por Maria Teixeira Alves, em 01.04.09
Nunca achei romântico o Robin dos Bosques. Sempre achei que roubar os ricos para dar aos pobres, não deixava de ser um roubo.
Desde então, Robin dos Bosques tem sido o pai da demagogia, que vê nos ricos a origem da pobreza do mundo. Como se a vida fosse tão linear.
Não há qualquer relação entre os salários altos dos grandes gestores e o baixo crescimento económico. Os altos salários tendem a corresponder às responsabilidades e aos altos riscos que correm os homens que gerem. E quando ainda são mais altos é porque estão indexados aos lucros. Por isso só são maiores quando produzem ou vendem mais. Mas o mundo não resiste a esta relação de causalidade básica e aparente: os ricos são os culpados da crise.
No entanto, a crise financeira deve muito mais à vaidade, e à pressão subtil dessa massificação da imagem que domina o mundo, nesta era do marketing, do que aos euros nos bolsos dos banqueiros. Os bancos não foram à falência porque alguém fugiu com uma mala de dinheiro, o mundo financeiro foi à falência porque vive de aparências. Foi a aparência do dinheiro, e não o dinheiro em si que deu cabo da economia mundial.
Foi o narcisismo, imposto pelo sistema onde a imagem tem mais poder do que um rei, que destronou o castelo de cartas.
Porque é quase impossível na natureza humana erradicar a vaidade. O poder aguça essa paixão.
Aqui vai uma imagem destes Robin dos Bosques modernos que proliferam num mundo votado ao individualismo narcísico, que arrasa as relações humanas.