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Love thyself last
“Não há futuro económico e social possível quando o problema principal não é o excesso de consumo privado, com o que nos querem convencer, mas o excesso de consumo público, a monstruosidade das despesas públicas.”
Francisco Sá Carneiro
Há tempos comprei um livro polémico e particularmente interessante. Trata-se de uma compilação de textos de "história contra-factual", ou se quiserem ideal - depende dos cenários e dos intervenientes - intitulado de "História Virtual", onde se levantam questões do tipo: Como seria a Europa se Hitler não tivesse perdido a Guerra? Niall Ferguson, no interessante estudo introdutório, apresenta os críticos e os perigos de tamanho exercício. A história é o que é. Tem pois pouco interesse académico construírem-se cenários paralelos ou idealistas.
Faço esta referência literária porque há muita pessoa, como eu, que tem saudades de Francisco Sá Carneiro. O próprio PSD vive em si mesmo a sua orfandade e alimenta o seu "sebastianismo". Porém, o tempo é outro e as pessoas são diversas! Hoje temos o que temos. Parece, portanto, primários pensar que tudo seria melhor se ele não tivesse morrido. Seria?
Em Portugal acontece com frequência (como acontece com as célebres "vitórias morais") que gostamos de cenários hipotéticos, de viver em contos de fadas, que nada valem! É preciso sair desta letargia e trilhar um futuro, se não ideal, diferente e, portanto, melhor! Já que pior do que isto é difícil!
Professor Levy:
We are all faced throughout our lives with agonizing decisions. Moral choices. Some are on a grand scale. Most of these choices are on lesser points. But! We define ourselves by the choices we have made. We are in fact the sum total of our choices. Events unfold so unpredictably, so unfairly, human happiness does not seem to have been included, in the design of creation. It is only we, with our capacity to love, that give meaning to the indifferent universe. And yet, most human beings seem to have the ability to keep trying, and even to find joy from simple things like their family, their work, and from the hope that future generations might understand more.
Durante toda a nossa vida, enfrentamos decisões penosas, escolhas morais. Algumas delas têm grande peso. A maioria não tem tanto valor assim. Mas definimos a nós mesmos pelas escolhas que fizemos. Na verdade, somos feitos da soma total das nossas escolhas. Tudo se dá de maneira tão imprevisível, tão injusta, que a felicidade humana não parece ter sido incluída no projeto da Criação. Somos nós, com nossa capacidade de amar, que atribuímos um sentido a um universo indiferente. Assim mesmo, a maioria dos seres humanos, parece ter a habilidade de continuar lutando, e até de encontrar prazer nas coisas simples como sua família, seu trabalho, e na esperança que as futuras gerações alcancem uma compreensão maior.
Professor Levy:
You will notice that what we are aiming at when we fall in love is a very strange paradox. The paradox consists of the fact that, when we fall in love, we are seeking to re-find all or some of the people to whom we were attached as children. On the other hand, we ask our beloved to correct all of the wrongs that these early parents or siblings inflicted upon us. So that love contains in it the contradiction: The attempt to return to the past and the attempt to undo the past.
Você vai perceber que o que nós conseguimos quando nos apaixonamos é um paradoxo muito estranho. O paradoxo consiste no facto de que, quando nos apaixonamos, procuramos reencontrar todas ou algumas das pessoas a quem estavamos ligados em crianças. Por outro lado, pedimos ao nosso amado para corrigir todos os erros que cedo estes pais ou irmãos infligiram sobre nós. Assim que o amor contém em si uma contradição: A tentativa de voltar ao passado e a tentativa de apagar o passado.
Será que entre os republicanos norte-americanos não há ninguém com um pouco de massa cinzenta? É o que parece, depois de ter lido o que Mitt Romney, ex governador de Massachusetts disse, no sábado, durante um jantar de campanha eleitoral, "que não entende por que motivo não é permitido abrir as janelas numa viagem de avião".
"Costumo responder, normalmente, a quem me pergunta a razão das minhas viagens: que sei muito bem daquilo que fujo, e não aquilo que procuro."
Michel de Montaigne
P.S. - Será por isso que o suplemento de viagens do Público (que sai aos sábados) se chama de "Fugas"?