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A tradução deve ser fantástica

por Maria Teixeira Alves, em 29.04.14

"Capital in the 21st Century", do autor francês Thomas Piketty, foi, um ano depois do lançamento em França, publicado em Inglês e já se tornou no livro top dos temas económicos, elogiado pelo jornal NYT, pelo economista Krugman, etc, segundo a revista The Economist. Em França não teve sucesso nenhum.

Lembrei-me do Woody Allen, que quando o confrontaram com o facto de os seus filmes serem um sucesso em França, ao contrário do que acontecia no seu país, respondeu: "As legendas devem ser fantásticas"!

publicado às 19:44

Aquilo que mais se destaca no comunicado do BCE, sobre os últimos testes de stress aos bancos, antes de este assumir as suas funções de supervisão no âmbito do Mecanismo Único de Supervisão, é a frase do muito nosso Vítor Constâncio (vice-presidente do BCE): 

"Em antecipação de eventuais défices, os bancos devem começar a considerar as fontes de capital privadas a que poderão recorrer na sequência do exercício e planear em conformidade, tendo em conta que os planos de capital que terão de apresentar podem incluir limitações à distribuição de dividendos e ao pagamento de bónus, novas emissões de capital, instrumentos de capital contingente suficientemente robustos e vendas a preços de mercado de ativos selecionados."

 

Este testes de stress, incluem análise da qualidade dos activos (em curso e concluídas até ao fim do Verão; mas serão incorporados também os resultados do teste de esforço (stress) em cenário base e em cenário adverso, o que constitui um elemento único da avaliação completa.

Na sequência da publicação dos resultados, o BCE solicitará aos bancos que apresentem planos de capital, indicando em pormenor a forma como os défices serão cobertos. 

Ser accionista de um banco, nos dias que correm, não é pêra doce, a par das constantes chamadas de capital, não põem os olhos em cima de dividendos. 

publicado às 19:31

Quando no passado domingo, dia 27, Portugal perdeu um dos seus últimos grandes intelectuais, eu escrevi aqui que tinha morrido um dos grandes intelectuais de Direita. Fui criticada. Cometi o sacrilégio de dizer que um dos homens mais inteligentes do país era de Direita. Como eu sou. Quase que me disseram que eu estava a denegrir o Vasco Graça Moura.

Um país sempre disponível para o pensamento fácil e estereotipado, de que Vasco Graça Moura não era um exemplo, facilmente bebeu a aversão à palavra Direita. Ninguém quer ser de Direita. Têm medo da palavra. Vê-se muita gente de Direita a dizer que é de Centro. O Centro é como o preto para as Senhoras: "com um vestido preto nunca me comprometo"! Portugal é assim povoado pelas meias-tintas. Tudo muito preocupado com o politicamente correcto. O que a maioria dos mediáticos disserem é que é para seguir. Ser de Direita é um insulto que serve apenas para atirar aos Governos quando são de Direita, como o de Pedro Passos Coelho.

Vem este intróito para dizer que finalmente alguém diz sem medo, e sem retirar os merecidos elogios, que Vasco Graça Moura era um homem intrinsecamente de direita e conservador. Diz Daniel Oliveira na sua crónica do Expresso que "Graça Moura era, ao contrário do que diz Maria Teresa Horta, intrinsecamente de direita. Mesmo como intelectual. E no que defendia como políticas públicas para a cultura ainda mais". E acrescenta que: "Acontece que Graça Moura era um conservador. E ser de direita e conservador, apesar de não ser irrelevante para o seu perfil intelectual e cultural, em nada beliscava as suas qualidades literárias".

"Penso perceber o que estava na cabeça de Maria Teresa Horta. No momento do elogio fúnebre (ainda por cima a um amigo), misturam-se, mesmo que involuntariamente, duas coisas: um preconceito específico da esquerda e o preconceito político mais geral. Para Maria Teresa Horta, um intelectual tão admirável não podia estar no lado oposto da barricada. O preconceito da esquerda é este: a direita é ignorante, inculta e odeia a liberdade das artes. O que torna o posicionamento político de Graça Moura, homem culto e "das letras", "contranatura". É claro que é um disparate. A direita não é nem mais nem menos culta do que a esquerda. Acontece apenas que a esquerda foi culturalmente hegemónica na segunda metade do século XX. E ainda mais em Portugal. Contou, por isso, com o apoio da grande maioria dos intelectuais. Mas, como é evidente nas gerações mais novas, não vive numa qualquer superioridade intelectual ou cultural. Tem um olhar diferente sobre o papel dos intelectuais na vida pública? Provavelmente. Tem um olhar diferente sobre a democratização do acesso à cultura? Seguramente. E nisso Graça Moura era indiscutivelmente de Direita".

Confesso-me surpreendida porque das únicas vezes que troquei mensagens com Daniel Oliveira senti-o precisamente um preconceituoso de esquerda. Nesta crónica prova que afinal consegue não o ser. Mais do que isso, consegue reconhecer que há um preconceito de esquerda que vê todas as pessoas de Direita e conservadoras como ignorantes. Isso é muito bom. Mesmo muito bom.

publicado às 10:17

O olhar que despe

por António Canavarro, em 28.04.14

 

Tinha 15 anos. Tinha ido a Lisboa para ver o Papa que veio do Leste. Estou perto da Nunciatura Apostólica, onde ele repousava para daí seguir rumo ao Parque Eduardo VII. Ele sai. Eram muitas as pessoas que nas ruas, nos passeios davam vivas ao sumo pontífice. Não fugi à regra e com todas as minha forças gritei procurando chamar a sua atenção. Não sei se ele meu ouviu. Sei, porventura por sorte, que ele se virou para mim e que me fitou com aquele olhar único: nunca me tinha sentido assim. Foi como que aqueles olhos azuis, límpidos e quase "não humanos" me tivessem radiografado: senti-me nu, e ao mesmo tempo com uma felicidade que ainda hoje, 32 anos depois, me parecia inexplicável. Porém, e como tudo tem uma explicação, ontem descobri a razão: um Santo olhou para mim!

publicado às 16:25

Uma espécie de sina

por Maria Teixeira Alves, em 28.04.14

Eu tenho o dom de provocar a competição dos outros, de suscitar o confronto. Desde que me lembro de mim, que tenho de me defender dos ataques e desafios provocadores de quem quer provar que é melhor e maior. Este espírito de competição surge mesmo onde menos se espera, às vezes nos mais próximos.

Mas eu não compito com ninguém (só comigo própria) e ao contrário do que possa parecer, detesto discordar. O que eu gosto é de concordar. Mas que difícil é encontrar neste mundo pessoas concordantes! É o segredo da felicidade, encontrar quem esteja em sintonia com o nosso entendimento. É o sonho de qualquer um.

 

publicado às 13:14

O último dos renascentistas

por António Canavarro, em 28.04.14

 

Escreveu a Maria que com a morte do Vasco Graça Moura morreu o último dos intelectuais de direita, o que sendo verdade formalmente não deixa de ser preocupante: como será agora, uma vez que a direita já não tem intelectuais?

As pessoas são livres de dizerem o que querem, como querem e onde querem. Vasco Graça Moura é mais, muito mais do que um intelectual de direita. Era um português total, tal como é, à sua maneira, o Eduardo Lourenço e mais um punhado de pouca gente que nos fazem ser um país intelectualmente pobre!

Conheci pessoalmente o Vasco Graça Moura, com quem privei e conversei algumas vezes. Era puro deleite! Deles guardo o seu humanismo e as suas preocupações. E, para a posterioridade, fica gravada na minha memória a indelével imagem de ter sido um verdadeiro renascentista. O último dos renascentistas!

publicado às 12:28

Obrigado, Vasco

por António Canavarro, em 28.04.14

Soneto do amor e da morte



quando eu morrer murmura esta canção 

que escrevo para ti. quando eu morrer 

fica junto de mim, não queiras ver 

as aves pardas do anoitecer 

a revoar na minha solidão. 

 

quando eu morrer segura a minha mão, 

põe os olhos nos meus se puder ser, 

se inda neles a luz esmorecer, 

e diz do nosso amor como se não 

 

tivesse de acabar, sempre a doer, 

sempre a doer de tanta perfeição 

que ao deixar de bater-me o coração 

fique por nós o teu inda a bater, 

quando eu morrer segura a minha mão. 

 


Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"

publicado às 11:58

Morreu o último dos intelectuais de direita

por Maria Teixeira Alves, em 27.04.14

Vasco Graça Moura é do tempo da literatura, do tempo em que se perdia tempo a estudar, do tempo do primado da actividade intelectual. O último dos pensadores. Foi essencialmente poeta, ensaísta e tradutor dos grande autores clássicos. Traduziu a Divina Comédia e a Vita Nuova de Dante; as Rimas e Triunfos de Petrarca; os Testamentos de François Villon, e ainda fez a tradução integral dos Sonetos de Shakespeare. Empenhou-se assim, como tradutor, em enriquecer o património literário disponível em língua portuguesa.

Traduziu para português, ainda, poetas como Pierre Ronsard, Rainer Maria Rilke, Gottfried Benn, Walter Benjamin, Federico García Lorca, Jaime Sabines, H. M. Enzensberger ou Seamus Heaney, e deixou-nos ainda versões portuguesas de algumas das peças mais importantes dos três grandes dramaturgos franceses do século XVII: Corneille, Molière e Racine.

Era um dos últimos intelectuais de direita (ainda nos resta, felizmente, Agustina Bessa Luís).

Vasco Graça Moura era do PSD. Isso custou-lhe o reconhecimento generalizado merecido.

Era um clássico. Um homem de um excelente bom-gosto, visível em tudo o que era da sua autoria. Até a vestir.

 

Vasco da Graça Moura (1942-2014)

 

Soneto do amor e da morte

 

Quando eu morrer murmura esta canção  que escrevo para ti. quando eu morrer  fica junto de mim, não queiras ver  as aves pardas do anoitecer  a revoar na minha solidão.

Quando eu morrer segura a minha mão,  põe os olhos nos meus se puder ser,  se inda neles a luz esmorecer,  e diz do nosso amor como se não tivesse de acabar, sempre a doer,  sempre a doer de tanta perfeição  que ao deixar de bater-me o coração  fique por nós o teu inda a bater,  quando eu morrer segura a minha mão.

publicado às 14:26

Ouviram Senhores Jardim Gonçalves e Ricardo Salgado

por Maria Teixeira Alves, em 24.04.14

Preparar a minha sucessão? "O BPI não é uma monarquia"

Este será o seu último ano à frente do BPI, já está a preparar a sucessão?

O BPI não é uma monarquia e, portanto, não tenho de preparar sucessão nenhuma. Se fosse uma monarquia seria o meu filho [risos]. E, portanto, essa é uma decisão que será tomada pelos accionistas na altura que entenderem apropriada. 

 

publicado às 14:30

Não havia necessidade!

por António Canavarro, em 23.04.14

 

Por muito que compreenda a euforia, por muito que compreenda os milhares de benfiquistas que se deslocaram até ao Marquês de Pombal para festejar a 33ª vitória do Sport Lisboa e Benfica no campeonato nacional de futebol, tornando a praça num enorme “mar vermelho”, nada justifica o vandalismo de que a estátua do estadista foi alvo, assim como considero a despropósito a ideia de equiparem o marquês com o equipamento dos rapazes da Luz: não lembra a ninguém, como estão a abrir um precedente completamente desnecessário. Não havia necessidade! 

 

Também publicado aqui.

publicado às 11:31

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