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Com as cotações suspensas pode-se dizer estas coisas. Não sei a que preço vai ser feito o negócio da Isabel dos Santos com o Caixabank. Mas lembro que o banco espanhol lançou no ano passado uma OPA a 1,329 euros e a administração do BPI considerou o preço baixo e propôs um que é 70% acima: de 2,26 euros por acção.
Diz a lenda que quem passar a mão sobre esta figura deita, e situada perto da Grand Place, que um dia voltará a Bruxelas.
Durante anos pensei regressar à capital do belgas onde, num pretérito mais de perfeito, fui feliz. Nesses tempos estagiei junto da Comissão Europeia, e onde conheci, para vida, amigos nacionais e europeus.
Hoje, graças aos atentados terroristas, voltar a Bruxelas é uma miragem. E como primo e amigo só me resta rezar pelos meus familiares que ai vivem, desejando que isto não tenha sido um "fait divers", algo de irrepetível. Algo que infelizmente não acredito!
Ao ler a notícia do Expresso de que Isabel dos Santos foi a São Bento, falar com o primeiro-ministro António Costa para este lhe dizer que apoiava a sua entrada no capital do BCP – um encontro que terá tido como objectivo pôr fim à longa contenda que existe entre a empresária angolana e o BPI onde tem 18,6% directamente – lembrei-me dos velhos tempos. Isto é que é a tradição nacional. O pai Estado resolve. Pois com este encontro António Costa pretende resolver o impasse negocial entre os accionistas do BPI.
A isto associa-se o facto de ter já havido um envolvimento político do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelando à oposição à espanholização da banca portuguesa. Segundo o Expresso, o Presidente está concertado com o primeiro-ministro e o governador do Banco de Portugal, para diversificar as fontes de capital accionistas dos bancos. António Costa surge com um papel activo de exercicio de uma magistratura de influência não oficial para que os accionistas espanhol e angolano do BPI dessem gás a um entendimento.
Este é pois mais um sinal do regresso da velha ordem. A ordem em que o Estado ajudava os grandes grupos.
Esta coisa de: "o primeiro-ministro, António Costa, chamou a si este dossiê. E o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, mostrou preocupação" é já o sinal de um regresso ao passado. Aliás o PSD já veio questionar o Governo sobre a alegada intervenção em negócios da banca com Isabel dos Santos.
Estamos de volta ao velho paternalismo do Estado, que remonta ao Estado Novo, e que não morreu com o tempo, pelo contrário. Não admira que uma sociedade que não consegue viver sem esse paternalismo nutra ódios profundos por Vítor Gaspar, Maria Luís Albuquerque e Pedro Passos Coelho.
A propósito da morte de Nicolau Bryner, li isto e fiquei atónito.
As novas medidas do BCE para tentar atingir a meta de inflação e para tentar dinamizar a economia europeia, comentadas aqui pelo economista-chefe do BCP, motivaram a sátira do jornal alemão.
"Quantas pessoas te amaram? Mesmo as mais chegadas em que o querer bem ou mal, aliás, talvez se distingam? Quantas te repudiaram, sobretudo depois de as quereres estimar? Porque o amor e a amizade também exigem aprendizagem e tu és duro para aprender. Quantas pessoas te amaram e tu amaste e te detestaram ou simplesmente aborreceram? É talvez esse o balanço mais importante a fazer, agora que a vida te chega ao fim" Conta-corrente - Nova Série I
"A sinceridade é a forma mais eficaz de convencer, porque é a mais profunda" Vergílio Ferreira, Do Mundo Original
"Há muita forma de nos confrontarmos com a vida, mas só numa nos reconhecemos", Vergílio Ferreira, Cântico Final
"Marcelo está convencido de que é do interesse das grandes, pequenas e médias empresas portuguesas a existência de centros de decisão que possam ser mais sensíveis aos seus interesses". Assim tipo Rioforte?
Ironia à parte, o Presidente da República acreditará por ventura que um banco português é essencial para dar crédito a uma PME? Se essa PME for de bom risco qualquer banco lhe dá crédito. Se for de alto risco não é por ser português e amigo que a empresa se vai safar. A banca não é como a construção. Obedece a regras de risco que são internacionais, que são europeias. Pelo que não vejo grande diferença entre o papel de um banco em Portugal ser detido por espanhóis ou por outra qualquer nacionalidade. Quanto a Angola o problema está na atitude. Como se pode ver boicotar soluções no BPI para atingir fins é que é preocupante, não é o facto de o Santander poder comprar o Novo Banco ou o facto de o Caixabank poder comprar mais acções do BPI. Vamos voltar aos velhos tempos?