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Desde que Donald Trump se tornou presidente dos Estados Unidos aconteceram várias coisas (muitas polémicas), mas há uma delas que se destaca. Sem dúvida o encontro hoje entre a primeira-ministra britânica Theresa May e o presidente dos Estados Unidos. A velha aliança entre os Estados Unidos e o Reino Unido está para durar e deverá mesmo ser reforçada na era Trump. Do reunião resultou uma boa sintonia entre os velhos aliados. “Juntos para liderar o mundo” parece ter sido o lema que saiu da reunião, o que deve deixar preocupada a União Europeia. A presidente que vai liderar o Brexit será protagonista de um mundo anglo-saxónico que vai ditar as regras económicas mundiais. Não é por acaso que hoje a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês François Hollande apelaram à união na Europa contra "ameaças", numa conferência de imprensa em Berlim. O eixo franco alemão de um lado e a aliança anglo-saxónica (EUA e Reino Unido) do outro. Onde é que ficamos nós? Somos laterais.
Donald Trump é um líder que tem muitas vezes razão (nem sempre), mas não a sabe ter. Ter razão às vezes implica agir sem espalhafato. Fazer sem dizer. Trump não tem essa virtude. Essa é a minha opinião.
Mas se há alguém para quem ele é "mau" é para a União Europeia. Para os Estados Unidos Trump não vai ser "mau". A economia americana não vai ficar para trás, a nação norte-americana não vai ser esmagada, já a União Europeia...
Confesso que também me assusta o estilo espalhafatoso do empresário pragmático que não tem papas na língua. Sem ceder a trends e ideologias politicamente correctas (nem sempre certas), Trump imaginou uma América de costas voltas para essa "modernidade" de costumes herdada da Europa. Mas o seu estilo poderá ser um entrave à sua governação, porque acaba por perder a razão, mesmo quando a tem. Os métodos de Trump não me parecem nada eficazes. Mas sem dúvida que não são hipócritas. A falta de tacto político pode ser-lhe fatal.
Claro que abomino a ideologia anti-Trump que sob a bandeira da "tolerância" vetam serviços ao presidente dos Estados Unidos, como o episódio do boicote ao costureiro que vestiu a mulher de Trump. Esses são menos perigosos que Donald Trump? Não me parece.
Mas vamos olhar para o que pode ser a era Trump através do que aconteceu hoje na reunião May-Trump.
Donald Trump e Theresa May estiveram em sintonia na reunião na Casa Branca. A chefe de governo britânica é a primeira líder estrangeira a encontrar-se com Trump depois da tomada de posse do líder norte-americano no dia 20.
Os dois anunciaram que estão de acordo em quase todos os assuntos debatidos, nomeadamente no desenvolvimento de acordos comerciais pós-brexit.
Trump e May também estão também em sintonia no diz respeito à NATO como pilar da defesa do ocidente. No entanto, a primeira-ministra britânica anunciou que irá falar com os lideres europeus para que cumpram a contribuição financeira prometida para a Defesa de 2% do PIB. A verdade é que a Europa sempre descurou a defesa em benefício do Estado Social nos seus orçamentos. Isso pode ter um preço.
Quanto à Rússia, Theresa May afirmou manter a mesma posição com Moscovo, incluindo as sanções por causa das atividades russas no leste ucraniano. Trump por seu lado, disse procurar ter um grande relacionamento com o presidente Vladimir Putin, mas alertou para o facto de isso poder não acontecer. Portanto não é um dogma trumpiano.
Em resposta à questão do regresso a métodos de tortura, Donald Trump afirmou que não depende dele o regresso das chamadas técnicas agressivas de interrogatório, mas sim do secretário da Defesa, James Mattis.
Penso que Trump acabará com o tempo por travar o discurso incendiário, mas não os actos, porque Trump sabe o que quer e está longe de ser o tonto que querem fazer dele. Se isso é uma ameaça ao Mundo? Logo veremos.
Perante a notícia apetecia-me intitular este post de "Trump, o generalista." Porque é o que esta dá a entender. Segundo o Presidente Norte-Americano é preciso "limitar a entrada de muçulmanos nos EUA porque o mundo está uma confusão", dando a entender que eles são os responsáveis, os únicos responsáveis, por esta situação.
Apetecia-me mesmo recordar Horácio quando na sua sabedoria argumentava: est modus in rebus, ou seja, aconselhando a moderação em tudo.
Este é um lema que procuro seguir, sem sempre o conseguir, na minha vida. Porém nesta confusão em que vivemos, porque é real, é preciso sublinhar que "cautelas e caldos de galinha" nunca fizeram mal a ninguém, pelo que, por causa de uma minoria - e os terroristas são sempre uma minoria, caso contrário seriam a norma - foram todos metidos no mesmo saco.
Tenho pena dos inocentes, pois também os há. São fruto dos fundamentalismos em que vivemos!
Um ano após a eleições que deram a (esperada) vitória a Marcelo Rebelo de Sousa o seu principal adversário, Sampaio da Nóvoa, fez um balanço deste primeiro ano, afirmando: "Devemos estar agradecidos ao actual Presidente da República que, em pouco tempo, conseguiu revitalizar a função presidencial, devolvendo-lhe a sua importância, sobretudo na relação com os cidadãos". Acrescentou ainda que ele devolveu importância ao cargo.
Sim, é um facto que Marcelo Rebelo de Sousa se tem demonstrado como um presidente actuante. Não há dia em que ele não nos entre por casa a dentro, oferecendo afectos, lamentando – na página de presidência – a morte desta ou daquela figura, apoiando a geringonça em suposto nome de uma necessária estabilidade, etc. etc.
Marcelo Rebelo de Sousa, sem ofensa de qualquer tipo, está para Portugal, da mesma forma que um trolha está para as suas funções. Ou seja, estão sempre presentes, e neste sentido, Nóvoa tem razão quando disse que ele conseguiu “devolver importância” ao cargo.
Ora bem, é neste ponto, que há algo de inovador na presidência de Marcelo, uma redefinição, quiçá extra-constitucional, do nosso regime semipresidencialista, porque ele procura extravasar as suas funções, deixando de ser uma mera figura decorativa, um rei sem coroa. Ou seja, procurando ser um “upgrade” do soarismo. E, se calhar, ele também é fixe!
PS - Recordem-se que Mário Soares quando dissolveu o parlamento, resultando na primeira maioria absoluta a Cavaco Silva, esteve nas tintas para o cenário parlamentar. Porque o PS de Constâncio e o PRD de Martinho tinham as condições de formarem uma alternativa governativa. Soares não gostava de Constâncio, e por isso fez um frete a Cavaco Silva. Ora, Marcelo também não vai à bola com Passos Coelho... Será por isso que ele tem sido "muleta" de Costa? E porque razão argumenta que as presidências partidárias tem que ser levadas até ao fim?
Em conclusão, Mário Soares também deu (quiçá excessiva) importância ao cargo!
A separação dos poderes é uma coisa fantástica. É um travão! E no caso em questão, a saída do Reino Unido - o "Brexit" - como um dado adquirido numa leitura unilateral, sem a devida consulta à Casa dos Comuns, por parte da Primeira-ministra, Theresa May, é, segundo o Supremo Tribunal britânico, ilegal: "Governo de Londres só pode iniciar o "Brexit" após a aprovação do Parlamento, ou seja, a primeira-ministra não tem autoridade para activar o artigo 50º da saída da UE".
Por outro lado, os 11 juízes dessa instância judicial igualmente decidiram que os parlamentos da Escócia e da Irlanda do Norte não têm de ser ouvidos. É uma atitude, a meu ver, inaceitável. Demonstra prepotência inglesa, em detrimento da autonomia parlamentar de outros dois Estados britânicos (Irlanda do Norte e Escócia) sobretudo quando a dependência deles da União Europeia é considerável!
No entanto, há nesta decisão algo de notável. A que chamo de "vitória gramatical". Ao "I may" , os juízes contrapõe um "You can't"!
P.S. - A decisão é boa. São "good news!". Não tanto pela a matéria em questão, porque o fantasma do Brexit esta aí, mas porque é uma lição quando a prepotência dos políticos, e em países democráticos, é cada vez mais notória... Neste e do outro lado do Atlântico!
O que se retira da primeira entrevista do Presidente da República, ontem à SIC, é que Marcelo Rebelo de Sousa é o motor e a alma do Governo de António Costa.
A sensação com que se fica na entrevista é que António Costa toma decisões no gabinete no Presidente. Ao longo de uma entrevista difícil de fazer – porque Marcelo raramente se deixa rebater pelos jornalistas (ele não está habituado a esse formato do confronto em directo num estúdio de televisão) – o Presidente da República falou como Primeiro-Ministro.
O discurso era o de António Costa (ou será o contrário?). Defendeu as políticas económicas como António Costa o fez, sempre no mesmo registo, isto é, sempre a dizer nas entrelinhas "ninguém acreditava mas nós, eu e o Primeiro-Ministro, conseguimos". Com críticas veladas à oposição, mas a enviar um recado ao PSD, para que se mantenha Passos à frente do partido durante toda a legislatura. "As lideranças da oposição têm de ter a duração de uma legislatura", disse.
A simbiose perfeita chegou ao ponto de Marcelo dizer que "há alternativas para o Novo Banco" como quem diz "já as tenho discutido com o Primeiro-ministro e logo decidiremos". Mesmo a referência que faz ao papel do Estado na resolução dos problemas da banca (que inclui o BCP vá-se lá saber porquê), revela que António Costa e Marcelo discutem frequentemente. Pode quase antever-se que "vão a despacho" no gabinete um do outro. Parece ser assim que António Costa governa e traça a estratégia de relacionamento com os partidos de esquerda que o suportam no Parlamento e com a oposição, em conversas com Marcelo.
O país pensado por Marcelo e executado por António Costa é um país que corre bem e falta apenas afinar umas válvulas (crescer mais) para ser o país das maravilhas.
P.S: O argumento sobre a subida dos juros foi francamente fraco. E quando Marcelo citou a taxa de juro a curto prazo como exemplo de que a subida dos juros a longo prazo não era tão má como parecia, revelou demagogia. Pois os juros de curto prazo serem negativos só revelam que os investidores não temem um default a 3 e 6 meses. Mas temem-no a 10 anos.
Também o alongamento da curva da dívida não é nenhuma reestruturação até porque a dívida está a aumentar. O alongamento da curva da dívida é um procedimento corrente do IGCP.
Marcelo evitou comentar a redução gradual do programa de Draghi e o impacto para Portugal.
De resto foi uma entrevista abrangente, o protagonismo de Marcelo dificilmente anteveria outro estilo de Presidente da República.
Acabo de ler este artigo no Público de José Pacheco Pereira, intitulado Uma comunicação social cada vez menos plural. Nele Pacheco Pereira critica para não variar os jornalistas, o que já é quase uma missão (os jornalistas e Pedro Passos Coelho são os seus alvos de eleição).
Está tudo muito certo porque o jornalismo é tão susceptível de ser criticado como qualquer outra profissão. Mas não é que Pacheco Pereira diz esta pérola: "o jornalismo de direita e da direita, que, em bom rigor, não é jornalismo, mas sim propaganda e manipulação, e constitui um sistema de “pensamento único” que empobrece o espaço público e o torna frágil".
Não se me acaba o espanto, então o jornalismo da direita não é bom jornalismo, devo deduzir daí que o jornalismo da esquerda é bom jornalismo?
Toda a gente sabe que os jornalistas são maioritariamente de esquerda, isso para Pacheco Pereira é bom jornalismo (de direita é que não) e ainda acusa na mesma frase de ser " um sistema de pensamento único". Ora eu não conheço maior pensamento único do que toda a gente ser de uma fação e olhar para a história e para os factos sob a mesma perspectiva. Se Pacheco Pereira é defensor da pluralidade devia ser o primeiro a querer que o jornalismo fosse composto por jornalistas de todas as ideologias.
Depois diz que o contrário desse "jornalismo da direita" não existe (pasme-se!): "o contrário não tem hoje jornais, nem estações de rádio e televisão". Caramba que miopia. E vai mais longe ao pôr no patamar noticioso "os modelos como os blogues e páginas de Facebook anónimas como os Truques da Imprensa Portuguesa ou a 'geringonça', na tradição da Câmara Corporativa", que diz serem "uma péssima resposta"... Os blogs de que Pacheco Pereira é também autor, são artigos de opinião, de ironia, de confissões, de sugestões, de desabafos. Não pretendem ser resposta aos jornais.
*Por outro lado as páginas do Facebook como a Truques da Imprensa Portuguesa (que fiquei hoje a conhecer) não passam de uma versão do seu programa "Ponto Contraponto" na SIC Notícias, ou seja, aponta os "truques da imprensa", que é o que o autor deste artigo faz precisamente nesse programa, (que passa lá para a uma da manhã).
Se Pacheco Pereira olhasse para a sua Quadratura do Círculo e visse a cada vez menor pluralidade de opinião, talvez percebesse que o pensamento único está hoje no mesmo lado. Na crítica ao Governo? Claro que não. É na oposição ao anterior Governo e ao líder do PSD.
Ai de quem diga o contrário sobre o PSD, ou ai de quem não seja anti-Trump, e ai de quem não veja no Marcelo Rebelo de Sousa o melhor presidente que a República portuguesa já teve. Ai de quem não alinhe pelo mainstream opiniativo de que Pacheco Pereira faz parte.
Os jornalistas são pessoas que são de esquerda ou de direita como todas as outras pessoas. Como profissionais são o mais isento possível nos seus artigos. Depois se têm blogs ou páginas nas redes sociais é um direito que lhes assiste. Os jornalistas têm toda a legitimidade de terem o seu espaço de opinião
Hoje com a tomada de posse de Trump sinto-me preocupado. Talvez eu esteja a ser exagerado. O sistema americano não permite absolutismos, e o Congresso - apesar de ser maioritariamente republicano - talvez possa servir de travão aos receios da grande maioria das pessoas.
Porém, o que está em jogo não é ele. Já que se candidatou e ganhou! É mais o que ele representa e quais serão as consequências desta tomada de posse? Donald Trump não é um político. Não tem esta "tarimba" nem a diplomacia exigível. Ninguém sabe ao certo o que significará o seu consulado... Do mesmo modo que ignoro os efeitos que esta viragem populista representa ou poderá representar em países onde os movimentos análogos ganham terreno. Portanto, e em conclusão, estou convencido que hoje, pelas 17 horas da tarde portuguesas - inaugura-se uma caixa de Pandora! E a solução é dar tempo ao tempo!
Recentemente fui convidado a refletir sobre a onda de censura que paira no jornalismo português. Disseram-me que, conforme as tendências ou linhas editoriais, o “lápis azul” está de volta. Creio bem que nunca desapareceu.
Dizem: No Público corta-se à esquerda. No Diário de Notícias à direita, mesmo, que nesse centenário matutino, e em prol de uma suposta liberdade de imprensa e de pensamento, algumas das referências morais pairem. Cheguei mesmo, a ler na página do Facebook de uma certa jornalista, cronista e amiga conservadora, a forma carinhosa com que o diretor a tratou: “a minha reacionária favorita”!
Porém, o elo central deste “problema” é mesmo a palavra. Porque se “desnuda” nada vale quando transcrita, dita ou tele-visionada o cenário é outro, porque “muda evidentemente de destinatário e portanto de sujeito, pois não há sujeito sem Outro”. Neste caso, o campo de ação lápis é particularmente fértil! .
Ontem, à noite, citei Mounier. Porque, de facto, o personalismo que tinha (tem) como fito ser uma “reação as ideologias que escravizavam o homem moderno”, impedindo o Homem Inteiro de ser livre, que é a meu ver condição natural da sua existência, do velho mito do “bom selvagem”. A realidade é no entanto outra: somos seres sociais, e por isso regulados. E nestes casos, e mesmo em sociedades ditas democráticas, e nas quais os jornalistas deveriam ser seus defensores, o bom é inimigo do ótimo, sendo a liberdade um principio e nunca é em si mesmo um fim. Acresço ainda – e esta é uma opinião com a qual estou profundamente de acordo – que o mitólogo romeno Mircea Eliade [“Fragmentarium] acerta no alvo quando escreveu que “ser livre significa em primeiro lugar ser responsável para consigo mesmo”. A ideia de liberdade está em nós. Não é o suposto facto de se viver numa sociedade livre que nos garante a liberdade. Porque, e agora à boleia da genialidade de Fernando Pessoa, só se pode pedir a liberdade se nós o formos: “primeiro sê livre; depois pede a liberdade!"
"Importa, a todo custo, que façamos alguma coisa da nossa vida. Não o que os outros admiram, mas esse impulso que consiste em imprimir-lhe o Infinito."
Tenho-me abstido de comentar esse tema (Passos e a TSU) para não me envolver demasiado em política, porque sou jornalista e já sou bastante ostracizada no meio por ser de direita e não ter medo de o assumir e por ser sempre coerente com as minhas ideias, num mundo (ocidental) que gosta de meias tintas e tende sempre para se aproximar de um centro mais confortável porque está mais próximo do "não me comprometo".
Mas porque preciso de marcar a ideologia deste blog vou cingir-me a publicar o excerto de um artigo de opinião de um colega meu do Expresso que subscrevo:
"É inegável a habilidade política de António Costa, mas no caso da TSU e do acordo de concertação social só cai quem quer. A verdade dos factos é que o primeiro-ministro fechou um acordo sabendo que não o podia cumprir. E agora tenta desviar-nos o olhar para o PSD, como se fosse ele o culpado, quando o problema está na geringonça. Antes de atacar Passos, Costa devia resolver os problemas em casa com o PCP e BE. O líder do PSD está a fazer o que deve (e o que tanto lhe pediram): oposição".
Lamento que os arautos do senso comum passem a vida a atacar Pedro Passos Coelho por não fazer oposição a sério ao Governo e depois venham para a praça pública criticar o líder da oposição por estar a fazer aquilo que lhe é pedido fazer: oposição.
O PS tem de contar com os seus aliados de esquerda, não é ficar com os louros de um acordo de Concertação Social que é um embuste e que assinou como se fosse maioritário no Parlamento, sem o agreement dos partidos que o suportam enquanto Governo no Parlamento.