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Já estavamos habituados a que Pacheco Pereira aproveitasse cada minuto de tempo de antena para criticar Pedro Passos Coelho. Mas não se me acaba o espanto quando vejo António Lobo Xavier a sistematicamente dar uma no cravo do governo e outra na ferradura no Pedro Passos Coelho (será para agradar a Costa?).
Mas será possível que de repente para o centrista que ajudou o Governo de Passos, e bem, na reforma fiscal do IRC, agora considere que Passos Coelho tem só pontos negativos?
Até tu Brutus?
Já no outro dia me espantei com o elogio rasgado de António Lobo Xavier (que é uma pessoa que eu admiro intelectualmente e como pessoa) ao Governo no caso da banca (Fundo de Resolução). Será o BPI o motivo desta simpatia repentina pelo Governo de Costa? O BPI o banco que teve a ajuda do emissário de António Costa na tentativa de resolução do conflito accionista; o banco que conseguiu uma lei adaptada à sua necessidade de resolver o embróglio accionista [eu sou a favor de uma lei que ponha fim à blindagem de votos] sem mudar a essencia das blindagens estatutárias; o BPI que cedeu o seu vice-presidente para gerir a CGD [o BPI estará quase quase a passar ao estatuto de banco do regime?] será isso o motivo de força maior que tem feito Lobo Xavier mudar a agulha em relação a Passos Coelho?
Toda a gente se esquece que a austeridade do Governo anterior foi provocada pelo desastre socialista? Será que toda a gente se esqueceu que foi o governo de Passos Coelho que tirou Portugal da recessão?
Enquanto o Tiago Violas pagava a advogados e se perdia em estratégias meticulosas de como chatear o BPI o CaixaBank foi por trás e emprestou 400 milhões de euros a Angola. É a diferença entre ser grande e ter ambições.
Agora Tiago Violas (accionista com 2,7%) vem dizer que não percebe a estratégia de Isabel dos Santos e percebendo que há um acordo tácito e que a Santoro vai votar a favor da desblindagem já na quarta-feira, deu uma entrevista a deitar a toalha ao chão. Confesso que simpatizei com a ingenuidade da obstinação de Tiago Violas, mas a este nível há sempre mais coisas entre o ceú e a terra do que a vã filosofia pode explicar.
Taxa de juro da dívida portuguesa a 10 anos: 3,30%; taxa de juro da dívida espanhola a 10 anos: 1,08%; taxa de juro da dívida alemã a 10 anos: 0,0436%. As yields portuguesas estão assim a 325 pontos da alemanha e a 222 pontos de Espanha.
Antes deste governo chegar os juros de Portugal estavam a 40 pontos a 60 pontos da espanhola (cito de memória)
Isto está bonito está!
Depois o outro é que só fala em desgraças que não existem.
A diferença entre os portugueses e espanhóis. É que os portugueses começam por votar num governo levando-o à vitória minoritária (mas perto da maioria absoluta). Vem um partido derrotado e faz uma coligação negativa (o que une os partidos que sustentam no Parlamento o governo PS é o ódio à direita) para se manter no governo (sozinho) e passado uns meses os portugueses já viraram as agulhas nas sondagens. O espanhóis ao contrário, quanto mais mal a imprensa trata o candidato vencedor, do PP, que não consegue formar governo por oposição parlamentar liderada pelo PSOE, mais o eleitorado vota nele. Se fosse cá Rajoy nas segundas eleições já tinha perdido. Em Espanha arrisca-se a ganhar pela terceira vez e fala-se em maioria absoluta. Espanha é um país rico é nós somos os remediados da Europa.
Espanha está a crescer 3% o PIB e Portugal esgatanha-se para chegar a 1%.
Talvez a falta de segurança e determinismo e capacidade de preferirem sempre a opinião da manada, acima de tudo, expliquem em parte.
O PS devolve parte da sobretaxa, mas depois agrava a progressividade, logo vai aumentar os impostos à classe média.
Ontem no programa de José Gomes Ferreira, Manuel Caldeira Cabral admitiu que um ajustamento dos escalões do IRS podia levar a um aumento da taxa aplicável nos escalões mais elevados. Entendendo por escalões mais elevados a classe média.
"Mas, consistentemente, vamos ter dois anos de redução da carga fiscal sobre todos os portugueses", disse Manuel Caldeira Cabral, só que isso não é possível
Estamos num pantano. Pedro Passos Coelho vai ter razão, é uma questão de tempo.
P.S. Não é mesmo nada fácil apanhar Manuel Caldeira Cabral numa fotografia com o primeiro-ministro.
O que se está a passar no BPI é o retrato do país. Nada se faz sem o apoio tácito do Governo, que mesmo assim, com medo de violar o políticamento correcto, fez uma lei que fica a meio caminho.
Eu já tinha escrito que uma lei em que só quando a proposta de desblindagem vem do conselho de administração é que caem os limites na votação, estava-se mesmo a ver que ia dar nisto.
Então faz-se uma lei com regras de votação diferente consoante o autor da deliberação que é levada à Assembleia Geral de accionistas? E nem o Presidente da República pensou nisto?
Claro que o accionista minoritário adiantou-se e leva uma proposta antes da administração do BPI, o que leva a que os votos nessa votação continuem blindados e seja preciso uma maioria acima da legal (75%) para que a desblindagem passe.
Cria-se uma lei para desbloquear o impasse accionista e consegue criar-se as condições na nova lei para um novo impasse accionista?
Por outro lado só neste país é que os accionistas minoritários querem chumbar operações que têm como resultado a queda dos títulos. Mas Tiago Violas quer medir forças com o Caixabank para no fim do dia ter as acções a valer menos de 1 euro por acção? Vejam lá as acções após a OPA do Caixabank estar em risco de ser retirada. Acham pouco 1,113 euros por acção? Então o melhor é criar condições para as acções caírem a pique. O BCP estava muito sozinho na sua condição de penny stock, o BPI prepara-se para lhe fazer companhia.
Um accionista com 2,6% consegue impedir uma OPA como? Porque, outra característica portuguesa, os tribunais têm os seus ritmos. Uma falha formal que foi corrigida, não merece uma resposta do juiz em tempo útil, sabendo que está uma empresa essencial para o país em risco?
A quem pedir responsabilidades se mais um banco definhar em Portugal? Como pode a burocracia pôr em causa a definição accionista do BPI, a resolução do problema da elevada exposição do BPI ao risco Angola, e eventualmente a venda do Novo Banco ao BPI, que pode salvar o país de mais uma liquidação de um banco?
Não me digam que é ao anterior governo que vão atribuir culpas do BPI, porque eu já não aguento esta campanha anti-Passos/Maria Luís como se não tivessem sido eles que tiraram com a ajuda da troika Portugal da bancarrota.
Ainda vão acabar por dizer que o BCE podia ter evitado a lei que retirou Angola de equiparado em termos de supervisão a bancos europeus, que desencadeou todo este "caso BPI", se o anterior Governo tivesse convencido Mário Draghi.
Já faltou mais.