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"O homem que disse que preferia ter sorte a ter bondade, tinha uma grande intuição. Temos muita relutância em admitir que muito da vida depende da sorte. É assustador pensar que tanta coisa escapa ao nosso controlo!"
Woody Allen, Match Point
Já vi e gostei muito. Woody Allen de regresso à qualidade dos bons velhos tempos.
Não digo mais, porque alguém já o fez tão bem que não deixa espaço para mais opiniões sobre o último fil do Woody Allen:
«Nem romântico nem cínico, Woody Allen é um realista pessimista. E por isso, “Café Society” é uma história amargamente realista de amores falhados e oportunidades perdidas e lamentadas no mais íntimo para o resto da vida, onde os protagonistas, mesmo separados por uma enorme distância, nunca deixaram de pensar um no outro. E quando se reencontram, ficam a meditar no que teriam sido as suas vidas se tivessem ficado juntos. É tristíssimo, é dilacerante, é empático, e Woody Allen faz passar tudo isto com a dose de gravidade exata, sem fungadelas melodramáticas nem enchimento de “pathos”».
O Económico chega ao fim. Este é talvez o texto mais difícil de escrever. Ficar para apagar as luzes tem um lado trágico e desolador.
O muito que se poderia dizer de um jornal que nasceu a 3 de Outubro de 1989, quando a economia e o mercado de capitais despontavam num país saído dos escombros das nacionalizações e a reentrar no admirável mundo novo da iniciativa privada, fica sempre aquém. O Económico atravessou as principais evoluções económicas do mercado português ao longo de 27 anos.
A coincidência da precisão de acabar no dia 4 de Outubro de 2016, precisamente um dia depois de completar os seus 27 anos, dá-lhe uma carga mais fatídica, e provavelmente mais memorável.
Uma marca líder, um jornal de referência, são coisas que não se constroem de um dia para o outro, o Diário Económico tinha um activo incomensurável, uma liderança como jornal de referência, consolidada ao longo de quase três décadas. 27 anos é uma vida. Uma vida que não foi possível salvar, apesar de todos os esforços.
Não foi possível salvar o Económico, apesar de todos os esforços dos que aqui trabalharam e deram o seu contributo para consolidar a liderança. É uma pena, é o mínimo que se pode dizer.
Pelo menos não faltou vontade de tentar salvar o Económico. Foi uma luta titânica até ao fim, mesmo quando já tinha o futuro traçado. O mínimo que se podia fazer era manter a dignidade de um grande jornal até ao fim. Por isso até hoje manteve actualidade e dinâmica informativa possível, dadas as circunstâncias. Um fim digno impunha-se. Ao menos isso foi conseguido.
Todas as pessoas são insubstituíveis (lamento contrariar o cliché) e todas as pessoas foram insubstituíveis no percurso de construção do Diário Económico e Semanário Económico que depois se desdobrou em Económico, versão digital. O Económico online era o último reduto de um jornal que foi líder de mercado praticamente até ao fim. A força da marca do Económico é irrepetível. Nenhum outro se lhe comparará.
A vida é composta de mudança e cada pessoa (todas elas sem excepção) que escreveram no Económico, levam consigo uma marca de credibilidade inegável, a marca do profissionalismo de um jornal de referência. Levam consigo o nome Económico.
Vemo-nos por aí!
*Este texto era suposto estar publicado no site do Económico no dia 4 de Outubro. Mas mais uma vez o responsável pela empresa que gere o site paralisou na sua indecisão estrutural, e assim como me pediu o texto, também não o publicou. O Económico merecia uma explicação aos leitores que ainda lá vão ao site, mas teve azar com a gestão. Assim o site ficou entregue à sua sorte, naquele estado de abandono. Lamentável.
Agora encontram uma boa parte dos jornalistas do Económico no Jornal Económico.
Há um hábito em Portugal, quando não se gosta de alguém difama-se (arma da cobardia), e se não se tem nada a dizer de concreto, diz-se logo "tem mau feitio". Há quem invente e espalhe famas mais bizarras e mais graves, ou apenas um: "é maluco (a)"; "é estranho (a)". "não é muito normal"; "tem um feitio complicado", "é insuportável", etc.
Normalmente as pessoas que têm famas muito bem espalhadas raramente correspondem ao que se dela se diz. Criam-se mitos, uns por ignorância, outros deliberadamente por motivos menores. Quando alguém incomoda, porque é melhor, mais inteligente, mais bonito, mais brilhante, trata-se logo de lhe arranjar um rótulo que o diminua. O mundo não aguenta o dom dos outros e em Portugal esta verdade é elevada ao expoente máximo.
A quantidade de ódios sem motivo e sem aderência a factos que por aí pululam é o reflexo de uma sociedade insegura, que nunca se atreve a verificar por si e a pensar por si, e alinha em movimentos colectivos.
Eu, que sempre fui vista como uma pessoa com mau feitio, apesar de não o ter, bem pelo contrário, sempre encarei esse rótulo que me impunham como um pretexto. À falta de melhor...
Sei por isso que 90% das coisas que se diz sobre uma pessoa, e é espalhado para se assumir como verdade, é na verdade mentira. Deve ser por isso que tenho uma apetência especial para gostar de pessoas muito rotuladas. Tenho a certeza que alguma qualidade devem ter e que a maioria do que se diz é mais revelador de quem criou o rótulo do que quem é vítima dele.
Mas isto não é sobre mim, conheço de cor a boa desculpa, que pega quando é dita muitas vezes, muitas vezes ditas por pessoas que têm o defeito que apontam aos outros. Há sempre quem tenha a fama e outros que se escondem na fama dos outros.
Reparo isso agora no ex-primeiro ministro ou na ex-ministra das finanças. Levantam-se vozes, antes insuspeitas, a criticar, não sei bem o quê (normalmente não há motivos concretos nestes movimentos de massas), e com argumentos dos mais inacreditáveis, de tão falsos. Donde vem essa opinião tão uniforme sobre as pessoas?
Desculpem-me mas nutro logo uma simpatia especial por pessoas que são vítimas de movimentos de opinião colectivos. Não consigo evitar.
"É o perdão Galp!", diz o CDS. Rocha Andrade confirmou no Parlamento que a petrolífera, que não pagou mais de 100 milhões ao fisco, com quem o fisco mantém um litígio, pode recorrer ao perdão anunciado pelo Governo.
A pergunta foi feita por Cecília Meireles, do CDS: a Galp poderá beneficiar do perdão fiscal anunciado esta quinta-feira pelo Governo? Do outro lado, na comissão parlamentar de Finanças, estava Fernando Rocha Andrade, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais que em agosto foi a Paris ver a seleção nacional, no Euro, a convite e pago pela Galp.
Rocha Andrade respondeu: sim, a Galp também pode recorrer a este instrumento de regularização de dívidas. "Então já tem nome: é o perdão Galp!", exclamou de imediato Pedro Mota Soares, do CDS.
A resposta de Rocha Andrade não foi assim tão directa, mas a conclusão é essa. O secretário de Estado argumentou que não pode "divulgar dados relativos a um contribuinte" e assegurou "não fazer ideia quanto aos pormenores" das dívidas da Galp. Mesmo sem saber se a Galp estava litigar e se fez ou não previamente o pagamento do valor em causa. Mas o perdão fiscal anunciado esta quinta-feira aplica-se "à dívida em execução ativa e à dívida suspensa".
"Qualquer contribuinte que esteja a litigar com o fisco e não tenha feito este pagamento pode recorrer" ao perdão fiscal.
Foram precisas algumas horas para se ficar a saber que o regime especial para reduzir as dívidas fiscais e à Segurança Social não se vai aplicar à Galp.
“O diploma não se aplica às contribuições extraordinárias, pela sua natureza. Assim, sempre que estejam em causa dívidas referentes a estas contribuições o programa aprovado não se aplica qualquer que seja o contribuinte”, diz o Ministério das Finanças
O esclarecimento foi feito à Rádio Renascença, já durante a madrugada, por fonte do gabinete do Ministério das Finanças.
Isto referidno ao regimes aprovado em Conselho de Ministros. Um regime especial para reduzir as dívidas fiscais e à Segurança Social, podendo os contribuintes ficar isentos de juros se pagarem toda a dívida ou beneficiar de reduções se optarem pelo pagamento em prestações.
Já estou habituada a ver as coisas contra a corrente, e provavelmente este meu pensamento é mais uma vez um desses episódios. Mas expliquem-me como é que a proposta da Fosun para entrar no capital do BCP é um mérito do Governo?
É que acabo de ouvir o comentador da SIC, Luís Marques Mendes, a dizer, no âmbito do balanço de um ano de geringonça, que pela positiva se destacou "a solução para a banca", e citou: "Capitalização da CGD; o Dossier do BPI; Dossier do BCP; falta vender o Novo Banco, e também solução do Banif", disse sem no entanto explicar qual foi o papel do Governo na proposta da Fosun ao BCP.
Solução para a banca? Talvez a única solução para a banca tenha sido a extensão do prazo para o Fundo de Resolução pagar o empréstimo ao Estado, embora mesmo essa solução seja na prática a materialização das balizas legais que já constam na lei da Resolução (a contribuição para o Fundo de Resolução não pode pôr em risco a solvabilidade do sistema, etc,etc). Mas pronto, ainda dou de barato que esse acordo conseguido com Bruxelas, sem que isso seja considerado ajuda do Estado, possa ter salvo a banca de desaires piores.
Mas de resto não contribuiu em nada de positivo. Nada. Nem o BPI ajudou muito, porque apesar de ter criado uma lei com vista a ajudar a queda da blindagem de votos do banco, essencial ao sucesso da OPA do CaixaBank, a verdade é que não foi preciso a lei para a blindagem cair. Caiu com a abstenção da Santoro (na votação da proposta do Violas). Foi mais eficiente o empréstimo do CaixaBank a Angola, do que 10 emissários políticos nas negociações entre accionistas.
Francamente, o que é não nos foi dito que faz com que seja mérito do Governo a proposta da Fosun para entrar em 16,7%? Num aumento de capital com supressão do direito de preferência dos accionistas que foi votado em AG do banco em Abril?
Capitalização da CGD. Mérito? Huum... talvez, se esquecermos o facto de para ser considerado operação em condições de mercado (essencial para que a comissária Vestager não tenha de considerar que é ajuda do Estado) o aumento de capital em dinheiro tem de ser acompanhado por uma emissão de obrigações subordinadas (que não contam para CETier 1) que serão emitidas a um custo altíssimo para o banco (10% ao ano), mais caro que os CoCos. E ainda vamos ver se o Eurostat não obriga a levar ao défice público o aumento de capital da CGD.
Ainda vamos ver no Novo Banco como será a solução.
Banif um mérito do Governo?! Por amor de Deus, para fazer aquilo com aqueles custos para o contribuinte, qualquer um teria feito. Chegar ao BES e pôr os contribuintes a pagar também tinha sido uma solução. O mais difícil é criar uma solução em que os contribuintes não paguem.
Acho que o mérito do Governo, sinceramente, é transformar negociações banais com Bruxelas em grandes feitos heróicos, e a capacidade que o governo tem de ceder a compromissos com Bruxelas em troco de aceitações importantes que servem depois de bandeira mediática.
Luís Marques Mendes, destacou no seu balanço como ponto negativo, o fraco crescimento da economia inferior ao do ano passado o que está a reflectir-se no aumento dos juros da dívida soberana, o que és particularmente relevante face a Espanha.