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Depois de ter publicado no Corta-Fitas este artigo sobre o triângulo amoroso Rússia, Crimeia e Ucrânia. Recebi este comentário de um leitor, que por trazer ideias novas à análise sobre o conflito, decidi publicar:
Bom dia.
A TVI traduziu mal as palavras de Obama . Ele falou em "violação da constituição Ucraniana e do direito nacional". Nas legendas e nos títulos é que apareceu "direito internacional". Ontem verifiquei quando ouvi o directo, vantagens da tecla dos 7 segundos. Ademais o direito internacional não proíbe a realização de referendos, antes pelo contrário. É o instrumento por excelência na resolução dos problemas autonómicos. A Constituição ucraniana é que proíbe os referendos espontâneos. Mas no quadro de deposição do governo anterior pela força, e aceitação duns tipos que passaram a ser o poder de facto na Ucrânia, será ridículo tentar defender a Constituição ucraniana. O actual poder ucraniano tem tanta legitimidade como os gadelhudos do Ralis em 1974.
Na questão de fundo, não creio que Putin tenha recuado militarmente. Ele fez a jogada militar de ocupação do território para depois ficar sentado à espera que venham negociar com eles, nos termos que ele montou.
É duvidoso que se possa dizer, sem mais, que a Crimeia é território Ucraniano, atento o histórico - Estado que varia entre o independente e a região autónoma, com parlamento, governo e Presidência da República, que há 60 anos foi "doado" entre repúblicas socialistas. Há quem explique que em 1992 com a queda do Comunismo, a Crimeia só optou por ficar mais ligada à Ucrânia do que à Rússia devido à instabilidade na época em Moscovo. Mas foi sempre um Estado proto-independente. Com muito mais ligações históricas à Rússia do que à Ucrânia. Sendo que a adesão à actual Rússia era uma questão de tempo e de oportunidade.
Putin não pretendeu alargar o seu "espaço vital". Apenas quis proteger as suas bases navais e de mísseis balísticos já instaladas na Crimeia. Aquele espaço vital já era russo, de facto, pela historia e pela sociologia. E de direito, pelo contrato de ocupação em vigor.
Se a expansão russa na Crimeia implicasse o perigo de instalação ex novo de bases militares, o Ocidente poderia ficar preocupado. Mas para o Ocidente, é rigorosamente igual ao litro se a Crimeia fica encostada à Ucrânia, ou encostada à Rússia. As bases militares mantêm-se rigorosamente no mesmo local, com a mesma gerência e a oferecer o mesmo menu.
Só os ucranianos é que ficam com o golpe no orgulho por terem perdido Olivença, perdão, a Crimeia.
Os Ocidentais é que têm que fingir que estão a apoiar a Ucrânia devido ao tratado de desnuclearização assumido com a Ucrânia que oferecia como contrapartida o apoio militar em caso de invasão pelos russos. E Obama , em especial, tem que fazer qualquer coisa para a imprensa americana não o acusar outra vez de ter sido comido pelo Putin.
E em bom rigor, em termos de direito internacional, os russos não invadiram território ucraniano. Invadiram território crimeio (?), que é uma realidade jurídica muito diferente.
O alarido que se vai ouvindo por parte do Ocidente antes das negociações a sério é apenas o bater dos paus no chão por parte dos chimpanzés. Para tentar intimidar o oponente e mostrar às próprias fêmeas que se é muito vigoroso. Por seu lado, Putin fez como o tigre: borrifou com urina os pontos nevrálgicos do território e já demonstrou que está preparado para matar, em caso de necessidade. É fácil perceber qual o bicho que vai ganhar a luta..
Nenhum tiro a sério será disparado - só se os idiotas dos nacionalistas ucranianos o provocarem ou se os americanos se aproximarem muito. Mas um único destroier no Mar Negro - em frente a uma dúzia deles e mais 2 ou 3 porta-aviões russos - é mesmo só para ucraniano ver. É coisas à Obama, para as TV´s
. Putin está a jogar xadrez. E bem. Se quisesse resolver o assunto ao tiro, já tinha feito essas jogadas no tempo certo. Não era agora com os oponentes prevenidos.
Digo eu, que desta vez, sem complexos, até acho que os russos têm razão. Era o que faltava que eles deixassem que a UE, através no novo poder ucraniano, viesse a assumir qualquer ascendente sobre as suas bases navais e de mísseis.
Vocês sabem que ele é. A sua história é trágica e sobejamente conhecida! Na realidade o músico foi fotografado por Youri Lenquette, "le mec qui a dirigé le dernier shooting de Kurt Cobain". Ora bem... as ditas "cujas" estarão expostas brevemente na Galerie Addict, em Paris.
Não conto ir a Paris ver isto. Nem lá, nem onde quer que seja. Porque se eu sei que arte é arte, e que podemos fazer arte de tudo, e, como se prova, até da miséria humana! Eu escolho recordá-lo a cantar. Do Kurt Cobain só me quero lembrar da sua musica, e em especial do concerto acústico dos Nirvana! Porque acima de tudo, há que reinar o bom senso!
A situação que se vive na Crimeia, e onde todos os deputados do parlamento dessa região votaram a favor da integração da região na Rússia (a população em geral votará no próximo dia 16 de Março), faz-me lembrar um velho provérbio: "Quem dá e tira vai para o Inferno". De facto, e historicamente falando, a Crimeia foi oferecida, ainda nos tempos da URSS, à República Socialista da Ucrânia, por Nikita Khrushchov. Passados estes anos após o fim do comunismo, percebe-se a paixão de Putin por esta área, nem que seja para voltar a passar férias sem usar o passaporte!
Um tal de Dênis de Moraes, brasileiro e Doutor em comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, escreveu em Julho de 2000 um ensaio intitulado de "A ética comunicacional na Internet". Deste texto, escrito na pré-história do Facebook, sublinho a actualidade do texto, citando-o: " [...] os sistemas computrônicos dinamizam os traçados e entrecruzam fluxos sequenciais e intercorrentes da ciberesfera. A inteligência coletiva (...) reorganiza, a todo instante e interativamente, as massas de informação disponíveis on line, para usufruto público, por meio de conexões transversais e simultâneas. A nova ambiência favorece o reconhecimento mútuo dos indivíduos e dos grupos envolvidos na comunicação, definida como processo de objetivação partilhada da consciência humana em contextos comuns. É a inteligência coletiva, desterritorializada e descentralizada, que se contrapõe à cultura verticalizada à qual tivemos que nos habituar.
Nas artérias labirínticas da Internet, os usuários têm a chance de assumir-se como atores comunicantes, ou, se preferirmos a bela metáfora de Jöel de Rosnay, como "neurónios de um cérebro planetário."
Nota: mantive o texto em português do Brasil.
Quando a coisa aquece a realidade vem à tona. Não é?
Às vezes sinto-me desvendada no diálogo de um filme ou na passagem de um livro. Ladrões com estilo (filme): "ele tinha um pequeno defeito, via o mundo tal como o desejava. Mas como sabemos um optimista é simplesmente um homem que não lê jornais. (...) paga-se muito caro por ignorar o elefante que está na sala..."
Ora aí está o meu problema com o mundo, insisto em ver o mundo tal como desejava que ele fosse.
Óscares de 2014. Resumo: Para ganhar muitos prémios é essencial uma de duas coisas: ou fazer um filme sem relações humanas (Gravity), ou uma fita sobre minorias oprimidas pela maioria mais forte. Os temas fracturantes, o racismo, ou o feminismo são passaportes certos para a estatueta nos dias que correm. Assim tivemos um Clube Dallas - que levou os dois óscares para os dois actores masculinos - que trata a história do texano que é a personagem principal - retratado como homofóbico em muitos sites - que por consumir drogas fica com SIDA e se torna amigo de um travestti também com SIDA.
O melhor filme trouxe à memória o quanto sofreram os escravos (que sofreram muito. E de facto é uma das coisas mais violentas da humanidade desde sempre). Não esquecer que escravos houve-os de todas as raças. No Egipto, por exemplo, os escravos eram forçados a carregar pedras muito pesadas para construir pirâmides. Os cristão foram escravos. No tempo de Cristo o povo escravo eram os judeus. Não há nada mais cruel do que um ser humano submeter outro à sua vontade, usando a força.
Voltemos aos Óscares (é fácil quando se fala de Óscares cair na discussão dos fracos e oprimidos mas resistamos à tentação). Não percebo porque é que o 12 Anos Escravo agradou aos especialistas de cinema da Academia este ano o que o filme do Spielberg, Lincoln, não agradou no ano passado. Mas enfim. O Lincoln era um excelente filme.
Do Lobo de Wall Street, o viril e heteressexual filme de Scorsese, nem um Óscar. Quase nem se dava por ele não fosse a fracturante Ellen fazer uma graça com Jonah Hill por este ter aberto a braguilha no filme numa cena em que entram umas mulheres giraças, semi vestidas. "Jonah Hill mostrou uma coisa no filme que há muito não via", disse a senhora vestida de homem, provocando a gargalhada na plateia.
A Golpada Americana também não cheirou nenhum Óscar. Apesar da soberba representação dos actores, femininos e masculinos.
Resta-nos a categoria melhor filme estrangeiro para nos lembrar-mos que a Academia também pensa em cinema. A única escolha cinéfila foi o Óscar de melhor filme estrangeiro: La Grande Bellezza. O filme do ano.
Fora das nomeações, a passerelle também não encantou. Os vestidos das grandes estrelas eram, na maioria, erros de casting (vide o da Julia Roberts e o de Lupita Niang'o, que sendo lindo lhe ficava pessimamente porque não tinha peito para encher o vestido). Já em penteados muitas decidiram competir com a Ellen e apresentar-se de cabelo curto. (O longo cabelo de Jared Leto fazia inveja a muitas das meninas bonitas da red carpet, que optaram pelo cabelo arrapazado). Não deve faltar muito para que as actrizes de Hollywood adoptem os trajes masculinos para se apresentarem à cerimónia. Ainda vamos assistir a uma ou outra de smokings de seda em vez de vestidos. Esperem para ver.
No fim, do que verdadeiramente nos lembramos?
Do discurso da Cate Blanchett, o melhor por causa da simplicidade e normalidade, quando foi receber o óscar de melhor actriz em Blue Jasmine. As pizzas encomendadas por Ellen DeGeneres (que nome é este? De Géneros?!) e o auto-retrato (selfie) tirado em grupo por Bradley Cooper e que juntou a apresentadora, Brad Pitt, Jennifer Lawrence, Angelina Jolie e Lupita Nyong'o. Mas o melhor da selfie é o irmão da Lupita a enfiar-se ali como se fosse uma superstar e a tapar a Angelina Jolie. Lindo!