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Ando eu ás voltas dos livros, tira pó daqui, tira aranha dali, que veio parar às mãos um pequeno livro de Baudelaire, lido há muito tempo, e, como eu gosto, todo sublinhado. A florescente como mandam as minhas regras.
Em "Da essência do riso" o escritor francês alvitra sobre o riso, e em particular na sua relação com as artes plásticas, i.e., com os caricaturistas de então.
Da obra, e para enquadramento deste post, cito: "O Homem sábio só ri tremendo. (...) Receia o riso, assim como receia os espectáculos mundanos, a concupiscência. Detém-se à beira do riso como à beira da tentação. Existe portanto (...) uma certa contradição secreta entre o seu carácter de homem sábio e o carácter primordial do riso". E acrescenta: "Faço notar (...) que o Homem sábio por excelência, o Verbo incarnado, nunca se riu. Aos olhos Daquele que tudo sabe e tudo pode, o cómico existe. E no entanto o Verbo Incarnado conheceu a cólera, e mesmo as lágrimas"
Não sei se sou sábio, o que tampouco me importa. Sei, todavia, reconhecer a importância higiénica do riso. Até porque, para tremer, conhecer a cólera e chorar basta acordar e "entrar no real". Ora como não quero que isso aconteça, e porque, tal como o José Manuel Fernandes, não gosto que me tomem por parvo, o melhor é mesmo tremer de rir, até que a barriga doa! É um remédio santo!