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A palavra Marvila é sinónimo de maravilhas, e portanto de milagre. Em Santarém há mesmo uma igreja com esta designação: Santa Maria de Marvila, ou simplesmente a Igreja de Marvila!
Com este intróito não estou a escrever sobre Santarém, nem tampouco sobre o seu património, pois se me metesse nessa aventura nunca mais sairia daqui. Nem tampouco estou na Lezíria do Tejo. Estou perto da sua foz, à entrada de Lisboa. Em Marvila!
Porquê Marvila? Porque, como sonhador e criador – tenho a mania que sou um artista plástico -, acredito em milagres. Acredito que nada é adquirido e que mesmos espaços devolutos e supostamente mal-frequentados tem o direito a uma nova vida. Da mesma forma que os criadores, sejam artistas, dançarinos ou sejam lá o que forem tem direito a que existam espaços que os possam tornar seus. Ao criarem dão vida a estes lugares outrora vazios, devolutos, e onde, de há muito a esta parte, se deixou de fazer história. A arte é história!
Hoje aquela a Marvila ultrapassada, das velhas industrias, é espaço das mais diversas esperanças. Da esperanças de quem ai se instalou, e da esperança de uma cidade que procura recriar-se!
É bom ler notícias assim. No entanto, porque Portugal não é só Lisboa, era fantástico que isso se estendesse um pouco por todo lado, pois era sinal que o país (ainda) tem pernas para andar!
Prezo o facto de ter uma mente aberta. Já o provei aqui. Porém, e não obstante a minha abertura mental, não tolero a estupidez. Usar Jesus Cristo como ponte para a aprovação da adopção de crianças por pessoas do mesmo sexo é coisa que não lembra a ninguém, incluindo Satanás.
Por outro lado, os argumentos apresentados pela deputada bloquista,Sandra Cunha, são o sinal da estupidez que paira nesse partido. Diz ela: "A ideia do cartaz com a imagem de Jesus Cristo não pretende ofender nem a Igreja nem a religião". Então serve para quê? Se não é para ofender a Igreja deve ser para afirmar uma espécie de "sacra homossexualidade"? Porque se não é isto, porque afirma que Ele teve um "Pai terreno e um Pai espiritual?
Sim... Tenho uma mente aberta que não suporta a estupidez!
P.S. - Não obstante adoro as reacções que tenho visto na net.
Acabei de ver o Trumbo, o filme de Jay Roach que conta a história do argumentista de Hollywood, DaltonTrumbo que escreveu filmes premiados como o Férias em Roma, Spartacus e o Rapaz e o Touro, alguns deles só mais tarde assinou como seus. Perseguido na era do Macartismo, pelas suas ligações ao Partido Comunista, durante o início da Guerra Fria, Trumbo que era genial nos seus argumentos, só conseguia receber prémios quando escondia o seu nome dos argumentos.
De cada vez que era contratado faziam-lhe a vida negra com intrigas e perseguições. Fiquei a pensar se o mundo não tinha dado a volta e se isso não era hoje o mesmo que acontecia a quem tem um pensamento de direita. A quem defende aquilo em que acredita contra a opinião dominante do mainstream, demasiado cego com a histeria anti-conservadorismo, e anti-neoliberalismo. Sei bem o que é ser-se impedido de trabalhar por ódios irracionais, mesmo quando à volta toda a gente reconhece a qualidade do nosso trabalho intelectual. Sei bem o que é estar na situação de a qualidade do nosso trabalho, ao invés de ser reconhecida, ainda ser um factor agravante contra o nosso trabalho, quando à força a querem esconder com tentativas de nos desacreditar intelectualmente com rótulos fúteis. Foi sem dúvida o que aconteceu a Dalton Trumbo. Foi catalogado de traidor e com esse argumento coagiram todos os que gostavam e queriam o seu trabalho.
A conferência de imprensa do Novo Banco para apresentação dos resultados anuais de 2015 teve um sabor a fim de ciclo. Eduardo Stock de Cunha vai sair do Novo Banco. A decisão não é de agora. Desde que o ano de 2015 fechou que o banqueiro, que tentou recuperar o Novo Banco o máximo que pode, decidiu sair e voltar para Londres para a sua família. "Sou o porta-voz do Novo Banco, mas não sou o Novo Banco. Sempre o disse que estou aqui transitoriamente. Sou um empregado do Lloyds Bank. Estou aqui em comissão de serviço, em leave of absence. A minha comissão de serviço acabará dentro de algumas semanas. Tive o cuidado de perguntar no Lloyds, ao seu CEO, António Horta Osório, caso haja interesse das autoridades portuguesas, se o Lloyds me permitia ficar aqui até ao Verão, e tentar conciliar alguma novidade no Novo Banco que possa existir para os próximos meses (apesar de o banco poder sobreviver assim até 2017), e a resposta que obtive é que poderia ficar aqui mais alguns meses, e falámos no Verão. Mas para eu aqui estar é preciso ainda que o accionista queira. O Banco de Portugal tem total autoridade para decidir". Disse o banqueiro.
Nesta resposta intui-se também que a venda, que deverá ser acompanhada pelo ainda presidente em leave of absence, poderá ter o Santander como protagonista. Eduardo Stock da Cunha é um ex-Santander, como sabem. Penso que nalgum momento desta história se pôs a hipótese de o comprador potencial poder ficar com Eduardo Stock da Cunha como presidente para o futuro do banco. Essa hipótese hoje é uma miragem. Os tempos mudam hoje rápido demais e se em 2015 havia a possibilidade de, por exemplo, o Novo Banco ser integrado no BPI, o que poderia levar Eduardo Stock da Cunha a deixar de estar cá em leave of absence e passar a ser um presidente definitivo, hoje já não há essa possibilidade. O mundo da alta finança mudou muito desde então. É o próprio Eduardo Stock da Cunha quem diz "não deve haver nenhum banco europeu que valha hoje o que valia em 2014". Por outro lado, Portugal é um país onde a banca promete ter alguns problemas nos próximos tempos. As fusões são inevitáveis.
Mas haverá outro facto a pesar na decisão de levar Eduardo Stock da Cunha a cumprir o prazo do seu leave of absence, ainda que com algum adiamento relativo: As surpresas que encontrou nos créditos do Novo Banco e que levaram o banco aos seus prejuízos de quase mil milhões de euros. Caramba! Imaginar que este banco era o Banco Bom do BES. O que seria se fosse Banco Mau?
Eduardo Stock da Cunha levou com o peso de créditos tão maus que pesaram, só por si, 764 milhões de euros nos resultados do Novo Banco. Ou seja, o mau crédito representou 78% dos prejuízos de 980 milhões registados em 2015. E esta carteira de crédito, ainda vai pesar nas contas deste ano. Ao certo só lá para 2018, estima o board, é que o banco bom do BES voltará a ter lucros.
O elevado valor das provisões que atingiu 1057,9 milhões de euro, e foi influenciado por perdas em activos transferidos do BES. O reforço de provisões para imóveis e para as 50 maiores exposições ao risco, que já existiam à data da resolução do BES, totalizou 592,3 milhões, explicou o banco.
O prejuízo foi de 980,6 milhões depois da anulação da totalidade dos prejuízos fiscais reportáveis relativos ao ano de 2013 no valor de 160 M€.
Não fossem os créditos herdados do antigo BES, o banco teria tido um lucro de 125 milhões de euros. O banco liderado pela equipe de Eduardo Stock da Cunha tem para se gabar o facto de o produto bancário de 879,6 M€, ter o maior peso (51%) do resultado financeiro (margem).
Disse então Eduardo Stock da Cunha: "Relativamente às imparidades dos trimestres e às 50 maiores exposições de risco [créditos], isto são situações que vêm do passado, a maior parte são créditos que não estão de acordo com o business model do Novo Banco. Relembro que o primeiro critério do BCE para avaliação de bancos para este ano é o business models. São situações que à data de 3 de Agosto de 2014 já existiam, mas não se conheciam em toda a sua extensão, porque se tivessem sido conhecidas em toda a sua extensão teriam sido relevados naquela data".
De facto, o crédito em risco representava 22,8% do total da carteira de crédito e a cobertura era de 68,2% e a carteira de activos não correntes detidos para venda tem provisões afectas correspondentes a 27,3% do seu valor bruto.
A maior parte dos custos relacionados com a herança do BES resultou da necessidade de registar crédito em incumprimento e a desvalorização de imóveis. No total as provisões para as 50 maiores exposições de risco e para a carteira de activos imobiliários ascenderam aos tais 592 milhões.
O mau legado do BES gerou 78% dos prejuízos do Novo Banco.E para além das imparidades, a anulação de juros contabilizados indevidamente retirou mais 172 milhões. Ao todo foi esse crédito (imobiliário, a accionistas entre outros) que gerou os 764 milhões de euros de perdas para o Novo Banco no ano passado. Era uma coisa espantosa a carteira de crédito do BES!
Se a esta realidade somarmos a recente benesse (no capital) da retirada de quase 2.000 milhões de euros de dívida sénior enviada para o chamado BES "mau", podemos ver em que estado ficou o banco bom aquando da Resolução de Agosto de 2014.
Uma opção de retirar obrigações séniores do BES para capitalizar o Novo Banco que foi muito criticada pelos instituionais internacionais, e que esteve a ponto de ser considerada um evento de crédito que poderia ter feito accionar os Crédit Default Swaps que cobrem o risco dessas obrigações.
Eduardo Stock da Cunha diz que acharia simpático que os credores tivessem antes recebido ações do Novo Banco. Esta sentença é importante e revela o desprendimento do banqueiro em relação a essa decisão dos reguladores bancários.
Uma despedida com chave de ouro.
A conferência de imprensa serviu também para esclarecer outra das manchas do mandato: a venda do Novo Banco Cabo Verde a José Veiga (que era dono da maior parte do dinheiro lá depositado). "Não me compete a mim avaliar a idoneidade de um comprador de um banco que não [está] em Portugal". Foi assim que Eduardo Stock da Cunha justificou o acordo de venda do Banco Internacional do Cabo Verde, através de concurso, a uma sociedade liderada por José Veiga, agora em investigação pela justiça portuguesa.
Marcelo vai à missa na mesquita no dia da tomada de posse
Vai? Ora, ora... mas já se rezam missas em mesquitas?
Sei que o blog Onde Vamos Jantar arrasou em críticas o novo restaurante do chef argentino Chakall. Mas eu, que não me deixo influenciar facilmente pelas opiniões dos outros, fui ver. Fui lá e gostei.
Desde logo a decoração é bem conseguida, transporta-nos para uma argentina popular. Suponho que é este lado romântico, de apologia à defesa dos descamisados, que faz da Argentina uma cultura na moda internacional. Jorge Luís Borges dizia que os argentinos eram muito snobs, pois em 1898 quando o Tango surgiu nos lupanares (bordeis) nenhuma mulher se atrevia a dançá-lo, por ser lascivo, uma espécie de paródia ao acto do amor. A música era considerada obscena, as letras também. Quando Tango nasceu era apenas dançado por homens nos passeios do arrabalde, até que um dia, chegou a Paris. E pelo mero facto de Paris ter acolhido o Tango tornou-se respeitável na Argentina.
Acho que a cultura popular argentina chegou à Europa e passou a ser culto.
O Restaurante El Bulo tem essa mística. Para além disso tem um palco onde os acordes do Trio Latinidade, ao vivo, ajudam a esse ambiente.
A comida é boa e as pessoas que nos servem são muito simpáticas, ao contrário do que aconteceu com os autores do blog Onde Vamos Jantar que foram mal atendidos. Nós éramos muitos, mais de 10, e fomos muito bem atendidos. A comida é muito argentina e tens algumas coisas bastante recomendáveis, como por exemplo as empanadas e o ceviche. O vinho, da casta Malbec, também é bastante agradável. A carne argentina tem tudo para se tornar uma referência.
O que tem de melhorar: sobretudo a temperatura do restaurante. O facto de ser um restaurante argentino, com decoração caliente, não joga bem com o frio que aquele armazém deixa entrar. Há poucos aquecedores para o espaço que, apesar de dividido por um biombo, é bastante grande. Espera-se ainda que surjam alguns espectáculos de Tango para a primavera, altura em que a temperatura amena lá fora ajudará ao sucesso do Restaurante.
O Chakall é um chefe simpaticíssimo, com charme de anfitrião, que vem às mesas e se senta connosco.
É um programa a não perder e a voltar.
O preço depende muito da fome, pode ser caro (o nosso foi porque éramos muitos e pediram muitas entradas, prato, vinhos, sobremesas) mas se for em petit comité vai sair-lhe mais em conta.
Os "sábios" da União Europeia, depois do "sucesso" da aplicação do bail-in (uso do dinheiro dos clientes) aos bancos, não acham nada melhor do que aplicar esta regra à dívida soberana. Se nos bancos já cria os problemas que cria (os investidores privados perderem os seus investimentos para salvar o capital do banco), imagine-se o que será se os privados com Obrigações do Tesouro, ou outros instrumentos de dívida do Estado, forem chamados a perdoar a dívida em caso de "falência" do país.
Vamos por partes. Os "sábios", que na verdade são alemães, querem pôr os credores privados a suportar as reestruturações de dívida soberana nos estados-membros, em caso de risco de incumprimento. Em caso de crise de financiamento a condição prévia para o recurso ao Mecanismo Europeu de Estabilidade é uma análise prévia à sustentabilidade da dívida. Mas no caso de dúvida sobre essa sustentabilidade "os sábios" (e que sábios!) propõem como primeira opção uma extensão das maturidades da dívida que é detida pelos credores oficiais (por ex: FMI, BCE, CE). Por exemplo num caso como o grego, um próximo resgate poderá passar por extensão das maturidades de pagamento dos empréstimos concedidos por entidades oficiais.
Mas em situação de sobreendividamento, seria, se as propostas forem implementadas, aplicado uma redução nominal do valor da dívida em mão dos privados, um hair-cut da dívida, a par com um programa de ajustamento macroeconómico supervisionado pelo MEE. Esse programa vai obrigar o país "resgatado" a consolidar as contas públicas e a implementar reformas na legislação laboral, e outras.
Os alemães não se ficam por aqui. Para evitar a elevada exposição dos bancos a esta dívida soberana (que se aproxima cada vez mais da categoria de bomba-relógio), os mesmos "sábios" defendem a imposição de limites para os bancos nacionais comprarem dívida pública doméstica.
Antevêem-se grandes alterações à União Europeia. Poderão os países periféricos continuar a sobreviver com estas regras da União Europeia? Poderão os países periféricos evitar um short de obrigações do tesouro para os credores evitarem serem apanhados num bail-in para resgatar o país? É que se esta regra chegar a ser implementada os países excessivamente endividados ficam à mercê de um ataque especulativo. Para além de poderem mesmo sofrer de falta de investidores privados para a sua dívida.
O algodão, como dizia a velha publicidade, não engana.
Fiz o teste e deu isto:
As suas coordenadas políticas, que são:
Não pude deixar de reparar na nota de research do Caixa BI, do analista André Rodrigues.
Eis a nota:
S&P – Rating do BPI colocado em “Credit Watch”
Factos: A agência de notação financeira S&P actualizou a sua avaliação do Banco BPI. Neste contexto, a agência colocou o rating de crédito de longo prazo do banco de “BB-“ (moeda local e moeda estrangeira) e o de curto prazo de “B” em “Credit Watch” com implicações negativas.
Análise e comentários: No passado dia 5 de Fevereiro a Assembleia Geral do Banco BPI rejeitou o plano de Cisão apresentado pelo Conselho de Administração do Banco, com vista à separação das unidades de negócios do banco em África. Relembramos que essa proposta foi apresentada com o objectivo de solucionar a questão da ultrapassagem do limite de grandes riscos, tal como reportada pelo banco no final de Dezembro de 2014.
No relatório ontem divulgado a agência de notação S&P salienta que “as actuais divergências entre os principais accionistas do Banco BPI estão a afectar a capacidade do banco em reagir adequada e atempadamente aos requisitos regulatórios”, o que em última análise limita inclusivamente a capacidade de gestão da administração do BPI.
Trata-se de uma notícia com implicações potencialmente negativas para o banco. Tal como comentámos na sequência da última Assembleia Geral do banco, e de acordo com responsáveis do banco (citados pela imprensa) a data limite para a resolução da questão levantada pela ultrapassagem do limite dos grandes riscos em Angola é 10 de abril de 2016 pelo que se devem esperar desenvolvimentos em relação a este tema nas próximas semanas.
De acordo com o comunicado de ontem, a S&P espera tomar uma decisão relativamente a esta questão quando as medidas que o Banco BPI vier a apresentar para cumprir com este requisito, bem como as suas implicações, se tornarem totalmente claras.
Duas notas minhas: O BPI vai ter ajuda superior para resolver este impasse com a accionista Isabel dos Santos, se até lá (Abril) nada se fizer para resolver a exposição dos grandes riscos a Angola. Lisboa não é a república das bananas como poderá vir a perceber a accionista angolana. Aguardem!
O divórcio do BPI com Isabel dos Santos poderá acabar, por consequência, por se estender a Angola (mas não será a 10%, nem custará 140 milhões de euros). Aguardem!