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A ideia de que o progresso é um caminho irreversível, ou uma força propulsora, é um mito. A ideia que a vida humana pode replicar o progresso científico é um mito.
É utópica a ideia de que a modernidade, o progresso, a evolução do conhecimento acarretaria a diminuição do mal humano, a eliminação gradual da violência, do ódio e da soberba.
O progresso na civilização não acompanhou o progresso da ciência. A vida humana, a história humana não se caracteriza por um progresso estável e cumulativo, por uma evolução linear.
Existe um progresso inegável na ciência, mas nem por isso o ser humano abandonou a barbárie. Basta ver o que se passa neste século, com os terroristas do ISIS, com o que se passa em alguns países africanos, com povos do médio oriente, ou asiáticos, ou ver o que se passou no século XX na Europa (nazismo, comunismo, guerra dos Balcãs) para perceber que a evolução da ciência não melhora necessariamente a humanidade, ou seja a civilização, e em muitos casos a ciência pode estar ao serviço da barbárie.
O ser humano continua a ser o mesmo há séculos. Na verdade o ser humano individualmente continua a ser melhor do que em movimentos de massa. Sentimentos colectivos são normalmente maléficos. Porque a necessidade de pertença aniquila a humanidade.
O Ser humano é um ser de mitos, não o consegue evitar. O mito não nos dá verdade, dá-nos significado.
Todos os mitos que dêem sentido à vida através da demonização de outros seres humanos são maus mitos. Anti-semitismo, a demonização dos banqueiros, dos capitalistas, etc, são maus mitos.
Já os mitos que acreditam que o ser humano se tornará tão sábio ao ponto de reduzir gradualmente a violência são bons mitos.
P.S. escrito depois de ouvir o autor do livro O Silêncio dos Animais, John N.Gray
O filme data de 1997. Não é propriamente recente. Mas já nessa altura despontava este novo partido político que domina a elite cosmopolita dos Estados Unidos até hoje: Os guilty liberal democrat.
O que é um guilty liberal democrat? É alguém que pensa em função da culpa, sente-se realizado por promover minorias, por fazer caridade, por defender as causas de indefesos, por proteger marginalizados. Por oposição castiga todos os que não cabem em "guetos".
Mas gosta dos representantes dessas minorias oprimidas apenas enquanto símbolos sociais. Não gostava de os ter na família.
Eis o diálogo do filme Everyone Says I Love You:
If Dad’s a Liberal Democrat, then Mom’s even more extreme. She’s a guilty Liberal Democrat. He grew up poor and knows what it’s like to work like a dog. Mom came from money and luxury and... spends all her time doing volunteer work for everybody. She’s with the Civil Liberties Union and Save the Whales... and raises dough for the Whitney museum and the hospital... and she’s always doing something... Iike throwing some chic soirée to help the N. Y. Philharmonic.
What´s comedy? Comedy is tragedy plus time!
O Cristo, por ser honrado, por um judeu foi pregado numa cruz à martelada e o Afonso Costa, que é fino, com medo do Bernardino, pregou-o na Cruz Quebrada.
"No início de Junho é me reportado que o Dr. Ricardo Salgado teria expressado dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida portuguesa. Essas afirmações surpreenderam-me Em minha opinião, eram infundadas. Eram também nocivas. Durante uma crise de dívida soberana, ganhar credibilidade e confiança é fundamental. Durante o processo existe sempre alguma fragilidade. É importante comunicar com cuidado e com verdade. O momento escolhido pelo Dr. Ricardo Salgado fora, em minha opinião, particularmente inoportuno. De facto, no dia 22 de Maio, Ben Bernanke tinha anunciado que o Fed poderia proceder a uma atenuação das suas medidas de política monetária não convencional. Este episódio ficou conhecido pela expressão tapering. Acontece que a sensibilidade dos diferenciais de juro aumentou muito significativamente em resposta a esta indicação de alteração de orientação de política por parte do Sistema de Reserva Federal.
Ao abrir a reunião, a minha intenção era a de – de forma enfática – comunicar desagrado pelo ocorrido e demonstrar a sua inconveniência e falta de oportunidade. Nesse sentido terei começado por manifestar o meu desagrado. Julgo que terei continuado dizendo que os mercados não teriam dado grande peso às dúvidas expressas. Concluí dizendo que estava convencido que se, por hipótese, eu expressasse dúvidas sobre a dívida do BES a reacção dos mercados e do público poderia não ser tão benigna. O objectivo da intervenção foi apenas ilustrar um mecanismo com um exemplo hipotético. As reacções durante e após a reunião sugerem-me que, desse ponto de vista a comunicação resultou plenamente.
Não me parece que possa ter usado as exactas palavras da frase que no livro [O último banqueiro] se encontra entre aspas".
Mais à frente diz:
"O Ministério das Finanças obteve informação individual detalhada sobre as organizações bancárias que recorreram à recapitalização pública. Por isso o BES foi objecto de menor atenção que outros bancos de relevância sistémica comparável.
Não dispunha em Junho de 2013, de informação especifica e objectiva que indicasse vulnerabilidade especifica do BES/GES"
* a frase que está citada entre aspas no livro é: "Se eu fizesse declarações sobre a dívida do BES tinha muito a dizer".
Estando hoje a ser ouvido aquele que sempre teve o apoio de Ricardo Salgado para liderar a Associação Portuguesa de Bancos, destaca-se a interessante visão dos acontecimentos de Fernando Faria de Oliveira. É interessante porque é sincera.
Fernando Faria de Oliveira disse aos deputados que nunca mais falou com Ricardo Salgado, desde o colapso do BES, e que se o fizesse "continuaria a tentar perceber como é que isto aconteceu".
Ver o artigo aqui
Em Portugal, depois dos portugueses, o segundo maior povo a viver cá é o brasileiro. Em Espanha, depois dos espanhóis, os romenos dominam. Em França depois dos franceses a maior nacionalidade a viver no país do Napoleão são os argelinos. No Reino Unido são os indianos aqueles que mais habitam o país dos britânicos.
Já os portugueses são o segundo povo do Luxemburgo, depois dos luxemburgueses.
Na Alemanha, depois dos germânicos dominam os turcos. Curiosamente na Polónia, depois dos polacos, são os alemães que mais vivem naquele país. Sempre gostaram da vizinha Polónia os alemães. Mas os turcos não se contentam só com a Alemanha. São os imigrantes em maior número também na Holanda, na Áustria, na Dinamarca e ainda na Bulgária
Os polacos por sua vez emigraram para a Irlanda, Islândia, Noruega e para a Lituânia.
Os italianos são o segundo maior povo da Suíça.
Na República checa, para além dos checos, estão em força os ucranianos.
Os ucranianos emigraram em massa para a Rússia e também dominam na Moldávia.
Os romenos não se contentam com Espanha, estão em grande força em Itália e na Hungria.
Os Hungaros, por sua vez, estão na Roménia e na Sérvia.
Os marroquinos "invadiram" a Bélgica.
Os sérvios dominam na Eslovénia; Croácia, Bósnia Herzegovina e Kosovo.
Os Gregos emigraram para a Albânia e para o Chipre.
Os Bósnios escolheram a Macedónia.
Já os Albaneses dominam na Grécia (depois dos gregos claro).
Os russos são os estrangeiros dominantes na Estónia, Letónia, Bielorrússia e Ucrânia.
Na Escandinávia é relativamente óbvio, os finlandeses são o segundo maior povo da Suécia, e os suecos são os maiores estrangeiros da Finlândia.
Os nativos do Curdistão dominam Turquia. Se bem que actualmente os curdos são a mais numerosa etnia sem Estado no mundo.
O BPI já não é o que era.
Foi um banco que nasceu e cresceu com a entrada de Portugal na CEE, hoje União Europeia, que nasceu no tempo das oportunidades, no tempo dos horizontes económicos, no tempo em que a iniciativa privada dava os primeiros passos depois de anos de economia estatal. Nasceu como banco de investimento. Foi crescendo por aquisições durante toda a década de 90, à boleia de privatizações e da moda das fusões e aquisições. M&A era um rótulo sexy, todos queriam gabinetes de M&A (mergers and acquisitions). Não foi há muito tempo, mas parece ter sido há uma eternidade. Artur Santos Silva era o banqueiro do pós-25 de Abril, que, a par com Jardim Gonçalves, dominavam a banca portuguesa moderna. Nessa altura regressavam também as velhas famílias de banqueiros, espoliadas pela revolução do proletariado, ou seja, pelo PREC. Espírito Santo, Champalimaud, Mello, partilhavam agora o estatuto de banqueiro com estes dois bancos novos, o BPI e o BCP. Os dois novos-bancos tinham em comum uma raiz accionista nortenha. Os empresários do norte eram parte da estrutura accionista fundacional.
O culminar dessa fase de M&A chega com uma tentativa de fusão entre o BPI e o BES de Ricardo Salgado, decorria o ano 2000. No rescaldo da venda dos bancos do Grupo Champalimaud ao Santander e ao BCP Artur Santos Silva e Ricardo Salgado tentaram uma fusão. Mas excessos de protagonismo e/ou escassez de transparência da estrutura accionista do BES, condenam o entendimento entre os dois banqueiros.
Foi exemplar a escolher a sucessão, Artur Santos Silva, quando em 2004 escolhe para sucessor Fernando Ulrich. O ex-jornalista, irreverente e destemido banqueiro, que se tornou conhecido por ser o l´enfant terrible da banca. Disse sempre o que pensava, foi sempre adepto da frontalidade e incomodou muita gente. É memorável a reacção que teve à Oferta Pública de Aquisição que o BCP de Paulo Teixeira Pinto lhe lança de surpresa. Estávamos em Março de 2006. Fernando Ulrich, em plena conferência de imprensa diz sobre Paulo Teixeira Pinto que "para quem chegou à gestão bancária há pouco mais de um ano, está muito atrevido".
Durante a OPA as tentativas para romper a aliança dos três accionistas do BPI – então La Caixa, Itaú e Alianz – foram insistentes e quase estóicas. A Oferta Pública de Aquisição começou por ser lançada a 5,7 euros por acção, e durou mais de um ano, tendo em Abril de 2007, sofrido uma revisão do preço para uns estonteantes 7 euros por acção. Mesmo assim a aliança dos três grandes accionistas não foi quebrada. Não venderam e o BCP não comprou o BPI. Nunca mais os accionistas tiveram uma oportunidade de vender acções do BPI a 7 euros. Mas isso não abalou a confiança deles na comissão executiva de Fernando Ulrich.
Essa aliança accionista era o alicerce daquela equipe de gestores.
Mas o BPI propunha ainda que fosse o banco a nomear o presidente da Comissão Executiva do Millennium BPI, ou BPI Millennium, e o BCP o "chairman".
Por esta altura, o BCP chega aos 10% do BPI e este chega aos 5,2% do BCP. O que mais tarde vai ter um sabor amargo, porque em 2008 a crise do subprime arrasa a confiança no sector financeiro e as acções dos bancos caem a pique. As perdas nos balanços dos dois bancos foram pesadas. É mais ou menos nesta altura e na sequência da tentativa de se livrarem desta participação cruzada, que o BCP, já sob o jugo de Carlos Santos Ferreira, vende 9,69% que detinha no BPI a Isabel dos Santos, que passa a ser o terceiro maior accionista. Por essa altura a La Caixa detém 29,4% do banco e o Itaú 18,9%. E os direitos de voto continuavam limitados a 17,5%.
A entrada dos angolanos no capital do BPI leva a que em 2009, o limite de voto seja alterado e suba para 20%. A Sonangol era já uma accionista de referência do BCP.
A vida do BPI seguiu o seu curso paulatinamente, com resultados cada vez mais dependentes do banco que tinham em Angola, o BFA.
A crise de dívida soberana chega em 2010, e Portugal pede a intervenção da troika em 2011. Portugal passou a ser um incómodo para os investidores estrangeiros. Os brasileiros apressaram-se a abandonar o barco e saem do BPI.
O banco Itaú, histórico accionista do BPI, vende a sua participação em 2012. No final desse ano, o La Caixa era dono de 30,1% do BPI, e o Itaú tinha 18,9%. A Santoro tinha 9,99%. A Allianz continuava com os seus quase 9%. Em Abril, os brasileiros acabam por vender sua posição ao CaixaBank/La Caixa. Na altura, os catalães ficaram com os 18,87% do Itaú e sobem a posição para 49%. No entanto, a blindagem dos direitos de voto a 20% permitiu que não fosse lançada uma OPA. De seguida, o CaixaBank alienou uma fatia das acções a Isabel dos Santos, descendo a sua posição para os actuais 44,1%. Quanto à empresária angolana assegura o lugar de segundo maior accionista, com 18,6%.
A saída do Itaú e entrada da Santoro para o seu lugar de segundo accionista estratégico, vê-se hoje, provocou uma mudança irreversível. O BPI deixou de ter um núcleo de accionistas coesos.
Nem os accionistas do norte (vide grupo Violas), agora já nas segundas gerações, são os fortes aliados da administração, nem o La Caixa é já o garante da vontade de Fernando Ulrich e Artur Santos Silva. Ambos querem crescer por aquisições mantendo o banco como está em termos de estrutura de gestão. A OPA do La Caixa servia esse propósito. Mas hoje não está lá um Itaú. Está lá uma empresária de um país que acaba de perder o estatuto de equiparável a banco europeu. O BCE excluiu os bancos angolanos da elite credível do sistema financeiro. Tudo graças ao caso BESA. Não podem querer banir um angolano de um mercado sem que ele retalie com a tentativa de controlo desse mercado. A resposta à situação do BCE ter passado a considerar o Banco Nacional de Angola como contraparte não-equiparável a bancos europeus, é esta expressa nas palavras do presidente da Santoro Mário Leite Silva: "Queremos criar o maior banco privado português"!
A proposta de fusão do BCP/BPI é essa demárche de guerra, contra a rejeição do BCE e contra a subestimação do La Caixa.
Mas hoje, ao contrário de outrora, a voz de Isabel dos Santos contra a OPA, e a oposição de accionistas minoritários, forçou a administração do BPI a chumbar a OPA do La Caixa. A OPA que Fernando Ulrich queria. O preço é agora o argumento válido. Ao contrário do que aconteceu em 2007, quando nem 7 euros demoveu os accionistas de referência, agora o dinheiro conta.
O conselho de administração do BPI recomendou hoje aos accionistas do banco que não aceitem a Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pelos espanhóis do CaixaBank, tudo porque o conselho de administração "entende que o preço de 1,329 euros por acção oferecido pelo CaixaBank através da Oferta não reflecte o valor actual do BPI". E indica mesmo que o preço que reflecte o valor actual do BPI é de 2,04 euros por acção, a que "deverá ser adicionado o valor resultante da partilha (50/50) das sinergias anunciadas pelo Oferente, correspondente a 0,22 por acção". Chega-se assim a um total de 2,26 euros por acção, considerado justo pela administração do BPI. Um valor que é 70% mais alto do que o oferecido pelo CaixaBank no anúncio preliminar da OPA, a 17 de Fevereiro.
Veremos agora o grau de lealdade do La Caixa à gestão do BPI. Se se mantiver a força de outrora, os espanhóis sobem o preço. Se não for assim mantêm o preço e a OPA cai, ou deixam o BPI à mercê dos angolanos. Se isso é bom ou mau para o BPI? Se essa fusão com o BCP, liderada pela Sonangol, Santoro, Interatlântico, é bom para o país, e para os bancos, é outra conversa. Sobre isso, falar-se-á mais tarde.
O tempo passa depressa, e no entanto o Tempo (assim escrito, com maiúscula) é uma eternidade, 25 anos nos 13.800 milhões de ano que é a idade que a terra leva às costas é rigorosamente nada. No entanto, neste micro espaço de tempo, que é aquele em que vivemos, 25 anos é uma vida. E hoje, 5 de Março de 2015, o Jornal Público ao completar 25 anos de existência celebra a vida, a sua e daqueles que se habituaram a conviver com esta forma de se fazer jornalismo é uma data digna de realce. Não só pela qualidade que nos habituou, mas sobretudo porque vivemos em Portugal, ou seja, num país onde os hábitos de leitura são diminutos, num país onde os projectos jornalísticos tendem a falir e, finalmente, num tempo onde as novas tecnologias tendem a tornar a imprensa escrita obsoleta. Assim, só me resta esperar pelas suas bodas de ouro: Por um lado, estarei vivo e, por outro, ainda haverá por aqui imprensa escrita!