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Estive hoje à tarde no Chiado (paredes meias com o Largo do Carmo) e nem sinal de cravos ou chaimites, nem música nas ruas, nem ninguém que não estivesse normalmente a ver montras e a ir à Fnac. Mal se dá pelo 25 de Abril, se eu não ligasse a televisão poderia perfeitamente passar o dia sem saber que se comemora a Revolução que supostamente mudou Portugal. Não me lembro muito do Portugal de antes do 25 de Abril, tenho uma vaga ideia de Marcelo Caetano na televisão a preto e branco e pouco mais. Lembro-me do início do anos 80 e tenho uma ideia provinciana dessa época (ainda hoje tenho uma ideia de Portugal como um país pouco evoluído, muito preconceituoso, vaidoso, manhoso, pouco culto, e tenho pena). Mas há uma coisa que eu me lembro, de um salto qualitativo entre o fim dos anos 80 e os anos 90, gloriosos anos 90. Isso devemos a quê? À entrada na CEE, que é hoje a União Europeia.
Portugal é membro de facto da União Europeia desde 1 de Janeiro de 1986, após ter apresentado a sua candidatura de adesão a 28 de Março de 1977 e ter assinado o acordo de pré-adesão a 3 de Dezembro de 1980. A verdadeira Revolução para Portugal foi a entrada na União Europeia, o resto é folclore.
Há uma coisa em todos somos iguais, sejamos rico ou pobres, de esquerda ou de direita...todos sem excepção acabarmos por morrer. É a lei da vida. Resta-nos pois, para os que ficam, recordar, sublimar a vida, a obra e a herança de quem partiu. O luto mais do que a dor ou a privação, é um exercitar da memória, em que deveríamos perpetuar a vida de quem parte. O luto é (por assim dizer) uma pedagogia: com a morte ( e/ou o que fica dela) deveríamos aprender a viver; com a obrigação de transmitir aos vindouros esses exemplos de vida - mesmo de quem tenha "vivido mal", porque um mau exemplo deve também ser recordado!
Hoje de manhã tive conhecimento da morte (já expectável) de Miguel Portas. Este obituário deve-se a isto mesmo. Porque apesar de não ter por ele simpatia política nem ideológica, sempre reconheci nele, no que defendia, no seu percurso de vida e, em particular, nesse exemplar exercício de cidadania, um imenso humanismo que deve ser neste tempo de "luto colectivo" recordado! E recordando-o, seguindo os nossos caminhos divergentes, vivemos!
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos"
Fernando Pessoa
"O meu ideal político é a democracia. Que todo o indivíduo seja respeitado e nenhum idolatrado" Albert Einstein
"Esta data especial não pertence ao Governo, pertence ao povo e ao país".
Pedro Passos Coelho, Primeiro-ministro de Portugal.
Repita isto bem alto já há gente que não se lembra ou não queira lembrar-se!. É o 25 de Abril Prêt-à-porter!
Après moi le déluge
Luis XV
Ainda a propósito da ausência de Soares e Alegre nas cerimónias oficiais das comemorações do 25 de Abril, fica aqui a opinião insuspeita de Ricardo Costa, Director do Expresso.
Não me comove especialmente que dois políticos do PS não queiram comemorar o 25 de Abril. Não querem, não querem. Indigna-me o que está por detrás disso, indigna-me mais que se estejam a colar a Vasco Lourenço para usar o 25 de Abril como arma política contra o Governo. Apenas porque não querem a Direita no poder. Dá-lhes a volta às tripas a Direita estar no poder, e não têm hoje as armas de golpe de bastidores que antes usaram para derrubar os Governos de Direita (nem a imprensa tradicionalmente de esquerda consegue ser ouvida). Porque tudo está escudado na troika. Mário Soares e Manuel Alegre não são verdadeiros defensores da democracia se não aceitam este Governo maioritário, eleito em democracia. O que só prova o que sempre achei, que para o PS a democracia e o 25 de Abril são apenas slogans para ganharem o poder. Os velhos do Restelo do PS, se pudessem punham na Constituição que a Direita nunca mais podia governar e eram bem capazes justificar isso com o 25 de Abril.
O socialista François Hollande venceu – por pouco – Nicolas Sarkozy na primeira volta das presidenciais francesas. (É pena).