos para a chacina.
Enfim, vale de pouco as palavras contra um movimento imparável de substituição do líder do PSD.
Eu pela minha parte sou fiel a princípios, valores e ideias, e estou com quem sinto que os defende, seja vencedor ou perdedor. O mundo está cheio de escroques vencedores (e a política portuguesa é especialmente rica neles).
P.S: Para substituir o Pedro Passos Coelho só um Miguel Poiares Maduro.
As facas estavam de tal maneira afiadas contra Pedro Passos Coelho, que ninguém realizou que afinal a esmagadora vitória do PS nas eleições autárquicas de 1 de outubro foram menos três mandatos face a 2013, foi passar de 11 mandatos para 8. Já o CDS e o PSD tiveram 4 mandatos em 2013 e agora têm 6, e que afinal Medina não ganhou a maioria absoluta em Lisboa que tinha sido conquistada em 2013. O PS só elegeu 8 vereadores em vez dos 11 em 2013.
Total nacional: PS 39,1% dos votos; PSD 27,9%; CDU 9,5%; Independentes 6,8%; CDS 6,6% e BE 3,3%. Face a 2013 o PS aumenta 2,3 pontos percentuais, o PSD desce 1,2 pontos percentuais, a CDU desce 1,6 pontos percentuais, os Independentes baixam 0,1 pontos percentuais, o CDS sobe 0,9 pontos percentuais e o Bloco sobe 0,9 pontos percentuais. Resultado a tirar: o PCP/CDU perde em estar na geringonça enquanto o Bloco ganha.
Só quem vive a política como se fosse um derby de futebol pode estar hoje a pedir a cabeça de Pedro Passos Coelho, o homem que tirou Portugal do resgate financeiro e conseguiu reduzir o défice de 11% para 3%.
Assim como num jogo de futebol, quando o treinador não ganha querem despedi-lo. Assim estão alguns sociais-democratas a alinhar pelo diapasão da esquerda e dos opinion-makers, correr com Passos é uma missão. Interessa pouco as ideias que o líder do partido defende, interessa pouco que seja sério e coerente, que diga a verdade em vez de demagogia, que veja o país como uma missão. Isso até atrapalha os que estão sempre com os vencedores e que os abandonam quando deixam de o ser. Porque preferiam que o condenado lhes desse argumentos para a chacina.
Enfim, vale de pouco as palavras contra um movimento imparável de substituição do líder do PSD.
Eu pela minha parte sou fiel a princípios, valores e ideias, e estou com quem sinto que os defende, seja vencedor ou perdedor. O mundo está cheio de escroques vencedores (e a política portuguesa é especialmente rica neles).
P.S: Para substituir o Pedro Passos Coelho só um Miguel Poiares Maduro