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A Grécia há cinco anos comprometeu-se em assegurar a independência do instituto de estatísticas grego (ELSTAT) (tipo INE). É importante porque foram eles que martelaram os números da Grécia que os guiaram até aqui. Em todos os resgates os vários Governos gregos prometem cumprir esta medida e agora voltaram a prometer.
Eu aposto que à primeira avaliação da troika voltam a chumbar. Não há remédio para a Grécia. É um sorvedouro de dinheiro dos outros. Esta suposta nova austeridade serve apenas para obter dinheiro para os bancos no imediato. Não vai ser cumprida. Obviamente. Tudo é um teatro, assim como o referendo foi um teatro.
A solução para a Grécia é a ajuda humanitária tipo Banco Mundial, e a moeda dracma a acompanhar.
"O teu mais ligeiro olhar facilmente me revelará, não obstante me ter fechado como dedos, abres-me sempre pétala a pétala, como a primavera abre (hábil e misteriosamente comovente) a sua primeira rosa. Não sei o que é que há em ti que fecha e abre, apenas algo em mim compreende a voz dos teus olhos, é mais profunda que todas as rosas"
E.E Cummings
Ana e as Suas Irmãs, Woody Allen
Ontem não bastou a morte de Maria de Jesus Barroso. Também ontem, pese embora já fosse de há muito expectável, morreu de doença prolongada Alberto Vaz da Silva, o Homem que estava atrás de uma grande mulher - Helena Vaz da Silva.
Estes desaparecimentos de duas pessoas de excepção faz-me pensar na morte. Na sua importância e, principalmente, na sua gestão. Não há sociedade que tenha futuro se não a souber gerir.
De facto a morte é incontornável! Mais cedo ou mais tarde, seja por acidente, incidente, doença ou com a maior das naturalidades, todos haveremos de morrer!
Se é certo que para nós, e enquanto cristãos, a morte passou a ser vida e, crendo Nele, deixámos de morrer. Existem outros casos, em que mesmo os não crentes, por aquilo que fizeram, ganharam por direito próprio à imortalidade. Trata-se, porém, de um processo que parecendo óbvio não é evidente. Esta imortalidade só é possível se as sociedades tiverem memória, pois é lá que reside a “habilidade” de se viver imortalmente. Daí a importância que tem social e culturalmente os cultos da morte, como daqui reside a importância da educação e da História. Porque, como o referi, uma sociedade sem memória não tem futuro. Definha!
Portugal começou a percorrer a sua tormenta em 2011, mas a semente do mal já vinha de trás, pelo menos de 2008. Mas tal como acontece com os países assim-assim, quando vai ao fundo, nunca vai fundo demais, e quando é época de abundância passa pelas euforias apenas ao de leve e apenas superficialmente.
Hoje está aqui esquecido, nem tão mal como a Grécia, mas longe de estar perto até da vizinha Espanha. É o eterno remediado.
O mundo está em ebulição, e isto não vai melhorar. Portugal contava com o investimento estrangeiro para substituir o investimento público e privado que escasseia, por falta de capital. Começou por depositar todas as esperanças em Angola. Os angolanos eram o Dom Sebastião que vinham salvar o consumo interno, e que iam salvar as empresas moribundas da falência anunciada. Muita dívida e pouca receita. Assim vimos o BCP com capital angolano. O BPI viu fugir o Itaú e logo Isabel dos Santos e a sua Unitel se substituíram. A NOS, os jornais SOL e I, a braços com grandes dificuldades, foram comprados por angolanos. A Controlinveste estava com muita dívida bancária e pouca receita, e logo um angolano Mosquito vem em socorro. Angola era a salvadora da pátria que foi sua metrópole. A Efacec estava falida, Isabel dos Santos comprou.
Mas logo o excesso de oferta de petróleo e a falta de procura arrastaram o preço petróleo para quedas que levaram consigo a desvalorização da moeda angolana face ao dólar. Para agravar a situação a União Europeia deixou de aceitar os bancos angolanos como equiparados em regulação ao europeus. Resultado o risco Angola passou a 100% nos balanços dos bancos. Para já não falar que esse risco encareceu o financiamento bancário internacional para Angola.
Angola ficou sem dólares de sobra para andar a brincar ao capitalismo transfronteiras e sem capital alheio para alavancar o investimento.
Então vieram os chineses. De repente a China era o milagre que ia salvar as empresas portuguesas, descapitalizadas e endividadas, da crise. Vinham comprar, comprar. Entraram na EDP, na REN, compraram a Fidelidade. Assinaram a compra do BESI. Apresentaram-se para comprar o Novo Banco. Querem os bancos BPG, Banif, espreitaram o Efisa. Olham para as seguradoras. Olham para os hotéis, querem entrar no turismo. E zás, logo agora que nos íamos transformar numa chinatown eis que a bolsa de Xangai põe a China à beira de uma crise financeira desenfreada com consequências ainda imprevisíveis.
O mundo está então assim:
O mundo muçulmano (países à volta da Europa) tem de lidar com o terrorismo do Estado Islâmico e com o seu califado.
A Europa está à beira de um ataque de nervos com a possível saída da Grécia do euro, e das consequências que daí podem advir. Nomeadamente o empobrecimento avassalador da Grécia, ao ponto de ser preciso ajuda bumanitária.
A Polónia que queria o euro, diz que agora a adesão vai a referendo.
A Inglaterra também vai discutir a permanência na União Europeia em referendo.
A China à beira de um crash semelhante ao dos Estados Unidos de 1929.
O Brasil está em ponto de rebuçado para ter uma crise.
Para onde é que nos podemos virar? Para a Noruega? Para a Suíça? Para os Estados Unidos? Para a América Latina espanhola?
Começa a ficar apertado o mundo.
Pensar que tudo começou nos Estados Unidos e no seu subprime, com a falência em 2008.
Eurogrupo despede Varoufakis
«Um profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus parentes e em sua casa».
Evangelho segundo São Marcos, Biblia Sagrada
Celebram o seu salto da frigideira para o lume?
Amanhã, das duas uma, ou o resultado do referendo é levado à letra e então a Grécia tem de prescindir do dinheiro dos credores, saindo do euro, ou fazem tábua rasa do significado do referendo e voltam a negociar e cedem aos credores para voltar a ter dinheiro nos cofres do Estado e nos bancos, e por aí fora.
A Brusca, Agustina
Sempre que regresso à minha infância, regresso à sombra dos pinheiros, onde eu partia pinhões. Nessas tardes intermináveis de verão em que se ouvia ao longe as avionetes com os seus barulhos de motor monocórdicos.