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Amanhã é a primeira Assembleia Geral onde se vão defrontar dois accionistas do BPI. La Caixa e Santoro são apenas o suporte de uma rivalidade subtil: Fernando Ulrich/ Nuno Amado.
A grande luta faz-se entre os dois banqueiros. Fernando Ulrich defende a sua gente, o seu BPI, a sua administração, sabe que se a fusão vingar o BPI é absorvido pelo BCP.
Para Fernando Ulrich a melhor solução é a OPA do Caixabank. Porque é a que mantém a identidade do BPI. O La Caixa está claramente com a administração de Fernando Ulrich. Esteve sempre, de resto.
A OPA vai durar até ao fim. Vai estar viva até ao último momento, mesmo que a desblindagem não passe na Assembleia Geral a OPA continuará. Pois a desblindagem, senhores, é apenas condição de eficácia e não de lançamento. O La Caixa vai esperar. Tem quase todo o tempo do mundo. A OPA pode durar e durar. Vão vencer a Santoro pelo cansaço do impasse. É assim que se vencem adversários, cansando-os. Foi assim que a Rússia venceu a Alemanha do Hitler.
A Santoro quer ser a maior accionista de um mega banco português, de um grande banco europeu, com Nuno Amado à frente desse banco. A Santoro consegue essa proeza com uma fusão amigável entre os dois bancos e com a consequente compra da participação da Sonangol (que hoje é a maior accionista do BCP).
Nuno Amado quer a fusão. Será o presidente de um banco de dimensão ibérica.
Fernando Ulrich não quer a fusão, quer a OPA. Isto resume tudo.
Depois o BPI tem soluções para resolver a pressão de reduzir o peso da exposição a Angola no capital, logo pode alinhar na estratégia do La Caixa de esperar. A OPA está para durar, porque a fusão não agrada a Fernando Ulrich e não agradando a Fernando Ulrich não se fará. Nuno Amado é o banqueiro mais importante do país, e cada vez mais é assim, mas nem isso chegará para vergar Fernando Ulrich. Fernando Ulrich é o BPI, é a alma e coração do BPI.
Ouvido ao jantar: "A Grécia não tem um problema de dívida tem um problema de economia, não produz nada que as pessoas queiram. As exportações não páram de cair".
"A Europa canalizou os recursos para a despesa social e descurou a defesa e a segurança. Mas os Estados Unidos estão cada vez mais saturados de serem os guardiões da segurança da Europa. Hoje a Europa está à mercê de inúmeras ameaças como desde o pós-guerra não estava. Ameaças internas e externas. Mais cedo ou mais tarde vai ter de canalizar recursos para a segurança e defesa e nessa altura terá de fazer opções".
"No futuro próximo as empresas portuguesas terão de recorrer a mecanismos de conversão de dívida em capitais próprios para se tornarem menos alavancadas. A recapitalização das empresas é urgente"
"Portugal tem um problema de excesso de dívida pública e privada e mais cedo ou mais tarde cairá numa nova crise de dívida. O excesso de dívida provoca crises cíclicas, e recorrentes".
Nunca gostei do mês de Abril. É o mês 4, a que os chineses atribuem o sinal de morte. Todas as grandes catarses se dão em Abril. É uma espécie de face negra da primavera. Mês da germinação das culturas.Mês de todas as revelações. Olhando para trás todos os acontecimentos revolucionários se deram em Abril. Os acontecimentos trágicos foram em Abril. Os amores acabam em Abril. Os sonhos findam em Abril. O PapaJoão Paulo II morreu em Abril. Abril águas mil bem podia referir-se a lágrimas. Abril esse mês de todas as desilusões.
«O maior erro é achar que isto é culpa do Ricardo Salgado», acabo de ler na primeira página do Jornal de Negócios, atribuído à deputada do BE.
Revejamos os factos:
A 3 de Dezembro de 2013, o BdP emite um conjunto de determinações, estabelecendo: a) A eliminação até 31 de Dezembro de 2013 da exposição do Grupo ESFG ao GES que não estivesse coberto por valorizações prudentes dos activos dados em colateral; b) A criação de uma conta escrow, que deveria ser alimentada até 31 de Dezembro de 2013 por recursos alheios ao Grupo ESFG, com um montante equivalente ao papel comercial da ESI detido por clientes de retalho do BES; c) A insuficiência de fundos nesta conta escrow, para fazer face ao papel comercial colocado em clientes de retalho do BES, obrigaria à constituição de uma provisão, nas contas consolidadas da ESFG, de 31 de Dezembro de 2013, correspondente às imparidades que viessem a ser estimadas com base na avaliação da situação financeira da ESI.
A 4 de Fevereiro, o Banco de Portugal informa a ESFG e o BES que, em face das conclusões extraídas pela KPMG, no relatório preliminar de progresso, relativo aos trabalhos de revisão limitada sobre as demonstrações financeiras da ESI, referentes a 30 de Setembro, seria necessária a constituição de uma provisão nas contas consolidadas do BES ou da ESFG, com referência a 31 de Dezembro de 2013. A 7 de Fevereiro, a KPMG apurou a necessidade de constituição de uma provisão de 700 milhões, tendo em consideração a sua apreciação crítica sobre o Business Plan apresentado pelo GES, nomeadamente os critérios de valorização dos activos e as várias iniciativas de reforço dos capitais próprios.
A 12 de Fevereiro – a ESFG comunica a sua decisão de assumir a provisão e os riscos decorrentes da situação do GES. Desta forma, a ESFG emite uma garantia consubstanciada numa conta margem e num mandato de venda irrevogável da Tranquilidade, através da qual, em caso de incumprimento da ESI, a ESFG se substituiria a esta no reembolso de papel comercial (nessa data, a exposição dos clientes de retalho BES ao papel comercial da ESI era de 799 milhões de euros, valor que, embora ainda significativo, era já consideravelmente inferior aos cerca de 1,7 mil milhões de euros subscritos pelos clientes em Novembro de 2013). Um aspecto muito importante para a compreensão de um conjunto de dimensões deste problema, prende-se com a diferença formal e substantiva entre a ESFG e o BES. Na verdade, a ESFG era uma holding financeira, que detinha, entre outras participações, uma participação de 27,2% no BES, sendo o seu principal accionista. Tratavam-se, pois, de entidades autónomas, com estruturas accionistas distintas, cada uma com os seus próprios órgãos sociais e possuindo realidades económicas diferenciadas, sendo a ESFG considerada a cabeça do grupo financeiro e, por isso, a entidade sujeita à supervisão em base consolidada do Banco de Portugal. Neste enquadramento, é fácil perceber da importância de aplicar a ambas as organizações um conjunto de mecanismos que permitissem a efectiva implementação de politicas de ring- fencing. 10. A 26 de Fevereiro, foi determinado pelo Banco de Portugal a necessidade de se proceder a um conjunto de alterações significativas ao nível do governo interno da ESFG e do BES, nomeadamente ao nível de tratamento de situações de potenciais conflitos de interesse, de avaliação de transacções com partes relacionadas e do acompanhamento e avaliação da execução do Plano de Negócios do GES. 11. A 17 de Março, o Conselho de Administração do BES aprova um conjunto de medidas relacionadas com mecanismos de aperfeiçoamento do governo interno do BES, nomeadamente através de alterações no código de conduta e de alterações no regulamento da Comissão de Corporate Governance. Foi igualmente decidida a criação de duas comissões : - comissão de acompanhamento do Plano de Negócios do GES, presidida pelo Presidente da Comissão de Auditoria, Horácio Afonso e contando com a participação de António Souto, de Isabel Megre e de Joaquim Goes; - comissão de controlo de transacções com partes relacionadas. (CCTPR) presidida igualmente por Horácio Afonso e contando com a participação da Dra. Rita Amaral Cabral e de Joaquim Goes; 12. Em 22 de Abril, a comissão de acompanhamento do Plano de Negócios do GES solicita uma actualização do Plano de Negócios do GES. Na verdade, não obstante, à data, já terem sido reembolsados 1,2 mil milhões de euros de papel comercial dos 1,69 mil milhões de euros de papel comercial subscrito pelos clientes de retalho, não se tinham verificado os aumentos de capital previstos no plano de negócios do GES nem algumas das vendas de activos planeadas. A comissão estabeleceu como prazo limite para a apresentação dessa actualização o dia 15 de Maio, data do Conselho de Administração do BES. 13. Início de Maio – A Comissão de Controlo de Transacções com Partes Relacionadas (CCTPR) dedicou o mês de Abril a divulgar junto de todo o Grupo BES (incluindo subsidiárias no estrangeiro) os novos procedimentos a adoptar na apreciação de transacções com partes relacionadas. No início de Maio, a comissão foi confrontada pela primeira vez com um pedido de financiamento à ESFG. Na altura, o montante de exposição do BES à ESFG cifrava-se em 533 milhões de euros, tendo registado um crescimento significativo nos meses precedentes. Sob proposta de Joaquim Goes, a comissão aprova uma política mais restritiva de exposição à ESFG. Essa política passava pelas seguintes medidas: a) Redução da exposição não colaterizada para 400 milhões de euros, até final de Junho (que era a média da exposição do BES à ESFG dos últimos seis meses); b) Condicionamento de qualquer financiamento adicional à existência de colaterais. Esta nova política foi aprovada no CA de 15 de Maio e comunicada ao BdP em 19 de Maio.
Mas:
17. Maio/Junho – ESFG aumenta o seu nível de endividamento global e a sua exposição ao GES. A Tranquilidade empresta 150 milhões de euros à ESFG e, em 9 de Junho, a ESFG aumenta o seu endividamento em mais 160 milhões de euros, com um financiamento adicional contraído junto da Nomura, baseado no penhor de acções do BES, para permitir à ESFG acorrer ao aumento de capital do BES. Este financiamento da Nomura incluía mecanismos de reforço automático de garantias em face da evolução da cotação do BES (margin calls). Todas estas operações foram decididas e executadas sem qualquer intervenção do BES.
Nesta altura (a 7 de Maio) a Comissão Executiva do BES toma conhecimento da atribuição à ESAF de um mandato para a gestão de activos da PDVSA – Petróleos da Venezuela de 3,5 mil milhões de euros, onde expressamente constava a intenção de investimento de até 700 milhões de euros num aumento de capital na Rio Forte. Nessa reunião, foi comunicado à Comissão Executiva do BES de que havia a expectativa de que o aumento de capital pudesse ocorrer até ao final de Junho.
Começa então a emissão forte de dívida da Rioforte, a contar com um aumento de capital que vêm aí até ao fim de Junho.
Mas
22. Em meados de Julho, a PDVSA comunica que, face à degradação da situação do GES, não existiam condições para a concretização da referida operação de aumento de capital na Rio Forte.
E sobre o papel comercial?
A partir de Setembro de 2013, o BES começou a comercializar directamente papel comercial da ESI e da Rio Forte junto da sua base de clientes particulares. O processo de aprovação da comercialização do papel comercial deveria ter sido mais aprofundado. Em primeiro lugar, porque dada a natureza e a relevância desta operação, ela deveria ter sido apresentada e discutida em sede da Comissão Executiva do Banco como, aliás, acontecia, por exemplo, com propostas de colocação de obrigações de certos emitentes através das redes comerciais. Em segundo lugar, porque na proposta apresentada não foram mencionados os montantes máximos associados aos programas de papel comercial - no caso até 1500 milhões para a ESI e até 600 milhões para a Rio Forte – aspecto da maior relevância para uma correcta avaliação do que estava em causa. Mas a questão determinante neste processo, é o facto da decisão de comercialização de papel comercial ter subjacente uma situação económico financeira da ESI baseada nas contas de Dezembro de 2012, nas quais os capitais próprios da sociedade reportados eram significativos, elevando-se a 855 milhões de euros, representando 20% dos activos totais.
O momento que altera de forma significativa a percepção de risco da ESI dá-se com a identificação do valor real do seu passivo financeiro no quadro do ETRICC2 ( +2,3 mil milhões de euros relativamente a Dezembro de 2012), ou seja, o BES colocou papel comercial da ESI junto dos seus clientes de retalho com base em contas materialmente incorrectas [falsas], as quais, devidamente corrigidas, agravavam de forma muito significativa o perfil de risco do emitente.
Em Maio e Junho dados os atrasos verificados na alienação de um conjunto de activos e da postecipação do aumento de capital previsto no Plano de Negócios do GES, aumentou a pressão de tesouraria sobre a área não financeira. Neste contexto, a ESFG, como se veio a constatar à posteriori, aumenta a sua exposição ao GES, não tendo funcionado os mecanismos de ring fencing impostos pelo Banco de Portugal ao nível da ESFG. Na verdade nunca chegou a ser constituída na ESFG uma comissão de controle de transacções com partes relacionadas e a determinação do Banco de Portugal que proibia a concessão de novos financiamentos sem garantias ao GES não foi cumprida. Recorde-se que o BES nunca possuiu exposição directa à ESI, sendo ao nível da ESFG que a exposição à ESI se materializava. O aumento do endividamento da ESFG até final de Junho, determinou a rápida degradação da sua situação de liquidez, conduzindo a uma situação de incumprimento, a partir de meados de Julho.
Depois as notícias constantes sobre o BES e o GES levam a um aumento das taxas de não renovação de divida emitida pelo GES, colocada em investidores institucionais, bem como uma acentuada desvalorização das acções do BES, levando ao despoletar automático de chamadas de garantias adicionais do financiamento da Nomura à ESFG (as denominadas margin calls) e conduzindo a uma situação de ruptura de tesouraria no GES e na ESFG, em face do muito curto ciclo de financiamento existente.
Já com a nova Comissão Executiva do BES, com as entradas de Vitor Bento, José Honório e João Moreira Rato. Na segunda quinzena de Julho – dá-se a identificação pelas equipas do BES, em estreita articulação com a KPMG, de um conjunto de operações associadas à emissão de obrigações de muito longo prazo e posterior recompra a preços superiores aos valores de mercado por clientes de retalho do BES através de vários produtos, e da emissão de cartas de conforto, que não eram do conhecimento da maior parte dos membros da CE, que conduziram à necessidade de reforçar as provisões em 1,5 mil milhões de euros com referência a 30 de Junho e fazendo com que o rácio de Common Equity Tier 1 se situasse nos 5%.
Ou seja, os ajustamentos decorrentes da consolidação de veículos e demais contingências associadas às emissões de obrigações de muito longo prazo do BES detidas por clientes de retalho bem como os compromissos assumidos junto de credores institucionais do GES, por membros da Comissão Executiva do BES, através da emissão de cartas de conforto, que não eram do conhecimento dos restantes membros da Comissão Executiva, determinaram um fortíssimo acréscimo das provisões a constituir, (1,5 mil milhões de euros), fazendo com que os rácios de capital do Banco ficassem, a 30.06.14, claramente abaixo do mínimo regulamentar. Isto é, falido.
E como é que isto surgiu?
O contabilista do Grupo Espírito Santo, Francisco Machado da Cruz, revelou aos deputados da comissão de inquérito ao BES que havia um documento de contabilidade paralela com os dados da real situação financeira da Espírito Santo International, actualizado todos os meses. As contas oficiais, que escondiam o buraco na ESI de 1,3 mil milhões de euros, foram criadas pelo próprio Ricardo Salgado, que depois lhe deu uma ordem directa para não o assumir – e tratar como um mero erro – perante um órgão de auditoria interno. Estes dados constarão do relatório preliminar da comissão, publicados esta semana, mas sem as partes que estão sob sigilo ou segredo de Justiça – decisão assumida no início da reunião pelo presidente, Fernando Negrão.
Na reunião que pediu para ser à porta fechada na Assembleia, Francisco Machado da Cruz assumiu que foi chamado à comissão de auditoria da Espírito Santo Finantial Group (ESFG), a quem disse o que Ricardo Salgado lhe exigiu: que o problema nas contas era um erro, logo não premeditado. Disse também que não podia contrariar o pedido de Ricardo Salgado, sob pena de fazer implodir todo o GES – não era possível chegar lá e dizer que a culpa era do senhor do 15º andar.
Desconfio que não há pior país para se ser consumidor do que Portugal. Em cada acto de consumo há um jogo desigual em desfavor de quem paga, de quem consome. Parece estar instituído que quem paga um produto final tem de aceitar a sua inferioridade no jogo. Consumir é aceitar ser enganado. O vendedor tem de fazer tudo o que pode para vender, custe o que custar e doa a quem doer. O comprador tem se de resignar à sua situação de enganado. Não há entidade mais preciosa neste país que a DECO. Porque os consumidores são sempre o elo mais fraco, apesar de serem eles que pagam e fazem crescer o PIB.
Repare-se:
A NOS decide arranjar clientes, então que faz? Propõe novos pacotes mais vantajosos desde que o cliente passe a ter um telemóvel também. O cliente explica que pela sua profissão tem de estar ligada a outra operadora, mas os vendedores da NOS não se detêm. Vão a sua casa apresentar as maravilhas da sua nova proposta e até lhe dizem que pode dar o cartão de telemóvel a um amigo. Você ouviu a proposta e não aceita mudar. Ah, mas a NOS não se interessa pela sua decisão, muda-lhe o tarifário. Mas afinal você não tem telemóvel. Pois assim são mais 10 euros. E de repente a sua mensalidade passou a ser mais cara. Telefona a reclamar. Mandam-na para a loja da NOS. Você vai, explica que lhe estão a cobrar mais dez euros por mês por um serviço digital que não pediu. Certo, até lhe repõem mas apenas em facturas futuras. Mas entretanto se quiser voltar a ter o tarifário que tinha antes tem de pagar mais, pois que as datas de começo e fim de mensalidade não coincidem. Agora tem de pagar, para fazer o acerto, um mês e dez dias. Nunca esses dez dias lhe serão compensados em nada. Mas se não quiser tem de pagar primeiro e reclamar depois, senão ainda nos surge a intrum justicia pela casa adentro.
A MEO decide ligar-lhe para lhe propor um novo tarifário. Cheio de pacotes e sinergias. Diz que não quer mudar, e apenas admite estudar o assunto se lhe mandarem um mail com o novo pacote. Isso não podem fazer. Tem de aceitar mudar imediatamente e por telefone. Se não quiser tem quase que desligar o telefone na cara do vendedor.
Compramos uns gigas de internet extra porque o nosso plafond acabou e temos de mandar um mail urgente. Escolhemos pagar mais um euro para o menor dos extras. Mas nunca mais nos ligam a internet. Ligamos outra vez e explicam-nos que acabam de nos cobrar três euros por um pacote extra, que nunca o cliente escolheu, mas o vendedor escolheu por si.
E se queremos mudar de operadora? Isso é o tormento. Tentei uma vez mudar para a Vodafone. Atenderam-me apresentaram-me o preçário e deram-me a escolher um telemóvel com um desconto. Escolhi o Iphone 6, ainda me dão a escolher a cor. Nunca mais mudei nem vou mudar. Pois até hoje (meses e meses depois) ainda não fui contactada pela Vodafone (agora já não quero porque tenho o IPhone 6 da MEO; que obtive praticamente à força. Tive de lá ir e pedir para me encontrarem um para eu poder entregar finalmente o telefone de substituição, que me arriscava a ficar com ele indefinidamente).
Vou à Àrea nas Amoreiras. Esta então é o cúmulo do desrespeito pelo cliente. Vejo umas cómodas muito bonitinhas de riscas encarnadas. Está com um descontos de quase 70 euros. Pago 200 euros mais o transporte. Compro. O vendedor explica-me que o desconto é devido a uns defeitos na pintura, mostra-me os exemplos de riscas e lascas. Eu aceito comprar. Quando recebo a cómoda deixada embalada à minha porta, reparo que as gavetas estão empanadas, não fecham. Telefono a pedir para virem recolher a cómoda e trazerem outra. Respondem-me que não posso trocar porque comprei com desconto. E que o facto de as gavetas não fecharem é um defeito. Não é que a cómoda esteja estragada, isso não, tem um defeito. Tanto importa que eu explique que não podem vender um produto cuja sua principal funcionalidade está comprometida, querem lá saber. Os clientes são alvos a abater, porque são obrigados a pagar e a não reclamar.
Se vamos a uma loja, pagamos e pedimos factura, respondem-nos, olhe já não podemos dar, teria que ter pedido antes. Antes?! Antes de quê? Não é a factura uma obrigatoriedade do comerciante?
Mudamos de operadora de electricidade porque a empresa que tem o quase monopólio aplica preços exorbitantes. Aparece-nos uma (a ENAT) que nos diz que as tarifas são mais baixas. Durante os primeiros meses corre bem. Mas a partir do momento que fazem a leitura e corrigem em alta, o valor triplica, porque a estimativa triplica. E contra a estimativa o que podemos nós consumidores? E agora teremos de esperar por novos acertos que nunca, mas nunca são a nosso favor.
Vamos fazer a revisão do carro. O anúncio diz que a revisão tem um pacote que custa 99 euros. Mas depois nunca, mas nunca se paga 99 euros. Na melhor das hipóteses a oficina cobra-nos o dobro. Porque há sempre coisas que nós nunca saberemos se são precisas ou não, para trocar.
Compramos um livro. O livro tem gralhas ou está mal impresso. Mas a editora quer lá saber.
Assim se passa o comércio neste país. Apregoam-se sonhos e vendem-se pesadelos.
Vender é enganar neste país.
Troca de dívida subordinada por capital permite ao BCP ficar já com um rácio de solidez mais exigente, superior a 10%. Desta forma prepara-se para antecipar a meta prevista para o final do ano e fica com margem para a liquidação imediata do apoio estatal (ainda tem de pagar 750 milhões de euros) em vez de apenas o fazer no final do ano. Esta e outras medidas (como a saída de Luís Pereira Coutinho e a entrada de José Pessanha para o seu lugar) serão tomadas na AG de 11 de Maio.
Em Março o banco vendeu 15,41% do Millennium Bank polaco, o que ajuda a reforçar o capital.
Tudo parece encaminhar-se para um fim: a fusão do BCP e BPI.
Entretanto a 29 de Abril o BPI tem a sua AG que votará o fim da blindagem de estatutos. Se esta for chumbada a OPA do La Caixa morrerá, a não ser que o banco espanhol altere as condições de sucesso.
Um entendimento entre a Santoro e o La Caixa deverá sair da caixa de Pandora. E se não for a OPA então será a fusão que sairá desse entendimento. A fusão porá a Sonangol e a Santoro como maiores accionistas do banco que resultará da fusão. É expectável que a Sonangol passe (venda) a sua posição à Santoro, de modo que esta fique a maior accionista. A fusão está cada vez mais visível no fundo do túnel. O BCP prepara-se para ela, com estas alterações, parece óbvio e Nuno Amado parece bastante inclinado para este futuro.
Uma recolha de cenas de filmes com referência às horas foram sincronizadas meticulosamente e articuladas na perfeição como se o tempo (epicentro de toda a instalação) na verdade não existisse. Há por exemplo uma cena em que aparece Alain Delon, num filme a ir ter com alguém apressadamente e a olhar para o relógio, e a seguir aparece uma cena de um filme com a Juliette Binoche à espera de alguém e a olhar para o relógio. Dá a sensação que o jovem Alain Delon se vai encontrar com uma jovem Juliette Binoche, anulando o facto de serem de gerações diferentes e de os separar em idade algumas décadas. Uma espécie de quarta dimensão em forma de arte.
É uma instalação de 24 horas sincronizada em tempo real, que atravessa o cinema através da sua referência ao tempo.
Os relógios (vários) são o actor principal deste vídeo de 24 horas. Quando um relógio retirado da cena de um filme bate as cinco horas da tarde, olhamos para o nosso relógio e são também 5 horas da tarde. Todas as cenas de filmes, mesmo de épocas diferentes coexistem numa sequência como se fosse um filme só.
Muito bom. Não dá para ver tudo porque é preciso ficar lá o dia todo.
Esteve até hoje no CCB.
António Horta Osório disse na conferência organizada pelo Negócios que «o caso do BES, mas também o da PT são duas boas lições que se deviam tirar em Portugal (...) tem a ver com a governance das empresas, em Portugal não temos um sistema de governance, em termos gerais, ao nível do que melhor se pratica em termos internacionais, como em Inglaterra ou Estados Unidos. Tem de haver "check and balances". Em Portugal damos excessivo poder ao presidente executivo, desvalorizando-se o papel do 'chairman' e dos administradores não executivos». Isto remete-nos para um fenómeno muito importante que nos últimos anos floresceu em Portugal e que agora começa a ter os dias contados. Os CEO absolutistas acabam a dar asas ao reino das reciprocidades.
Ricardo Salgado chegou a confessar no Parlamento que quando foi pedir um apoio institucional (!) ao Governo para financiar o GES, foi pedir uma reciprocidade, pois o BES tinha feito muito pelas finanças públicas e tinha criado 30 mil empregos. Só uma instituição com poderes concentrados numa ou pouco mais do que numa pessoa pode alimentar uma lógica de reciprocidades. Há aqui uma relação dialéctica, perversa se assim quisermos chamar, porque um CEO forte tem poder absoluto para tomar decisões de apoio a outros, e por outro lado o sistema em reciprocidade promove a eternização do poder do CEO.
Ainda há casos de CEO absolutistas a pairar no nosso sistema. Veja-se os casos em que excepções à lei permitem que os administradores executivos sejam eleitos directamente pela Assembleia Geral [a guerra de poder do BCP em 2007 surge dessa excepção que existia na lei e que mudou quando entrou a Sonangol no capital do banco]. Essa excepção perverte a lógica da existência de modelos de governo porque esvazia o poder dos não executivos de fiscalizar os gestores executivos. Sem o poder de destituir a administração executiva o papel dos administradores não executivos fica vazio. Mas não são apenas as excepções à lei que criam CEO absolutistas e duradoiros. O facto de os modelos de governo não passarem de pro-formas cria uma situação fictícia de gestão independente e deixa ao CEO o poder totalitário. Como se combate isto?
António Horta Osório dá sugestões:
Desde logo falta em Portugal a ligação dos administradores executivos aos reguladores: «nunca em Portugal um regulador, como se faz em Inglaterra, tem reuniões com 'chairman' ou com não executivos ou ainda com presidentes dos comités»
Sugere o presidente do Lloyds: «O conselho de administração deve ser representante dos accionistas na fiscalização da gestão. As empresas têm de ter conselhos de administração de alto nível, com 'chairman' responsável por nomear CEO e assegurar boa governação. E os casos BES E PT são evidentes: uma empresa empresta 900 milhões a uma empresa duvidosa. E o BES faz personalização das decisões, pois as decisões são tomadas por uma pessoa. Ora se isso é boa governação estamos falados. São duas boas lições que se deviam tirar em Portugal. Temos pessoas óptimas, mas com boas governances seriam ainda mais».
A rever um filme sobre o fantástico romance de Scott Fitzgerald, Great Gatsby, deparo-me com esta frase no fim da história: "Lembro-me de quando nós todos imaginávamos o Gatsby um corrupto, quando afinal ele estava apenas a esconder um sonho incorruptível". Belíssima frase sobre uma história trágica.