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Ás vezes oiço o primeiro ministro falar, e não vejo qualquer diferença entre ele e um qualquer opinion maker que sabe tudo pela rama. Nunca ouvi o Sócrates a dizer qualquer coisa de substancial, nunca se revelou um 'connoisseur´.
Naquele homem não nasce uma ideia. É um porta-voz, mais nada!
Meses depois de um agravamento do IRS e da subida do IVA para os três escalões em 1 ponto percentual, depois do falhanço do PEC II, eis a nova artilharia:
Salários dos funcionários públicos acima de 1.500 euros brutos sofrem corte em 2011 e a manter-se a partir de 2011 (aqui divergem Teixeira dos Santos e Sócrates). Mas pelo sim, pelo não confiem no Ministro das Finanças.
Aqui, estão incluídos órgãos de soberania e da Administração Pública, institutos públicos, entidades reguladoras e empresas públicas. Incidirá sobre o total de salários e todas as remunerações acessórias dos trabalhadores, independentemente da natureza do seu vínculo . Para vencimentos brutos entre 1.500 e 2.000 euros a redução é de 3,5%. Para salários superiores o corte pode chegar aos 10%.
Congelam as contratações.
Reduzem as ajudas de custo, as horas extraordinárias e a acumulação de funções, eliminando a acumulação de vencimentos públicos com pensões do sistema público de aposentação.
Pensões e a progressão na carreira da Função Pública serão congeladas durante um ano.
Eliminação do abono de família para os escalões de rendimentos mais elevados.
Aumento do IVA para 23%
A redução da despesa fiscal será ainda realizada através "da fixação de um tecto global para as deduções e benefícios fiscais". [ Revisão das deduções à colecta do IRS (já previsto no PEC); convergência da tributação dos rendimentos da categoria H com regime de tributação da categoria A (já previsto no PEC)];
Reduzem as despesas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente com medicamentos e meios complementares de diagnóstico;
Reduzem os encargos da ADSE;
Será ainda criado "um novo imposto sobre o sector financeiro". Ninguém sabe de quanto.
Aumentam as taxas em vários serviços públicos designadamente nos sectores da justiça e da administração interna;
Aumentam em 1 p.p. a contribuição dos trabalhadores para a CGA
Governo anuncia ainda que a PT estuda transferência do fundo de pensões (1.844 milhões) para o Estado, parece-me que esta receita extraordinária vai ser para pagar os dois submarinos contratados em 2009!!:
Teixeira dos Santos confirma: "a possível transferência do fundo de pensões da PT para o Estado irá permitir "cobrir a baixa execução das receitas não fiscais e os custos pela aquisição de dois submarinos contratados em 2009”. A receita gerada será inscrita na execução orçamental deste ano".
Vá lá:
Prometem extinguir/fundir organismos da Administração Pública directa e indirecta;
Reduzem em 20% as despesas com a frota automóvel do Estado;
Reduzem as despesas com indemnizações compensatórias e subsídios às empresas;
Reorganizem e racionalizam o Sector Empresarial do Estado reduzindo o número de entidades e o número de cargos dirigentes.
Congelam o investimento público
FALTA:
O Estado anunciar que vai cortar os honorários milionários dos advogados e outros consultores, e se vai acabar com beneficios fiscais às fundações.
Posto isto, este é um Orçamento à FMI.... Aí vem agora a outra face da moeda: a recessão.
O PIB desce, a dívida não desce, e assim aumenta a dívida pública sobre o que produzimos....
Vem aí a pobreza e os problemas sociais.
Portugal a caminho de ter o IVA mais alto da zona Euro
Se acabar por ter de seguir os avisos da OCDE então Portugal fica com um IVA ao nível da Finlândia!
I´ve had a hole in my heart for so long....
Depois da notícia do Correio da Manhã: "este ano já foram substituídas 34 viaturas de alta cilindrada nas empresas do grupo Águas de Portugal, que têm cerca de 400 automóveis topo de gama à disposição". Eis que o Governo: "ordena suspensão imediata da renovação da frota automóvel do Grupo Águas de Portugal".
O Estado tem de vender tudo. Tem de sair de tudo e limitar-se a subsidiar os necessitados.
Tem de vender a CGD; o Metro; a CP; a Águas de Portugal; a Lusa; a RTP; Estradas de Portugal; CTT; sair da PT; da Galp; da EDP; da REN. O Estado não pode andar a pagar ordenados e a financiar estas empresas.
«Somos todos cineastas mentais». A frase é do inteligente neurocientista António Damásio. A quem eu devo os argumentos para o que sempre soube: tudo o que se passa na nossa mente passa-se no nosso corpo. O corpo e o cérebro são um só, são indissociáveeis. O que deita por terra as teorias da racionalidade por oposição às emoções.
Tudo está no cérebro, mesmo os sentimentos. E estando no cérebro está no corpo. Não há instinto por oposição à razão. É tudo a mesma coisa, faces da mesma moeda. É tudo memória emocional.
António Damásio está aí com mais um livro para ler: O Livro da Consciência, e diz que a maior novidade que traz é o que diz "sobre o tronco cerebral e sobre a fusão, literalmente, do corpo e do cérebro, que são as duas caras da mesma moeda".
Sócrates acha que o problema do país e a crise soberana é uma questão de marketing! Por isso acha que o problema se resolve enviando mensagens optimistas aos mercados.
Assim temos sempre um ridículo porta-voz a falar no estrangeiro de um país imaginário....
Abaixo a tirania do marketing!
Nunca partilhei da indignação em relação aos ordenados dos gestores. Pois acho que cada um deve ganhar em função do seu mérito intelectual e dos riscos que corre. E por isso se um gestor é bom, deve ser bem pago. Ponto final.
Mas sempre achei que muitos chefes é sinal de má gestão e há muitos chefes nas empresas públicas. Não só o Estado tem empresas a mais, que não devia ter, como em cada uma há muitos lugares de chefia...
Perante esta constatação, há outra coisa que não consigo perceber: havendo tantos lugares de chefia para preencher pelo Governo, para que precisam ainda das empresas privadas para lá porem os "camaradas". Notícia de hoje: Armando Vara é o presidente do Conselho de Administração da cimenteira Camargo Corrêa para África. Camargo aquela que comprou um terço da Cimpor.
Jorge Coelho na Mota Engil; Castro Guerra na Cimpor; Mário Lino que acabou no conselho fiscal dos seguros da CGD, depois de andar a ser impingido ora para a REN, ora para a Cimpor.
Não fiz uma investigação exaustiva, mas parece sair daqui que o Governo tem uma preocupação: diminuir o desemprego dos seus aliados.
Talvez isso explique estas afirmações de hoje da oposição:
A CP - Comboios de Portugal tem, "em média, um chefe por cada 16
funcionários, com uma massa salarial média que atinge os 3500 euros
por cada um destes chefes -- e os chefes são 186".
"Já sabíamos o que se passava na TAP, porque essa informação foi
dada ao Parlamento, também ao PSD: 171 chefes, com uma média mensal
de 4400 euros. E também sabemos o que se passa na REFER: 158 chefes,
com uma massa salarial média de 6316 euros".
A boa notícia é que há muito para cortar na despesa pública. Força com a tesoura.