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Ontem vi em casa, emprestado por uma velha amiga inglesa, este filme. É um retrato intimo sobre a vida de um dos mais influentes políticos do século passado, Winston Churchill.
Neste filme, realizado este ano para televisão, tudo é perfeito.
"Importa, a todo custo, que façamos alguma coisa da nossa vida. Não o que os outros admiram, mas esse impulso que consiste em imprimir-lhe o Infinito."
Emmanuel Mounier
1905 -1950
“The farther backward you can look, the farther forward you will see*”
Winston Churchill
Seis dias nos separam do referendo do século. Os britânicos vão decidir pela manutenção ou não do Reino Unido na União Europeia. É uma história que se repete, já que nos idos anos 70 a questão já tinha sido colocada, tendo os “europeístas” ganho.
Agora o cenário parece ser diferente. Todas as sondagens sugerem uma vitória do não, e com isso a despedida dos ilhéus, ou seja, traduzindo num resultado indesejado, e que me faz recordar uma anedota: “Numa manhã de um típico nevoeiro, o marido vira-se para a mulher e diz-lhe: 'Amor, o Continente está isolado'”.
Seja qual for o resultado, mesmo que a manutenção seja vitoriosa, os britânicos fruto da sua situação geográfica – estratégica e política, e, a par, do seu 'conservadorismo militante', estarão sempre isolados. São uma carta do fora do baralho. Por outro lado, o que não deixa ser irónico, é preciso recordar que um dos grandes impulsionadores da integração europeia – deste 'milagre europeu' - foi Winston Churchill, para quem “só uma Europa unida poderia assegurar a paz.”, já que o objectivo era “eliminar definitivamente as 'doenças' europeias do nacionalismo e do belicismo.” No entanto, só bem mais tarde os ingleses ingressam na antiga CEE. Para Churchill, os problemas supra mencionados era um 'exclusivo' dos continentais. Dos dois confrontos europeus nenhum tinha sido patrocinado por Londres. Eram, portanto, uma realidade marginal: sejam eles, sejamos nós, havia sempre 'alguém isolado'!
Acontece que os tempos são outros. São tempos em que a dialéctica temporal / espacial não faz sentido. No contexto da actual globalização é um erro gigantesco – e muito em particular para eles – abandonarem o barco. As consequências vão ser gravíssimas Desde logo, a libra vai ser hiper-desvalorizada o que irá traduzir num acréscimo de situações do foro social há muito inimagináveis. A economia irá entrar num processo de recessão histórico. Por outro lado, seja nos organismos europeus seja um pouco pela Europa em geral, a vitória do não irá traduzir-se num 'retorno a casa' cujas consequências serão igualmente preocupantes, recordando a situação ocorrida com os nossos nacionais aquando da descolonização. Para a Europa haverão tem algumas consequências, e que a pior é a da sua reorganização perante um cenário pós-britânico, nomeadamente a nível funcional. Fica, também, a duvida se este resultado poderá alastrar-se – tipo 'virose' a outros estados-membros, o que seria particularmente preocupante.
Eu sou por natureza um idealista. Tenho no entanto os pés na terra, o que faz de mim um idealista que simultaneamente é realista. O cenário assusta-me. Porém, o cenário para eles será indefinidamente mais dramático do que para nós.
P.S. - Quando nesse país alguém é capaz de matar uma pessoa por delito de opinião, isso explica muita coisa. E, para mim, pessoas dessas não interessam a ninguém!
* “Quanto mais você olhar para trás, mais para frente você vai ver.”
Não se perca muito tempo a tentar descobrir quem foram os "malandros" que geriram a CGD até este nível de prejuízos, de imparidades e de necessidades de capital. Ao contrário do que diz a senhora do Bloco de Esquerda o que levou a CGD até aqui é precisamente o ser um banco do Estado (e não a lógica privada na gestão da Caixa). O ser um banco público deu à Caixa uma missão muito concreta: dar o crédito à economia que os privados (na sua lógica de dar prioridade retorno ao accionista e como tal apostar na rentabilidade) não puderam dar.
Foi escrita uma Carta de Missão em 2013, que dizia que Caixa Geral de Depósitos era uma instituição imprescindível nesta nova fase do processo de ajustamento português. "A Caixa Geral de Depósitos pode – e deve – aspirar à posição de banco líder na concessão de crédito às pequenas e médias empresas (especialmente exportadoras); no fomento da atividade produtiva, em particular de bens e serviços transacionáveis; no apoio à internacionalização das empresas portuguesas". Quando os bancos privados estavam a retrair o crédito, a CGD estava a dá-lo porque tem uma missão. Era o banco de fomento do sistema. O resultado é este.
Fala tudo muito do que não percebe.
Em 2011, antes da intervenção da troika, Fernando Faria de Oliveira, então presidente da CGD, dizia isto: “Nos últimos três anos, a Caixa cumpriu cabalmente com as missões que lhe estão incumbidas, que são o financiamento da economia e estabilidade dos sistema financeiro”. Na conferência de apresentação de resultados de 2010 o banco, o responsável sublinhou que, nos últimos três anos, o crédito cresceu 20,9% e que “os resultados antes de impostos de 2010 são um terço dos de 2007".
Quando ninguém emprestava às empresas (2011, 2012, 2013), durante a crise financeira e depois durante a crise de dívida soberana, a CGD, por instruções do seu accionista, e por ser um banco público emprestava às empresas, e emprestava às PME e isso tinha um custo, na conta de resultados e no capital. A CGD concedia crédito às empresas com spreads mais baixos do que os bancos privados, mas financiava-se ao mesmo preço e isso degradou a margem financeira. Porque o fez? Porque ao ser um banco público era essa a sua missão.
Ora os bancos privados não seguem essa cartilha. O aumento do crédito é um objectivo dos bancos. Mas essa concessão de crédito não pode deixar de seguir critérios de avaliação do risco correctos e prudentes, sob pena de enfraquecerem os bancos, e os spreads reflectem o risco de crédito, não reflectem missões de apoio à economia.
A CGD por ser pública foi uma espécie de BCE da economia portuguesa antes do Plano Draghi vir ajudar à liquidez do sistema (quantitative easing começou no inicio de 2015).
Nunca se esqueçam disso. A Caixa está como está porque tem incumbências de banco público que custam caro.
P.S. Para além da actividade core a CGD serviu também durante anos como fundo soberano do Estado para a compra de participações em empresas estratégicas (whatever that means). Foi a golden share, e a blindagem de votos na gestão privada de empresas como por exemplo a PT.
Durante anos a CGD era o banco que entrava no capital de uma empresa que o Estado queria condicionar os destinos. Isso é também uma vicissitude de ser um banco público e não o contrário.
Sei que hoje toda a gente tende a defender a CGD como banco do Estado, porque acredita que será a única maneira de ter um banco de grande dimensão no espaço europeu que convida às fusões e ao desaparecimento de bancos mais pequenos às escala europeia e menos rentáveis. Esse designio de que falou Nuno Amado, de haver um banco português de referência. Mas, será que ser do Estado garante esse estatuto à CGD? Não depende também ela das directizes de Bruxelas e Frankfurt?
Desde Bartolomeu de Gusmão e a sua Passarola, passando pelo governo de António Costa e seus acólitos e terminado em Fernando Santos e na equipe que defrontou a Islândia no Europeu de França, Portugal é o campeão mundial das geringonças!
Claro que sim. Oiçam e vejam o concerto de Antony & The Johnsons com a Metropole Orchestra e a resposta está dada!
Coitadas das elites: Sempre à frente nas decisões dificeis, sempre à frente a assumir as responsabilidades, são sempre as criticadas quando tudo corre mal, e nunca as elogiadas quando tudo corre bem.
O Presidente da República disse hoje no discurso do 10 de Junho que:
"O povo sempre a lutar por Portugal mesmo que algumas elites, ou melhor, as que como tal se julgavam, nos falharam. Em troca de prebendas vantajosas, de títulos pomposos, de altas contemplações deslumbradas, ou simplesmente tiveram medo de ver a realidade e decidir com visão e sem preconceitos", disse Marcelo, lançando assim uma farpa às elites criadas pela História.
Este é um discurso que só a elite pode fazer, é um pensamento/sentimento que só a elite pode ter. Penso que Marcelo Rebelo de Sousa sabe isso.
"Amo aqueles que se envergonham quando os dados lhes são favoráveis", cito de memória, escreveu um dia William Blake
A elite é aquela que se envergonha quando os dados lhe são favoráveis. E nesse aspecto são pessoas de uma enorme grandiosidade e nobreza, e essa grandiosidade é essencial para a humanidade. Porque a contagia.
Por muito que se critique as elites [já lá iremos] elas são louváveis, e são o motor do mundo.
Pode dizer-se, e eu concordo, que as elites são fracas porque são elites numa coisa, mas não o são em tudo. O nível cultural das elites (nomeadamente das portuguesas) é lamentável e isso afasta as elites daquilo que deveriam ser. A cultura é a única receita contra pensamento único, é a única arma contra a propaganda, é a única forma de se pensar pela própria cabeça mesmo quando se unem exércitos contra nós. Porque os movimentos de massa são poderosos, mesmo quando são movidos por ideias "estúpidas". A cultura e a inteligência são fundamentais para saber que caminho traçar, para se ser imune à alienação colectiva, para saber reconhecer os preconceitos e ultrapassá-los com o coração. Para isso é preciso uma enorme dose de bondade. A sabedoria aliada à bondade é também um traço da elite.
Os preconceitos estão em todos os lados, não só na elites. Mas a elites têm de ter essa capacidade para os renegar, para os derrubar. Se o fizer outros se seguirão e o povo será melhor.
"Querida, não assustes os rapazes com a tua inteligência."
- "Não vou fingir que sou burra!"
- "Claro que não. Sorri só quando eles falarem".
Eis os salários mensais dos presidentes executivos dos bancos concorrentes:
A média simples dá 31,1 mil euros, será este o ordenado do novo Presidente da CGD?
P.S. Actualmente José de Matos ganha pouco mais de 16 mil euros por mês
P.S Será que isto são números brutos ou líquidos?
P.S.O Nuno Amado "ganha mal" (comparando) :)