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O André Ventura falou de um tema que é tabu (mais um) na sociedade portuguesa. Os ciganos. O CDS, partido populista, apressou-se a ceder ao mainstream e retirou o apoio ao candidato do seu partido à câmara de Loures. O PSD de Passos Coelho, foi admiravelmente íntegro ao manter o apoio ao candidato.
Acredito que com este episódio a direita tenha ficado mais perto do PSD de Passos do que do CDS.
Sanções europeias à Venezuela? Portugal não se opôs porque não houve discussão
Oscar Wild um dia escreveu: “se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo.”
Cito o poeta, dramaturgo e escritor irlandês porque os últimos tempos o que não falta por ai são frases mal interpretadas. Hoje, como escreve Roberto Calasso, a sociedade é vista “como um emaranhado de opiniões” e de pareceres que, como dizia um pensador grego, Simónides de Quéos”,”viola a verdade”. E, ao que parece, vivemos na ditadura da verdade, i.e., como necessidade de proteger os mais fracos, as minorias. Se falarmos bem delas estamos na crista da onda, caso contrário somos crucifixados na praça pública. Por outro lado, recorrendo ainda a este ensaio de Calasso, é importante sublinhar que “a história do óbvio é a história mais obscura”, e acrescenta: “não há nada mais óbvio do que a opinião”!
Qual é então o problema de André Ventura, candidato do PSD/CDS-PP ter dito numa entrevista ao "i" que "Os ciganos vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado"? Caiu o Carmo e a Trindade. O estrondo teve a mesma amplitude do que as declarações óbvias – para muitos desnecessárias – de um velho médico, Gentil Martins, quando criticou o comportamento de Cristiano Ronaldo quando afirmou que é "degradante" um homem solteiro ter filhos recorrendo a uma barriga de aluguer. O mesmo conhecido cirurgião, e a propósito da homossexualidade " disse que se trata de “uma anomalia, um desvio da personalidade". Atitude que levou a que duas médicas apresentassem queixa do médico junto da respectiva Ordem.
Em ambos os casos, duas pessoas conectadas com a direita, e portanto estruturalmente conservadoras, terão dito o óbvio. Um criticando uma etnia minoritária, os ciganos, e outro os comportamentos desviantes do nosso melhor jogador de futebol de sempre: de facto não é muito normal que alguém, na legítima vontade de ser pai – o que ninguém o condena – recorra a um processo criticável para o fazer, subentendendo nas entrelinhas que ele o acusa – não obstante de aparece nas revistas cor-de-rosa rodeado de beldades – de ser homossexual.
Seja como for, ambos dizem o que uma maioria silenciosa pensa mas não o diz!
Do meu ponto de vista, porque também tenho o direito às minhas opiniões, há três pontos que gostaria de destacar: a) o candidato foi infeliz no seu comentário porque pôs no mesmo saco toda uma comunidade, mesmo que a meu ver os ciganos gostem de ter um estatuto próprio numa sociedade que deveria ser inclusiva. Isso é impossível quando os ciganos, como os seus preceitos, são tudo menos inclusivos, e em muito casos são marginais? b) A homossexualidade não é a norma. A norma é a natureza, ou seja, a heterossexualidade. Porém não é verdade que a propósito do que norma e do que é “anormal” que foram cometidos os maiores crimes contra a humanidade. Finalmente, c), não deixa de ser caricato que as reacções estas duas opiniões foram vinculadas pelos partidos situados à esquerda, e nomeadamente o Bloco de Esquerda. Não foram os partidos da esquerda, portanto anti-sistémicos que sempre – e bem, diga-se de passagem – defenderam a liberdade e opinião, tendo sofrido na pele o peso da ditadura? Enfim, a democracia e a sua proximidade ao poder tornou-os amnésicos. Deve ser isto!
PS. - Exma. Senhora Deputada Catarina Martins e afins, se fosse dos vossos eu faria um projecto lei que obrigasse à alteração de certos provérbios portugueses, proibindo por exemplo aquele que diz "um olho no burro, outro no cigano". Fica a ideia. Ofereço-a de borla.
Cumprimentos democráticos!
Com o desaparecimento de Américo Amorim (1934-2017), o mais rico de todos os portugueses, com uma fortuna avaliada em quatro mil milhões de euros, morre o primeiro milionário português do pós-25 de Abril. A outra grande fortuna portuguesa da pós-revolução pertence a Belmiro de Azevedo, o dono da SONAE.
São pessoas que admiro, tiveram o mérito de, não obstante as suas humildes origens, terem, à custa de muito trabalho, voado bem alto.
O mérito deve ser reconhecido, e por isso elogio aqui esta figura marcante da nossa economia. Era bom que existissem outros portugueses assim, empreendedores. Era bom para todos. São uma mais-valia para a nossa economia, desde logo porque criam emprego.
Porém o seu sucesso, e o sucesso de outros, num país como o nosso em que o todo é mais importante do que a parte, em que a inveja é uma das características da nossa identidade colectiva, e daí que sejamos tendencialmente um país de esquerdistas, é sempre visto com desdém. Uma atitude que naturalmente não partilho, pelo que só me resta pensar no futuro deste grupo, desejando às suas herdeiras o maior dos sucessos. É bom para todos!
António Costa em público fez campanha contra uma empresa que desenvolve a sua actividade no mercado português. Uma discriminação sem paralelo que não é aceitável num chefe do Governo do país. Fez campanha comercial anti-PT, ostracizou a PT porque ... foi privatizada. Vícios cubanos?
A questão foi posta no debate parlamentar pelo PCP. O primeiro-ministro disse que “receio bastante pelo que possa acontecer à PT, pela forma irresponsável como foi feita a privatização, que possa ser um novo caso da Cimpor. E que isso possa pôr em causa quer os postos de trabalho, quer o futuro da companhia. Era bom que a autoridade reguladora visse o que aconteceu, desde logo no caso de Pedrógão. Onde algumas operadoras conseguiram manter sempre comunicações, outras não. Olhe, eu por mim já fiz a minha escolha da companhia que utilizo”.
Foi um autêntico ataque do primeiro-ministro a uma empresa estrangeira que investiu em Portugal, a Altice.
É uma autêntica república das bananas, este país.
O António Costa não se conforma, a PT deixou de ser pública. Queria continuar a decidir o futuro da PT como aconteceu no passado e que acabou como acabou? Queria usar a PT como instrumento?
Ora se calhar o motivo destas inconvenientes declarações, não foi impulso, nem descuido, foi um aviso.
É que a Altice está perto de anunciar acordo de compra da Media Capital que controla a TVI. Talvez esta compra de um canal de televisão, sem golden share do Estado na PT, não agrade ao primeiro-ministro.
Deixar o mercado funcionar é uma coisa que António Costa não parece adorar.
P.S. O caso da Cimpor é fruto de uma intervenção desastrosa da CGD, não tem nada a ver com privatizações, até porque a Cimpor foi privatizada, se não me engano, pelo Pina Moura.
P.S.II E se alguma coisa correu mal com a MEO em Pedrógão (e eu que pensava que o Governo tinha dito que tinha corrido tudo bem com o Siresp) penso que o primeiro ministro tem instrumentos para reagir, agora um slogan comercial no Parlamento é abaixo dos mínimos.
Mais acções da TAP para o Estado pôr seis administradores, incluindo Diogo Lacerda Machado parece ser cada vez mais a única vantagem do Estado em ter revertido a privatização da TAP feita pelo Governo de Passos Coelho, que implica a venda de 61% da companhia aérea ao consórcio Gateway. Seis lugares de não executivos escolhidos pelo Governo de António Costa. De resto o que ganhou o Estado? O direito a ter de investir na companhia sempre que esta tiver de aumentar o capital?
A transportadora aérea "voltou" para o Estado, mas este só fica com 50% do capital, sem o controlo da gestão e com apenas 18,75% dos direitos económicos da TAP. Isto é caso a TAP venha a ter lucros dentro de alguns anos, o Estado apenas terá direito a receber 18,75% desses dividendos, apesar de controlar metade do capital.
O consórcio de Humberto Pedrosa e David Neeleman baixou para 45% da TAP, tendo os restantes 5% sido destinados para os trabalhadores da empresa. Coisa simbólica, que serviu para António Costa dizer que cumpriu uma bandeira eleitoral (das eleições que não ganhou) e para empregar seis gestores, um amigo incluido.
O Estado paga e investe só para cumprir uma bandeira simbólica de António Costa de uma campanha que não lhe deu vitória. Uma teimosia? Um capricho? Quanto custa?
Numa primeira fase, o Estado comprou 11% do capital ao consórcio Gateway, por 10,93 euros por ação, o que dá um total de 1,9 milhões de euros. Mais tarde, o Estado subscreveu 30 milhões de euros do empréstimo obrigacionista de 120 milhões de euros que serve para refinanciar a transportadora.
Resumindo, o Estado devolveu dinheiro da primeira venda, pagou 30 milhões de euros e ficou com menos dividendos. Mas com seis poleiros na administração.
Manuel Pinho foi o ministro da Economia que decidiu os pagamentos dos CMEC e do prolongamento das barragens, no Governo de José Sócrates. A seguir deu-se a criação de um curso na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, sobre energia eólica e renováveis. Este curso foi criado em 2010 e tinha a EDP como patrocinador, isto é, a empresa portuguesa pagava parte dos custos. Um dos professores convidados foi Manuel de Pinho, ex-ministro da Economia e amigo de António Mexia.
Para já não falar de Sócrates, PT, TVI e ligações ao BES de Ricardo Salgado.
A equipa que investiga a Operação Marquês descobriu que o plano de José Sócrates para a compra da TVI pela PT – que veio a ser descoberto no processo Face Oculta, em 2009 – começou em 2008 e previa envolver o Grupo Lena, investidores angolanos e o Taguspark.
Mas sobre esse triangulo das bermudas que foi o BES, PT e Sócrates há pano para mangas.
Agora neste Governo três Secretários de Estado têm de passar pela vergonha de passado um ano terem de se demitir por causa de terem ido viajar a convite da Galp, ao mesmo tempo que a Galp tem em tribunal um litigio fiscal contra o Estado provocado por um imposto aplicado pelo Governo anterior de Passos Coelho.
Mas esta panelinha é tradição nos Governos socialistas?
Li o artigo e sublinho o que li, porque gosto da atitude do Salvador Sobral!
"De repente há um livro sobre mim e sobre a aventura em Kiev, não me lembro de estar lá ninguém a escrever um livro. Eu conheci toda a gente que estava lá, os portugueses, mas parece que estas pessoas têm informações privilegiadas. (…) É só para dizer que eu não tenho nada a ver com este livro e que acho muito triste que isto seja legal. Mas aparentemente é, porque somos figuras públicas e então é legal fazer um livro destes sobre mim. Mas já que é legal pelo menos podiam ter falado comigo antes e não o fizeram. (…) Se quiseram comprar… Eu não compraria."
Salvador à Revista Caras
Sempre que há uma cimeira internacional, e no caso a G20, é sempre a mesma coisa. Os líderes estão sempre à volta dos mesmos temas, com a invariável questão do terrorismo à cabeça, e a cidade, Hamburgo, que recebe o encontro está a ferro e fogo.