A Caixa Geral de Depósitos é mais uma construção desse grande arquitecto de empresa publicas que se chama António Costa. A administração da CGD está a ser desenhada à imagem e semelhança do estilo do Primeiro-Ministro.
Especialista em geringonças, António Costa prepara-se para transformar a administração das Caixa num autêntico Albergue Espanhol. Todos lá representados, todos as "tribos" representadas para acabar com aquela coisa que o incómoda verdadeiramente: O confronto.
Vejamos o que se passa na Caixa. António Domingues, inteligente banqueiro, discreto, e especialista na área financeira (o que dá jeito à CGD que precisa de um presidente que salve a capitalização do banco), leva, segundo o Negócios e o Expresso, e outros que seguiram, Leonor Beleza* e Rui Vilar*. Uma social-democrata e um socialista. Ambos de um tempo antes da actual crispação esquerda direita.
Vamos cá a ver, António Domingues aceitou este desafio, muito provavelmente porque foi convencido a isso por Artur Santos Silva (chairman do BPI), socialista da velha guarda, e pelo primeiro-ministro, que mandou lá um emissário Diogo Lacerda Machado, nos tempos da importância diplomática para as negociações do banco com Isabel dos Santos. Tem por isso desempenhado o papel de escolher uma administração e uma comissão executiva. É uma tarefa árdua e de louvar!
São apontados neste novo 'board' ainda, como não executivos, Bernardo Trindade*, o ex-secretário de Estado do Turismo de José Sócrates e dirigente socialista, e Pedro Norton* o ex-CEO do grupo Impresa.
Não têm experiência em bancos mas representam "tribos", e isso é o que interessa nesta época "dos consensos" (ou não tivéssemos nós um presidente da republica "consensual").
*São bons gestores (que isso fique claro)
Há ainda entre os não executivos, dois estrangeiros, dizem os jornais. Mas nada se sabe sobre isso. Eu apostaria em alguém próximo da Comissão Europeia, ou quiçá mesmo alemão.
Leonor Beleza por seu turno, aceitou ir para a CGD, mantendo a sua presidência na Fundação Champalimaud, sem que para a nova função venha a ser remunerada. Ora o Conselho de Administração de um banco não é propriamente um órgão consultivo. É preciso fiscalizar e nalguns casos é mesmo preciso decidir. É uma actividade que deve ser remunerada para que seja possível exigir responsabilidades. Portanto isto parece uma coisa boa (é barato), mas a meu ver, não é. O barato sai quase sempre caro. A senhora vai fazer um favor. Não é um trabalho.
Adiante. Todos os administradores de que falámos, ainda haverá um do CDS (seguro) e quiçá uma Mortágua qualquer do BE, e uma comunista com inclinações económicas (que é como quem diz, capitalistas).
O novo Conselho de Administração do banco público terá 19 membros, dos quais seis gestores executivos.
Dos executivos pouco se sabe. Os executivos é que interessam, pois são os que verdadeiramente trabalham.
Há o presidente, fala-se de Emídio Pinheiro, presidente do BFA. Até pode ser que vá, mas será que vai já? Quem é que nesta altura (até ao desfecho da OPA do CaixaBank, e eventual spin-off do BFA), no seu perfeito juízo quer substituir o presidente do BFA, sem saber quem será o novo dono do banco? Vai Emídio Pinheiro para a CGD deixando o BFA à sua sorte?
Os não executivos da Caixa são fáceis de recrutar, os executivos é que são elas. António Domingues começou a escolher os melhores, mas recebeu recusas, a ver quem aceita este desafio de guiar um barco demasiado pesado (Too Big to Fail) e sob vigilância apertada de Bruxelas.
Mas esperem lá 19 membros?! Mas como é que a António Costa pretende explicar aos portugueses que vão ter de contribuir com 4 mil milhões de euros para aumentar o capital da Caixa, um banco que vai ter de fazer muitos despedimentos, e depois «bota lá» 19 administradores, sendo apenas seis (sete com o presidente) que trabalham mesmo (os executivos)?