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Simplex, simplex mas IRS por débito directo é que não

por Maria Teixeira Alves, em 22.05.16

Estou de acordo com o Pedro Mexia, quando a falar do Simplex, que elogia, menciona aquela medida de pagamento de impostos por débito directo. Livra que perigo, enganam-se por alguma razão e tiram-nos o dinheiro e depois para o devolver é o cabo dos trabalhos. O Pedro não diz isto, não quer pagar ao fisco por débito de directo porque teme que a seguir tenham acesso ao PIN.

 

 

 

publicado às 00:48

A notícia que o Económico dá no seu site: ERC condena TVI a pagar 459 euros por notícia sobre o fecho do Banif vem por a nu várias das vicissitudes da profissão de jornalista. Num mundo cada vez mais regulado e regulamentado, o jornalismo é a excepção.

Reparem a ERC concluiu que a TVI violou o Estatuto de Jornalista e o Codigo Deontológico e a decisão condenatória leva-a a castigá-la ao pagamento de taxas administrativas de 459 euros, a obrigá-la a ler o comunicado da ERC (sempre são uns minutos de fama para o regulador) na TVI. Exige a "exibição e leitura do texto [da deliberação] no serviço noticioso de maior audiência do serviço de programas TVI24" e a publicar no site o comunicado do regulador.

Depois passa a bola à Comissão da Carteira, cuja lei prevê contra-ordenações com coimas para tudo menos para a violação do artigo 14. n.1. O máximo das coimas são 15 mil euros, sendo que para quem se esquece de pagar os mais de 50 euros pela carteira sujeita-se a uma coima de sete mil euros. Mas para violar as regras deontológicas do jornalismo não há coima, há talvez uma suspensão da carteira por 12 meses.

Para além de serem organismos com horários muito simpáticos, a CCPJ está disponível das 10 horas às 16 horas; e a ERC dá um bocadinho mais, fecha às 17:30.

Depois, a probabilidade de a ERC ter olhado para este caso da notícia sobre o fecho do Banif, por causa do mediatismo inerente, é elevadíssima. Se não fosse um tema que até é matéria de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, a ERC se calhar nem o analisava. Dizia logo que era matéria para ser tratada com a Comissão da Carteira (e eu sei do que falo).

Sindicatos e ERC têm a prioridade indexada ao mediatismo do caso.

No fundo, conselhos deontológicos de sindicatos, ERC, Comissão da Carteira, são tudo coisas que sabemos que existem, mas não sabemos bem com o que contar se precisarmos. 

O jornalismo vive numa espécie de limbo regulamentar, no meio de alguma subjectividade e relatividade, o que não é bom para ninguém, e como se pode ver, pelo caso Banif/TVI, também não é bom para os próprios jornalistas, porque ninguém sabe muito bem as regras e regulamentos e até que ponto se está a cumprir ou não as regras de bom jornalismo.

E no fim do dia há a lei geral, e essa funciona sem complacências de camaradagem.

 

publicado às 17:54

Coincidências suspeitas?

por Maria Teixeira Alves, em 17.05.16

Ao ler esta notícia: Conselho de Administração do Banco Santander Totta vai ser reforçado com dois elementos não-executivos independentes: António Vitorino e Luís Campos e Cunha, que vai também liderar a Comissão de auditoria. não consegui deixar de pensar que o Santander Totta comprou os activos e passivos do Banif por 150 milhões e recebeu 1.766 milhões de euros do Estado para compensar a saída de activos do balanço do banco, sendo que depois o Santander Totta investiu o mesmo montante em dívida pública. António Vieira Monteiro revelou mesmo que antes da resolução do Banif, nas condições de venda do banco estava, como forma de compensar os activos excluídos pela oferta, a possibilidade de ser pago em obrigações da República Portuguesa. O montante da dívida do Estado que o Santander Totta comprou é igual ao montante injectado pelo Estado no Banif (1.766 milhões de euros).

Também achei uma coincidência suspeita que desde que o Governo de António Costa mandou um emissário (Diogo Lacerda Machado) negociar com os accionistas do BPI, e que desde que esteve a acompanhar as negociações na cupula do banco liderado por Fernando Ulrich, tenha sido escolhido para presidente da CGD precisamente um administrador do BPI, precisamente o que tinha o pelouro financeiro, que é aquilo que a Caixa precisa. 

 

publicado às 01:51

O humor vence tudo

por António Canavarro, em 16.05.16

Eu sou daqueles que acham que o humor vence tudo, até a mal-educação de uns. É bom vencer, mas é muito mais difícil saber vencer, e principalmente reconhecer a vitória dos outros.

Parabéns ao Sporting pelo brilhante campeonato - foi o acordar de uma equipa há muito arredada da ribalta desportiva - e Parabéns ao Benfica e, principalmente, ao seu treinador pela conquista do tricampeonato.

Eu como benfiquista estou naturalmente feliz.

publicado às 10:37

Os tais dos "outros interesses"

por Maria Teixeira Alves, em 10.05.16

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A SIC acabou por dar a resposta, de forma velada é certo, que toda a esquerda procura. A que se referia Pedro Passos Coelho quando falou do Ministro da Educação dizendo: "começamos a ter dúvidas que ele seja mesmo o Ministro da Educação, parece que ele representa outros interesses que não os da comunidade em geral"?

O que será?

Piadas à parte. Não há uma dúvida de que tudo o que tem associado fortes sindicatos acaba politizado. Este assunto do fim dos contratos de associação tem todos os condimentos para se tornar numa guerrilha esquerda/direita. É daqueles temas que até tem como stakeholders alunos e famílias, que é uma coisa que toca a uma grande maioria da população. Tem dimensão e é ideológico q.b.

Eu, claro, concordo com Pedro Passos Coelho quando diz:"Essas organizações têm investimentos realizados que o Estado rentabiliza [contrata] impondo regras e condições, e desde que essas estejam asseguradas, não há nenhuma razão para que o Estado esteja a substituir essas escolas privadas, por escolas públicas que irão construir, despendendo mais dinheiro dos contribuintes, quando existem equipamentos que estão disponíveis nessas organizações e que não são mais caros do que os do Estado".

 

publicado às 23:54

Trump ou não Trump?

por António Canavarro, em 06.05.16

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Em "De la démocratie en Amérique" , Alexis de Tocqueville, aborda a democracia americana nos ano 30 no século XIX, onde procura descortinar as suas virtudes e os seus defeitos. É um livro fundamental para compreender aquela que foi considerada, na idade moderna, a democracia mais pujante.

É uma democracia onde as clivagens esquerda / direita, como acontece na velha Europa, não são marcantes. É um país onde o socialismo não vingou. Não obstante, por serem mais idealistas, o partido democrata, com um discurso mais progressista do que os republicanos, agrada mais ao nosso centro esquerda. Até a mim me agrada mais. Há tempos fiz um teste sobre o meu posicionamento político no contexto ideológico norte-americano, e segundo o qual estou rigorosamente no centro. Tanto lá, como cá, os centristas, como em geral a classe média, são os fieis da balança, ou seja, são aqueles que com os seus votos, reflexo das circunstâncias, viabilizam os sucessos eleitorais.

Porém, fruto da crise generalizada em que vivemos, a classe média e (nessa perspectiva) o bom senso são meras memórias. Estão em agonia. Daí que, com triste naturalidade, os movimentos populistas e nacionalistas surjam como uma ameaça à democracia. Se na Europa o fenómeno não é novo, já que nos faz recordar a emergência de fenómenos como o nazismo e o fascismo, nos Estados Unidos da América o populismo é um fenómeno novo, que a candidatura Donald Trump coorporiza na perfeição. Acontecimento que torna as eleições de Novembro em algo de novo e particularmente perigoso. O que será deles e de nos se formos governados por esta criatura? Que repercussões terão estes resultados por aqui?

 

publicado às 12:47

Adeus Paulo

por António Canavarro, em 01.05.16

 

Não sei porque razão, um dia tive o prazer de ter privado com Paulo Varela Gomes. Morreu. Ele sabia que ia morrer. Tinha um cancro.

Para Morrer só é preciso viver. Mas para morrer é preciso saber, coisa que ele sabia, e demonstrou!

 

Descansa em paz!

 

publicado às 22:37

Os que morrem por amor

por Maria Teixeira Alves, em 01.05.16
Os que morrem por amor continuam a pertencer à lenda. Os seus funerais arrastam uma multidão piedosa, tal como decerto aconteceu na cidade de Verona, há seiscentos anos. Ainda que nesse tempo os costumes fossem bastante fáceis, a prática erótica da juventude era muito mais modesta. Reflectindo melhor, é de crer que a própria licença produzisse um tipo de pessoas orgulhosas da sua intimidade afectiva; o que, se não é virtude, algo se parece. Este orgulho da própria intimidade conduz a uma atitude hostil em relação a tudo o que pode burocratizar os sentimentos. Há um sociólogo inclinado a crer que existe muito de romantismo burocrático no amor moderno. É possível. E quando aparecem os contestatários dessa espécie de burocracia, como são os Romeus e Julietas do Candal, a cidade fica-lhes agradecida. No campo dos afectos trata-se da luta obstinada que resulta do choque entre a vida privada e o regime governativo; entre um corpo animado de impulsos e uma autoridade explicada por leis. Através de inquéritos feitos nos meios juvenis para inquirir das transformações que se efectuam no âmbito das relações afectivas, deparam-se declarações bastante confusas. Elas pairam entre uma sinceridade elementar que descura a experiência e teorias perfeitamente viciadas nos lugares-comuns do século. Entre outras coisas, afirmam que o amor é o último terreno não colonizado e, por isso, o único que oferece alguma possibilidade de salvação. Tudo isto não passa de rumor e timidez moral. Tem pouco conteúdo e pouca verdade.

O amor está relacionado com a memória. Ama-se só o que nos recorda alguma coisa ou alguém. A memória é um estado de afeição. Em amor, a improvisação não existe. Ele é a pintura emocional duma pintura mental. Portanto, é o terreno mais colonizado que existe. Mas também é certo que o amor se encontra cada vez mais ligado ao processo de humanização. A sensibilidade é uma criação do homem; e o amor é uma ocupação da sensibilidade. Nas sociedades primitivas havia instinto maternal e instinto de conservação. O amor resulta do equilíbrio dos dois. Em dados momentos históricos dá-se uma espécie de regresso e a violenta reacção contra a sensibilidade como invenção produtora de civilização. Procura-se o tom do entusiasmo na libertação do instinto. Mas o verdadeiro entusiasmo é sóbrio. As épocas aparentemente muito inovadoras são épocas que escondem a perturbação e o medo, atrás dum falso entusiasmo. As grandes ideias partem da energia eficaz, e não da agitação mais ou menos vegetal.
De repente, um jovem mata-se por amor. E aquela turba, que estava entregue aos seus empregos e aos seus negócios, fica suspensa duma interrogação: «É possível que alguém se mate por amor numa sociedade já afastada dos traumatismos da repressão?» É possível. Até porque a extrema libertação dos costumes conduz à instabilidade quanto ao comportamento do outro. É um facto. Desejamos a nossa liberação, mas não a de quem nós amamos.

Mas, sobretudo, morrer por amor é exemplo duma realidade sensível. Uma realidade sensível recebe a sua existência pelo que participa na natureza das coisas e das pessoas. Isto é o amor. E por isto mesmo havia um pouco de alegria discreta na multidão que enchia o jardim junto da morgue. O entusiasmo quebrava o luto e ardia até ao alto das frondosas árvores.

Agustina Bessa-Luís, in 'Crónica da Manhã, Outubro 1978'

publicado às 21:32

O Alentejo de Henrique

por Maria Teixeira Alves, em 01.05.16

Estou a ler o livro do Henrique Raposo, Alentejo Prometido, e não percebo a polémica que houve. O livro acima de tudo é de uma enorme sinceridade, é mais sobre o Henrique do que sobre o Alentejo. Admirável sinceridade a do Henrique. Nem toda a gente escreveria com aquele grau de sinceridade. Estou a gostar do livro.
Talvez o que tenha irritado as pessoas tenha sido afinal a sinceridade. As pessoas não aguentam a sinceridade

publicado às 20:54

Sou uma orgulhosa leiga em futebol,apesar de ter o futebol ter feito parte de uma grande parte da minha vida familiar. Sou de uma geração que acha que a bola é uma coisa de homens e também nessa feminilidade, algo old fashion, tenho orgulho.

Mas ultimamente por motivos paralelos comecei a ligar mais a isto de o Sporting poder ser campeão (sempre fui do Sporting) e estando em disputa com o Benfica pelo estatuto de campeão.

Jorge Jesus participa da natureza do génio, porque conseguir manter a concentração e a autoestima perante as críticas, os constantes processos em tribunal que são movidos contra o Sporting e contra o seu treinador.

Pelo que julgo perceber o Sporting é um clube que não tem a capacidade financeira do Benfica e do Porto. Estar no encalço do campeonato nestas circunstâncias é muito mais dificil. Jorge Jesus participa da natureza do génio quando todos pensam que é eunuco, por dizer frases politicamente incorrectas, ou mesmo incoerentes.

As pessoas parecem não perceber que a "soberba" de Jorge Jesus é estratégica, porque com essa atitude de «venham que não medo, porque sou melhor que vocês», cria orgulho na equipe, um espirito de união e intimida os adversários. Claro que é uma estratégia com riscos, quando perde não lhe perdoam. Mas até agora diria que essa "soberba estratégica" tem dado bons frutos. 

É o maior. 

A soberba estratégica é muito óbvia, mas é muito menos prejudicial do que a soberba subtil, porque esta se leva a sério.

publicado às 00:23


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