É um mistério o dom da empatia que se cria nos outros, um dom que tinha João Paulo II. É um mistério porque não há explicação científica para a inspiração do amor. Num mundo onde a essência sucumbiu à aparência, quem inspira simpatia leva grande vantagem.
Serve isto para dizer que Bento XVI, sendo um téologo brilhante, um visionário, um filósofo, é mal amado. As suas encíclicas, são verdadeiros tratados filosóficos. Logo na sua primeira carta, Deus Caritas Est, rebate as ideias de Nietzche: "Na crítica ao cristianismo que se foi desenvolvendo com radicalismo crescente a partir do iluminismo, esta novidade foi avaliada de forma absolutamente negativa. Segundo Friedrich Nietzsche, o cristianismo teria dado veneno a beber ao eros, que, embora não tivesse morrido, daí teria recebido o impulso para degenerar em vício". Vale a pena ler.
Desde que
Ratzinger foi eleito Papa, não pararam as críticas às suas ideias, à sua imagem, movem-se montanhas para tentar destruir Bento XVI. Bento XVI é um Cristo à beira de ser
crucificado pelos Fariseus. Todos apelam a que
Pilatos o condene à morte. A história repete-se... e reacção da populaça a Bento XVI é a demonstração de que a Bíblia é o mais sábio livro sobre a natureza humana.
Eu quero aqui dizer que Bento XVI não inspira o amor, mas defende-o.
Donde vem o ódio a Bento XVI?
Na primeira
encíclica, o Papa escolheu para tema o amor. "« Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele » (1
Jo 4, 16). Estas palavras da I Carta de João exprimem, com singular clareza, o centro da fé cristã: a imagem cristã de Deus e também a consequente imagem do homem e do seu caminho."
Bento XVI escolhe falar do amor, para precisamente por a tónica da nossa existência na origem do amor: o Amor Homem/Mulher. Aqui está o primeiro grande incómodo de Bento XVI, para um mundo que acha que no ser humano há o direito de se escolher uma orientação sexual, diferente da natural.
No primeiro capitulo, Bento XVI diz;
A UNIDADE DO AMOR
NA CRIAÇÃO
E NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO
"Em primeiro lugar, recordemos o vasto campo semântico da palavra «amor»: fala-se de amor da pátria, amor à profissão, amor entre amigos, amor ao trabalho, amor entre pais e filhos, entre irmãos e familiares, amor ao próximo e amor a Deus. Em toda esta gama de significados, porém, o amor entre o homem e a mulher, no qual concorrem indivisivelmente corpo e alma e se abre ao ser humano uma promessa de felicidade que parece irresistível, sobressai como arquétipo de amor por excelência, de tal modo que, comparados com ele, à primeira vista todos os demais tipos de amor se ofuscam. Surge então a questão: todas estas formas de amor no fim de contas unificam-se sendo o amor, apesar de toda a diversidade das suas manifestações, em última instância um só, ou, ao contrário, utilizamos uma mesma palavra para indicar realidades totalmente diferentes?"
"Ao amor entre homem e mulher, que não nasce da
inteligência e da vontade mas de certa forma impõe-se ao ser humano, a Grécia antiga deu o nome de
eros".
http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20051225_deus-caritas-est_po.htmlNoutra encíclica Bento XVI vem falar da criação. Outro incómodo:
MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
BENTO XVI
PARA A CELEBRAÇÃO DO
DIA MUNDIAL DA PAZ
1 DE JANEIRO DE 2010
"SE QUISERES CULTIVAR A PAZ, PRESERVA A CRIAÇÃO
O respeito pela criação reveste-se de grande importância, designadamente porque «a criação é o princípio e o fundamento de todas as obras de Deus»[1] e a sua
salvaguarda torna-se hoje essencial para a convivência pacífica da humanidade.
Mais tarde, o Papa Bento XVI pediu aos fiéis que sejam "intransigentes" com o pecado, mas "indulgentes" com os pecadores. A mensagem foi transmitida aos milhares de católicos que se reuniram na Praça de São Pedro do Vaticano para a tradicional oração do Ângelus".
O Papa, com uma grande coragem, foi mais longe:
O papa Bento XVI afirmou que 'salvar' a humanidade do comportamento homossexual ou transsexual é tão importante quanto salvar as florestas do desmatamento.
«A Igreja também deve proteger o homem da destruição de si mesmo. Um tipo de ecologia humana é necessária», declarou o pontífice no seu discurso na Cúria, a administração central do Vaticano. «As florestas tropicais merecem nossa protecção. E os homens, como criaturas, não merecem nada menos do que isto» diz Bento XVI.
A Igreja Católica diz que, embora a homossexualidade não seja um pecado (uma vez que não é uma escolha), os actos sexuais são.
Grande incómodo. Há que matar o Papa, há que matar a credibilidade do Papa.
Bento XVI vem em Maio a Portugal, país católico, que maioritariamente é contra o casamento homossexual. Desde então não param as notícias sobre os escândalos de pedofilia que existem há muito, lamentavelmente, nas igrejas, católica ou não, e que existem nas famílias, mesmo que sejam ateias. Bento XVI tem o amargo papel de trazer o mal para a ribalta, para o poder aniquilar.
A pedofilia é grave, é um desvio sexual. Mas eu lembro que os defensores da homossexualidade, não se podem esquecer que a pedofilia é muitas vezes homossexual (sobretudo em meandros religiosos). E que muitos partidos defensores nessa Europa fora, da homossexualidade, defendem que se torne legal as relações sexuais a partir dos 12 anos. Ou seja defendem a pedofilia.
O tema chegou ao celibato sacerdotal, disciplina e não dogma da Igreja. Até certo ponto a vantagem do casamento dos padres católicos pode muito bem estar no facto de afastar dos seminários aqueles que querem fugir ao casamento. Mas não é o facto de se ser sexualmente activo que evita as perversões (a meu ver aqui cabe muita coisa).
Poderá o casamento ser um entrave à pedofilia? Eis o que diz um ateu:
Júlio Machado Vaz, a pedofilia e o celibato sacerdotal
Júlio Machado Vaz no programa da Antena 1 "O amor é", a propósito dos casos de pedofilia de alguns padres da Igreja Católica, diz que é um perfeito disparate afirmar que a culpa destes casos de pedofilia radicam no celibato forçado dos padres católicos.
As disfunções sexuais e, em particular, que levam à pedofilia tanto podem acontecer em casados, como em celibatários, referia.
E para ilustrar a sua teoria, deu o exemplo do recente violador de Telheiras que, apesar de ter uma namorada e (tudo o indica) uma vida sexualmente activa, ainda assim, violava outras mulheres.
"Se existisse um sistema de vasos comunicantes, rematava, um homem com uma parceira sexual necessariamente sentir-se-ia sempre satisfeito ao ponto de não cometer excessos em matéria sexual. Mas não é isso que acontece".
"Tenho para mim que os casos de padres pedófilos está, antes, relacionado com pessoas que, na realidade, ou não têm vocação sacerdotal ou se a têm, não interiorizaram suficientemente as obrigações decorrentes dessa vocação".
A Igreja pode responsável ser pela falta de acompanhamento a que vota muitos padres, sobretudo, diocesanos.
Mas não pode o Papa ser acusado de cumplicidade de um crime hediondo, como a pedofilia.
Já agora, a título de exemplo da campanha negra que se faz ao Papa, na edição do Diário de Notícias, há um artigo com este título
"PJ investiga três novos casos de padres católicos"
Quando se começa a ler: "Mas, ao que o DN apurou, em 2007 estiveram indiciados apenas três ministros de culto, sendo um deles o caso do pastor evangélico que agora aguarda julgamento. Os outros dois, um na Guarda e outro no Funchal, que se presumem padres católicos - os dados a que o DN teve acesso apenas referem ministros de culto -, foram arquivados por falta de indícios" PRESUMEM-SE CATÓLICOS?! Mas no título não diz católicos?