Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
A ouvir a entrevista da Mallu Magalhães, no Fora d´Horas , fiquei estupefacta com a inteligência desta miúda brasileira que encanta os palcos brasileiros. A certa altura ela fala do seu universo pessoal e diz que é cheio de sentimento e de intuições, e que acredita na intuição, porque "a gente não sabe nada, então a gente vai pela intuição". Fantástico. E rapidamente me ocorreu que o conhecimento (que vem com a idade, com o envelhecimento) arruína essa bússola única do caminho da verdade, que é a intuição. Envelhecer não tem nada de bom, não vejo nenhum encanto nesse caminho em direcção à sabedoria desencantada.
No decorrer da entrevista Mallu Magalhães fala do marido, Marcelo e diz que nunca tinha sentido a importância dessa luz que incide em nós quando estamos ligadas a uma pessoa com quem nos identificamos completamente. "Ele me dá uma paz, porque quando a gente gosta de alguém só quer o reconhecimento dessa pessoa". Uma miúda a dizer aquilo que a maior parte das pessoas na meia idade nunca chegaram sequer a sentir, quanto mais a dizer.
A inteligência é uma coisa que não escolhe idade, nem credo, nem raça, nem nacionalidade, nem nada. É uma benção ouvir e reconhecer a inteligência simples.
"Tenho muito medo de um movimento intelectual se transformar num slogan, pois há sempre o perigo de auto complacência intelectual, ou seja, de se acreditar que se está no único caminho correcto, verdadeiro."
1) Antes ainda achava que éramos responsáveis por sermos ou não gostados e amados, hoje tenho a certeza que não depende das nossas atitudes, elas são meramente argumentos. Gostarem ou não de nós depende de factores exógenos a nós e à nossa vontade.
2) Se nos aproximamos muito de quem tem concepções de bem e de mal diferentes das nossas, mais cedo ou mais tarde essa aventura tem o seu revés. O mesmo se passa com a inteligência, ela parece um acessório, mas em situações de crise ela é uma tábua de salvação. Relacionarmo-nos com pessoas abaixo da nossa condição intelectual é francamente perigoso.